Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 80

80 | CONCRETO & Construções
suas versões nacionais estabelecem
critérios para definir o grau de agres-
sividade, com pequenas variações ou
com adoção de normas específicas
complementares, como, por exemplo,
a BS 8500 (inglesa), a Instrucción de
Hormigón Estrutural EHE (espanhola)
e a ACI 318 (norte-americana). A ver-
são de 2015 da ABNT NBR12655 está
bem completa, com inclusão de todos
os agentes agressivos citados em ane-
xo próprio e considerando os mesmos
compostos tratados na EN 206-1.
A Tabela 1, adaptada da ABNT
NBR 12655:2015, mostra os critérios
para classificação do ambiente, em
função dos componentes dissolvidos
na água.
A água do mar é considerada para
efeito do ataque de sulfatos como con-
dição de agressividade moderada, em-
bora o seu conteúdo de SO
4
seja acima
de 1500 ppm, devido ao fato de que a
etringita é solubilizada na presença de
cloretos.
Para solos, as exigências da Tabela
2 são as mais comumente estabeleci-
das, sendo que, no Brasil, a ABNT NBR
12655: 2015 não estabelece exigência
quanto ao grau de acidez do solo, fo-
cando apenas no seu teor de sulfatos.
Para água, a norma Europeia EN-
206 considera os mesmo parâmetros,
com exceção da limitação de resíduos
sólidos para estabelecer o grau de pu-
reza da água. Considera-se bastante
oportuno a norma brasileira ter incluído
esse parâmetro, pois as águas puras
correntes têm forte efeito na lixiviação
dos compostos hidratados da pasta
de cimento. Por outro lado, apesar de
parâmetros idênticos, os valores são
divergentes, sendo a norma brasileira
de maneira geral mais rigorosa; a ex-
ceção são os íons NH
4
+
. Isso se deve
ao fato de que ambas as normas não
estabelecem a limitação em função da
combinação dos cátions (Mg e NH
4
)
com ânions ( cloretos, sulfatos e nitra-
tos), mas sim da limitação isolada de
íons e cátions. Algumas combinações
são mais danosas ao concreto do que
outras. Por exemplo, é conhecido o
fato do sulfato de magnésio ser muito
mais agressivo que o sulfato de só-
dio ou potássio e o sulfato de amônio
ser o mais agressivo de todos. Outro
exemplo são os cloretos, sendo o clo-
reto de magnésio mais agressivo que
o cloreto de sódio. Não fosse sua ação
deletéria de despassivação das arma-
duras, os cloretos até seriam desejá-
veis quando da presença de sulfatos,
pois poderiam impedir o ataque destes
ao concreto.
A Tabela 3 mostra os critérios es-
tabelecidos pela norma europeia EN
206-1 para classificação dos graus de
agressividade.
2. AS RAZÕES DA LIMITAÇÃO
DOS COMPOSTOS
CONSIDERADOS AGRESSIVOS
AO CONCRETO
2.1 Por que limitar os Sulfatos?
O ataque da pasta de cimento por
águas sulfatadas é bastante conhe-
cido e, se medidas preventivas não
forem tomadas, pode ocorrer o com-
prometimento da obra decorrente da
expansão causada pela formação de
componentes deletérios.
Embora o mecanismo efetivo do
u
Tabela 1 – Grau de agressividade em função dos compostos dissolvidos na água
Condições
de exposição
em função da
agressividade
pH
CO
2
agressivo
mg/L
Íon magnésio
mg/L
Íon amônia
mg/L
Resíduo sólido
mg/L
Sulfato solúvel
(SO
4
)
mg/L
Fraca
7 a 6
< 30
< 100
< 100
> 150
0 a 150
Moderada
6 a 5,5
30 - 45
100 - 200
100 - 150
150 a 50
150 a 1.500
Severa
< 5,5
> 45
> 200
> 150
< 50
Acima de 1.500
Fonte: Adaptação da ABNT NBR 12655:2015
u
Tabela 2 – Grau de agressividade em função das características do solo
Condições
de exposição
em função da
agressividade
Norma Europeia EN 206-1
ABNT NBR12655
Grau de acidez
BAUMANN-GULLY
(ml/kg)
Sulfato solúvel em
ácido (SO
4
) no solo
% em massa
Sulfato solúvel em
água (SO
4
) no solo
% em massa
Fraca
> 200
0,2-0,3
0,00 a 0,10
Moderada
0,3-1,2
0,10 a 0,20
Severa
1,2-2,4
Acima de 0,20
1...,70,71,72,73,74,75,76,77,78,79 81,82,83,84,85,86,87,88,89,90,...132
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