94  |  CONCRETO & Construções
        
        
          anomalias internas aos materiais (de-
        
        
          feitos), porque a presença de defeitos
        
        
          causa uma resistência térmica, influen-
        
        
          ciando o transporte de calor no ma-
        
        
          terial, que pode ser detectada na su-
        
        
          perfície [2]. A abordagem é  similar ao
        
        
          que acontece no ensaio de ultrassom,
        
        
          onde a velocidade de onda muda pela
        
        
          presença de defeitos internos dentro
        
        
          do elemento. No caso da inspeção ter-
        
        
          mográfica, os defeitos também causam
        
        
          uma perturbação, só que no fluxo de
        
        
          calor (entre o elemento e o meio am-
        
        
          biente). Essa perturbação gera peque-
        
        
          nas diferenças de temperatura que são
        
        
          identificadas na superfície permitindo a
        
        
          identificação e análise das anomalias.
        
        
          Embora possam ser detectadas ano-
        
        
          malias internas, a termografia de infra-
        
        
          vermelho é considerada, em geral, uma
        
        
          técnica superficial, já que as anomalias
        
        
          que podem ser facilmente identificadas
        
        
          são as que ficam próximas da superfície.
        
        
          O resultado da medição termográ-
        
        
          fica é a distribuição da temperatura em
        
        
          um plano em tempo real (termograma).
        
        
          É necessário conhecer ou determinar
        
        
          vários parâmetros termográficos, os
        
        
          quais são tratados pelos algoritmos es-
        
        
          pecíficos do equipamento, de modo a
        
        
          se ter a adequada precisão das tempe-
        
        
          raturas apresentadas no termograma.
        
        
          Regiões com temperaturas diferentes
        
        
          em um termograma são resultado da
        
        
          presença de heterogeneidades na su-
        
        
          perfície ou perto dela ou resultado de
        
        
          ações recentes. Na figura 1, pode-se
        
        
          observar a diferença de temperatura
        
        
          gerada pelo impacto de um esclerôme-
        
        
          tro na superfície do concreto, em uma
        
        
          imagem feita instantes posteriores ao
        
        
          impacto. A energia de impacto eleva a
        
        
          temperatura do ponto instantaneamen-
        
        
          te em cerca de 5º C.
        
        
          A termografia pode ser classificada
        
        
          em ativa ou passiva, de acordo com
        
        
          a metodologia de emprego da técni-
        
        
          ca. Considera-se termografia passiva
        
        
          quando existe um diferencial natural
        
        
          de temperatura entre a amostra (objeto
        
        
          alvo) e o meio no qual se encontra, ou
        
        
          seja, o caso onde não é utilizada uma
        
        
          estimulação térmica artificial para a de-
        
        
          tecção de anomalias. Já para a termo-
        
        
          grafia ativa, um estímulo externo é in-
        
        
          dispensável para induzir os contrastes
        
        
          térmicos na amostra, capazes de iden-
        
        
          tificar falhas ou defeitos [6]. Os estímu-
        
        
          los térmicos empregados podem ser os
        
        
          pulsos, os ciclos de pulsos, os ciclos de
        
        
          calor, a vibro-termografia, entre outros.
        
        
          A obtenção e a correta interpreta-
        
        
          ção dos termogramas vão depender
        
        
          da adequada aquisição da imagem
        
        
          pelo termografista e do conhecimento
        
        
          e mensuração das variáveis envolvi-
        
        
          das nas medições termográficas. É
        
        
          necessário que as análises sejam fei-
        
        
          tas tendo uma base científica sólida
        
        
          sobre termografia.
        
        
          As variáveis termográficas podem
        
        
          ser divididas em dois grupos: as que
        
        
          têm a ver com o equipamento e as re-
        
        
          lacionadas com o alvo. As variáveis re-
        
        
          lacionadas ao equipamento (foco, lente
        
        
          e resolução geométrica) estabelecem
        
        
          o alcance das inspeções, definindo o
        
        
          tamanho das anomalias a serem ana-
        
        
          lisadas e a distância a que pode ser
        
        
          feito o estudo (precisão da imagem). A
        
        
          mensuração das variáveis temperatura
        
        
          ambiente, umidade relativa, tempera-
        
        
          tura aparente refletida e emissividade
        
        
          (associadas ao alvo) vão permitir ob-
        
        
          ter termogramas com os valores reais
        
        
          e precisos das temperaturas. Todas
        
        
          essas variáveis afetam em maior ou
        
        
          menor medida a qualidade dos resul-
        
        
          tados e a sua interpretação; por isso
        
        
          é de muita importância conhecer ou
        
        
          mensurar cada uma delas. Também é
        
        
          necessário que o termografista evite os
        
        
          problemas de reflexão e que respeite
        
        
          os ângulos limites de modo a não indu-
        
        
          zir erros no termograma.
        
        
          
            3. APLICAÇÕES DA
          
        
        
          
            TERMOGRAFIA A PATOLOGIAS
          
        
        
          
            DE EDIFÍCIOS
          
        
        
          A termografia passiva é utilizada em
        
        
          monitoramentos nas áreas de enge-
        
        
          nharia elétrica, metalúrgica, mecânica e
        
        
          de processos, além de ter aplicações
        
        
          na indústria médica e na segurança.
        
        
          u
        
        
          
            Figura 1
          
        
        
          Diferenças de temperaturas geradas pelo impacto do esclerômetro em
        
        
          uma superfície de concreto
        
        
          Imagem digital do impacto
        
        
          do esclerômetro
        
        
          
            a
          
        
        
          Termograma da superfície do concreto
        
        
          após o impacto do esclerômetro
        
        
          
            b