Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 97

CONCRETO & Construções | 97
torna-se difícil e complexa pela gran-
de quantidade de variáveis envolvidas
no processo de inspeção e análise de
resultados. As dificuldades e a não
mensuração das principais variáveis
levam a se cometer importantes erros,
que podem conduzir a incorretas inter-
pretações ou a diagnósticos equivoca-
dos. Uma das principais dificuldades
na aplicação da termografia é a defini-
ção do momento do dia (ou da noite)
para a realização da inspeção. Esta
dificuldade é devida ao fluxo térmico,
o qual não é controlado nas medições
em campo (termografia passiva). A for-
ma e o momento em que aparecerá o
defeito dependerá do sentido e mag-
nitude do fluxo de calor [3]. Na figura
8, mostram-se as imagens térmicas
de uma fachada com presença de um
destacamento na placa cerâmica. A
imagem térmica da esquerda (Fig. 8-a)
foi realizada no começo da manhã e
a imagem térmica da direita (Fig. 8-b),
no início da noite. Note-se que, na ma-
nhã, o mesmo defeito aparece como
uma zona mais quente e, pela noite,
como uma zona mais fria. O diagnós-
tico, portanto, não é evidente a partir
de uma simples observação direta do
termograma, mas da análise do fluxo
térmico e da adequação de critérios
para identificação das patologias [5].
Seguramente, entre os dois momen-
tos das imagens da Figura 8 ocorre
um momento em que o defeito não é
identificável no termograma, ou seja,
ele tem a mesma temperatura da re-
gião circunvizinha [3].
A reflexão é outra das dificulda-
des da termografia, principalmente
nas medições em campo. Materiais
e elementos de construção com aca-
bamentos muito lisos e com brilho
refletem a radiação infravermelha de
outros corpos (edifícios vizinhos, ve-
ículos, instalações e redes elétricas,
dentre outros), causando uma inter-
pretação incorreta dos termogramas.
Por isso, o termografista deve ser ex-
periente para eleger cuidadosamente
a posição da qual irá fazer a aquisição
do termograma, para evitar as refle-
xões. Além disso, deve saber identi-
ficar na imagem térmica a ocorrência
deste problema. Este problema nas
avaliações de fachadas de edifícios
(reflexão) é muito frequente, principal-
mente quando os estudos são feitos
sobre uma forte incidência solar, po-
dendo limitar a aplicação da técnica.
Na figura 9, pode ser observada uma
situação de grande reflexão em edifí-
cios. Observa-se a reflexão da torre
do prédio da esquerda (que não era
objeto de análise) na imagem termo-
gráfica do prédio da direita (objeto
alvo). Na região onde se identifica a
reflexão (A), aparecem falsos valores
de temperaturas no termograma, nes-
te caso, superiores aos reais.
O ângulo e a geometria do alvo são
outras dificuldades que se apresentam
na realização das inspeções termográ-
ficas. Os valores de temperaturas em
zonas com ângulo muitos altos (>45°)
e superfícies arredondadas apresen-
tam falsos valores de temperatura nos
termogramas. Na figura 10, pode-se
observar este problema. Note-se que o
canto esquerdo da fachada tem forma
arredondada e que o ângulo, no qual
foi feita a imagem em relação à parte
superior do edifício, é alto. Por esses
motivos, os valores de temperatura
nessa área (A) aparecem menores ao
que realmente são.
Outra dificuldade nas inspeções
termográficas é a presença de ma-
teriais e elementos de composição
u
Figura 9
Problemas da reflexão em
termogramas de fachadas
de edifícios
u
Figura 10
Problemas com o ângulo da
aquisição do termograma e
geometria do alvo
u
Figura 8
Visualização de um destacamento em diferentes horários do dia [5]
Inspeção efetuada pela manhã
a
Inspeção efetuada pela noite
b
1...,87,88,89,90,91,92,93,94,95,96 98,99,100,101,102,103,104,105,106,107,...132
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