Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 88

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superfícies das estruturas, mas também
acaba levando a uma perda do mono-
litismo entre a armadura e o concreto
e a uma redução da capacidade por-
tante das estruturas, devido à redução
da seção transversal das armaduras
com a concentração de tensões nestes
pontos, que, em casos extremos e de
avançada degradação, podem levar ao
colapso repentino delas.
Embora haja um número expressivo
de pesquisas sobre a corrosão das ar-
maduras, pouco enfoque é dado à cor-
rosão de armaduras em estruturas de
concreto que permanecem em contato
direto com o solo, como no caso das
fundações, reservatórios enterrados ou
semienterrados, estruturas de cascas de
túneis e outras, fato este possivelmente
relacionado às dificuldades de acesso,
inspeção e manutenção dessas estrutu-
ras. A falta de planos de monitoramento,
aliada a uma lacuna de conhecimento
sobre o estado de degradação deste
tipo de estrutura, pode comprometer
seu desempenho, com consequente re-
dução de vida útil.
Desta forma, o presente trabalho
visa contribuir no âmbito da discussão
sobre a durabilidade de armaduras ex-
traídas de um bloco de fundação, exe-
cutado em concreto armado, e de arma-
duras de espera que permaneceram em
contato direto com o solo por 60 anos,
sendo corroídas naturalmente. Assim,
serão discutidos resultados referentes
à agressividade do solo como meio
corrosivo, à verificação da proteção
química oferecida pela solução dos po-
ros do concreto às armaduras no bloco
de fundação, às tipologias, velocidades
e grau de corrosão das armaduras de
espera, e uma análise da resistência ao
escoamento das armaduras de espe-
ra segundo seu grau de corrosão por
meio de ensaios de tração.
Os materiais utilizados nesta pes-
quisa são provenientes de um antigo
conjunto de fundações da denomina-
da Ala Zero do Instituto Tecnológico
de Aeronáutica – ITA, em São José
dos Campos. As fundações destas
edificações eram compostas por esta-
cas, blocos de fundação e armaduras
de espera, que foram executadas na
década de 50, porém, devido à im-
possibilidade de continuar as obras na
época, essas armaduras permanece-
ram enterradas por um período de 60
anos. No ano de 2008, este conjunto
de fundações foi desenterrado para
avaliar a possibilidade de seu uso na
retomada das obras, porém, devido ao
estado de degradação destes elemen-
tos, essa possibilidade foi descartada
e novas fundações foram executadas
para a continuidade das obras, sendo
as armaduras de espera e as armadu-
ras de um dos blocos de fundação co-
letadas para pesquisas.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Avaliação da agressividade do
solo por meio da resistividade
O solo é reconhecidamente um dos
principais e mais complexos meios cor-
rosivos, tendo em vista a atuação de
diversos fatores, como a resistividade,
pH, atividade de microrganismos, umi-
dade, aeração, entre outros. Sob esta
perspectiva, a resistividade do solo é
apresentada na literatura como uma
alternativa para avaliar a corrosão de
metais em contato direto com o solo.
Desta forma, a Tabela 1 apresenta os
valores de resistividade e sua correlação
com a agressividade do solo segundo
National Association of Corrosion
Engineers – NACE (2014)
, sendo estes
os critérios utilizados nesta pesquisa.
Para avaliar a resistividade do solo
foi utilizado um terrômetro analógico
,
sendo escolhidos cinco pontos na área
Detalhe da fundação
u
Tabela 1 – Agressividade do solo segundo sua resistividade (NACE, 2014)
Resistividade do solo (
Ω
.cm)
Índice de agressividade
>20000
Essencialmente não corrosivo
10000 a 20000
Moderadamente agressivo
5000 a 10000
Moderadamente corrosivo
3000 a 5000
Corrosivo
1000 a 3000
Altamente corrosivo
< 1000
Extremamente corrosivo
1...,78,79,80,81,82,83,84,85,86,87 89,90,91,92,93,94,95,96,97,98,...132
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