Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 98

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diferente (metais, polímeros, dentre
outros) e também com textura super-
ficial dieferenciada na fachada (lisos,
rugosos, polidos). Nestes casos, o va-
lor da emissividade é diferente, obvia-
mente em função da natureza de cada
material, o que pode levar a incorretas
interpretações dos termogramas caso
não se busque corrigir essa informa-
ção na análise. Pela utilização de um
único valor de emissividade na análise
da imagem térmica, podem aparecer
zonas quentes ou zonas frias geradas
pelos erros na emissividade, tornando
difícil a análises para a determinação
de anomalias. Este problema pode ser
observado na figura 11, corresponden-
te à imagem térmica de uma fachada
no horário da manhã, onde aparecem
zonas muitos quentes não reais, pos-
sivelmente geradas pelos menores
valores de emissividades desses ma-
teriais (polímeros constituintes dos tol-
dos na imagem).
O ângulo, os diferentes tipos de
materiais e a textura superficial cau-
sam alterações da emissividade, a
qual é considerada uma das variá-
veis de maior importância na obten-
ção dos termogramas. Outras variá-
veis mensuráveis em campo, como a
temperatura ambiente, a temperatura
aparente refletida e a distância, quan-
do desconsideradas ou somente es-
timadas, levam a erros significativos
nos valores de temperatura e posterior
interpretação dos termogramas. A uti-
lização de valores incorretos desses
parâmetros pode gerar grandes dife-
renças de temperatura comparadas
com o valor real. Em estudos recentes
foram quantificadas estas diferenças
em revestimento com placas cerâmi-
cas e revestimentos em argamassa
[4], comprovando-se que os maiores
erros aparecem quando são utilizados
valores incorretos de emissividades e
quanto maior for a temperatura média
da superfície estudada.
5. CONCLUSÕES
Após a análise das potencialidades
e limitações da termografia infraverme-
lha aplicada ao estudo de manifesta-
ções patológicas de edificações, pode-
-se concluir que:
u
Para este tipo de estudo, é neces-
sário ter formação de termografis-
ta e uma forte base teórica sobre
termografia para a realização das
inspeções e posterior análise dos
resultados dada a quantidade de
variáveis e dificuldades que apre-
senta a aplicação desta técnica;
u
Com a termografia infravermelha,
pode-se detectar somente patolo-
gias superficiais ou anomalias perto
da superfície associadas a modifi-
cações mensuráveis das caracterís-
ticas térmicas, como destacamen-
tos, fissuras e umidades;
u
As principais dificuldades da aplica-
ção da termografia infravermelha es-
tão relacionadas com o fluxo de calor
e a reflexão; é fundamental a mensu-
ração das variáveis, como a emissivi-
dade, temperatura aparente refletida,
umidade relativa e distância;
u
Em função da rapidez e versatilida-
de na aquisição das imagens, a ins-
peção termográfica é uma técnica
de inspeção de grande potenciali-
dade, desde que corretamente efe-
tuada e adequadamente analisada;
vários fenômenos de degradação
podem ser monitorados e quantifi-
cados; também o mapeamento de
anomalias pode ser muito agilizado
com o emprego da termografia.
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u
R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
u
Figura 11
Imagem térmica de uma fachada
com diversos materiais
1...,88,89,90,91,92,93,94,95,96,97 99,100,101,102,103,104,105,106,107,108,...132
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