90 | CONCRETO & Construções
variaram de 24.300 à 100.000 Ohm.cm
em todos os pontos. Foi observado que,
mesmo dobrando a distância entre as
estacas de medição, os valores de re-
sistividade apresentaram uma variação
inferior a 5%, sendo que os valores obti-
dos são superiores aos valores propos-
tos pela NACE (2014), caracterizando o
solo como essencialmente não agressi-
vo em todos os pontos determinados,
representando que o solo local apresen-
ta boa resistência ao fluxo iônico. Assim,
como o solo local foi caracterizado como
essencialmente não corrosivo pelo crité-
rio proposto, era esperado que as arma-
duras de espera não apresentassem um
estágio de corrosão acentuado.
3.2 Tipologias de corrosão
verificadas nas armaduras
de espera
Por meio das micrografias foi pos-
sivel observar a presença de pites em
todos os corpos de prova obtidos das
armaduras de espera, conforme obser-
vado pela Figura 2. Os pites tem como
caracteristicas produzir pequenas varia-
ções de massa, porém danos conside-
raveis às seções transversais das bar-
ras, com decréscimos significativos das
propriedades mecânicas delas. Neste
sentido, os pites produzem excentrici-
dades entre o eixo da seção transversal
original da barra e o eixo da seção cor-
roída por pites, sendo que, quanto maior
esta excentricidade, maior o impacto
sobre as propriedades mecânicas das
armaduras. Portanto, embora pequenas
variações de massa possam ser verifica-
das, os pites causam um grave impacto
à durabilidade das estruturas de concre-
to armado, com a consequente redução
de seu desempenho e vida útil.
As armaduras de espera apresen-
taram diferentes produtos de corrosão
aderidos à sua superfície conforme
observado na Figura 3. Neste caso, a
coloração apresentada pelos produtos
de corrosão está associada à forma-
ção de um determinado tipo de óxido,
sendo que colorações mais escuras in-
dicam condições de baixa aeração na
formação dos óxidos e colorações que
tendem ao avermelhado/alaranjado in-
dicam condições de boa aeração. Isto
demonstra que, mesmo presentes em
um mesmo meio corrosivo, diferentes
condições de aeração podem levar à
formação de diferentes produtos de
corrosão; dessa forma, o microambien-
te também pode ser um fator importan-
te para contribuir com a durabilidade
de armaduras enterradas. A determina-
ção química dos produtos de corrosão
encontrados não faz parte do objetivo
deste artigo; portanto, a análise aqui
realizada é qualitativa, baseada nas co-
lorações observadas.
3.3 Velocidades de corrosão
As velocidades de corrosão dos cor-
pos de prova são apresentadas na Figu-
ra 4, onde é possível observar altas velo-
cidades de corrosão segundo o critério
do CEMCO (2001).
As velocidades observadas demons-
tram que, mesmo o solo sendo caracte-
rizado como essencialmente não corro-
sivo pelo critério da resistividade, uma
alta taxa de corrosão das armaduras de
espera foi observada ao longo do perí-
odo em que estas permaneceram en-
terradas. Tal fato pode estar associado
a duas hipóteses. (1) A classificação da
agressividade do solo. Neste caso, uma
classificação unicamente pelo critério da
resistividade pode ser insuficiente, uma
vez que a ação de outros fatores não é
levada em consideração, assim como
uma análise pontual do microambiente
onde as fundações estão presentes, ou,
por outro lado, a classificação proposta
pelo CEMCO (2001) apresenta-se com
valores restritivos. (2) A presença dos
pites observada nas barras tem sua
formação associada a fontes externas
de íons cloreto. Neste caso, deve ser
pontuado que o entorno da área onde
as antigas fundações estavam presen-
tes apresentam edificações construídas;
assim, o uso e descarte no solo de ma-
teriais de limpeza a base de cloro denota
uma potencial fonte externa de íons clo-
reto que contribui para o surgimento dos
pites. Os íons cloreto são responsáveis
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Figura 2
Exemplo de pite observado na
superfície das barras – aumento
de 10x
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Figura 3
Formação de produtos de corrosão de coloração distinta sobre a superfície
das armaduras