Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 89

CONCRETO & Construções | 89
onde as fundações estavam presentes
(R1-R5) em função do tamanho da área.
Foram feitas duas medidas em cada um
dos pontos, variando a distância das es-
tacas do terrômetro em 5 e 10 metros.
2.2 Armaduras do Bloco
de Fundação
As armaduras tomadas dos blocos
de fundação visaram à obtenção de cor-
pos de prova para o ensaio de tração,
cujas propriedades mecânicas fossem
utilizadas como parâmetro referencial
para comparações junto às proprie-
dades mecânicas obtidas a partir das
armaduras de espera corroídas natu-
ralmente pelo solo. Esta premissa sur-
ge tendo em vista a proteção química
oferecida pela solução alcalina presente
nos poros do concreto, que propiciam
a formação do filme de passivação que
reveste a armadura. Com o objetivo de
validar esta hipótese, uma solução de
Fenolftaleína foi preparada e pulveriza-
da sobre o concreto recém-fraturado no
ato da extração das armaduras do bloco
de fundação, segundo prescreve a reco-
mendação da EN-14630 (2006).
A coloração rosa/carmim observa-
da imediatamente após a pulverização
da solução é mostrada na Figura 1,
atestando que o concreto do bloco de
fundação mostrou-se como um meio
protetor às armaduras frente à corro-
são sob uma perspectiva da alcalini-
dade, permitindo, assim, utilizar as
propriedades mecânicas dos corpos
de prova tomados a partir destas ar-
maduras como referência.
Das armaduras presentes no blo-
co de fundação foram extraídos cinco
corpos de prova (BL1 – BL5) com diâ-
metro original de 15,88 mm, aptos ao
ensaio de tração.
2.3 Armaduras de espera
A tipologia, a velocidade e o grau
de corrosão das armaduras de espera
foram avaliadas a partir de corpos de
prova extraídos delas. Neste caso, fo-
ram analisados vinte corpos de prova
com diâmetro original de 15,88 mm
segundo os projetos originais de fun-
dação (PB1- PB20). Estes corpos de
prova foram primeiro submetidos a um
procedimento de decapagem química
segundo a Norma ASTM G1 (2003),
para a remoção dos produtos de cor-
rosão aderidos à sua superfície. Após
isso, micrografias com aumento de 10x
foram obtidas com um microscópio
digital visando detectar a presença de
corrosão por pites ao longo deles.
Para a determinação da velocidade
de corrosão, a menor seção transversal
dos corpos de prova foi medida com uso
de um micrômetro dotado de ponteiras
cônicas com precisão de 0,004 mm,
sendo feitas, no mínimo, trinta medidas
ao longo do comprimento dos corpos de
prova. A velocidade de corrosão foi cal-
culada através da Equação 1, sendo V
corr
a velocidade de corrosão (mm/ano), DC
x
a menor seção transversal da barra (mm)
e n o número de anos em que a armadura
permaneceu enterrada (igual a 60 anos).
Segundo CEMCO (2001), um valor aci-
ma de 0,01 mm/ano indica uma alta taxa
de corrosão.
[1]
2
x
corr
DC
V
n
æ
ö
ç
÷
è
ø
=
O grau de corrosão dos corpos de
prova (G
c
) foi determinado através da
Equação 2, onde M
0
corresponde a mas-
sa do corpo de prova não corroído e M
c
,
à massa do corpo de prova corroído. A
massa M
0
foi calculada segundo o pro-
duto entre o diâmetro original das barras,
obtido através do projeto das antigas fun-
dações (
φ
= 15,88 mm), o peso específi-
co das barras, definido pelas normas da
época como 7,850 x 10
-6
kg/mm³ (NB1,
1940*), e o comprimento dos corpos de
prova emmilímetros. A massa M
c
foi obti-
da diretamente através da pesagem dos
corpos de prova em uma balança com
precisão de 0,01 gramas.
[2]
( )
0
%
*100
c
c
c
M M
G
M
-
=
2.4 Ensaio de tração
Os corpos de prova foram subme-
tidos a um ensaio de tração em uma
máquina universal com capacidade de
20000 kgf. Os resultados de resistência
ao escoamento foram analisados, sen-
do que o valor médio obtido dos corpos
de prova provenientes das armaduras
presentes no bloco de fundação foi utili-
zado como referência para fins compa-
rativos com as propriedades dos corpos
de prova das armaduras de espera,
conforme justificativa já discutida.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Resistividade do solo
Os valores de resistividade do solo
u
Figura 1
Verificação da alcalinidade que
envolve as armaduras no bloco
de fundação
* N
ota
: A
tualmente
,
após
diversos
processos
de
revisão
,
trata
-
se
da
ABNT NBR 6118:2014 P
rojeto
de
estruturas
de
concreto
1...,79,80,81,82,83,84,85,86,87,88 90,91,92,93,94,95,96,97,98,99,...132
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