Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 102

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fissuração, diminuindo o espaçamento,
o que pode ser prejudicial pelo potencial
de intersecção de fissuras. Entretanto,
altas taxas também provêm uma aber-
tura de fissuras mínima. No início dos
anos 1990, houve uma mudança no
foco das análises de desempenho do
PCCA; anteriormente, todo o dimensio-
namento era baseado no espaçamento
de fissuras (ideal de 0,9 a 2,4 m); com
isso, as taxas ficavam entre 0,5 e 0,6%;
porém, observou-se que, embora as
fissuras estivessem mais bem espaça-
das, a transferência de carga entre elas
era pouco satisfatória, levando ao acú-
mulo de tensões na placa e causando o
aparecimento de fissuras longitudinais
por fadiga. Passou-se, então, a focar o
projeto na abertura da fissura (máxima
de 1 mm) e na utilização de taxas mais
altas (entre 0,7 e 0,8%).
A posição da armadura longitudinal
também é muito discutida. Sabe-se
que, quanto mais perto da superfície,
mais apertadas ficam as fissuras e me-
lhor é a transferência de carga entre
elas. Todavia, normas internacionais
regulam um cobrimento mínimo de 76
mm para evitar a corrosão da armadura
pela infiltração de água. Em relação à
perda da seção da armadura pela oxi-
dação, alguns estudos se empenharam
em quantificar tal perda pelo tempo
de serviço do pavimento. A conclusão
da grande maioria deles é que, devi-
do à pequena abertura das fissuras, o
PCCA não sofre corrosão da armadu-
ra; em dados de pavimentos de mais
de 20 anos de operação na Holanda e
Bélgica, a perda média da seção foi de
menos de 0,04%, ou seja, irrisória. No
projeto aqui descrito, a profundidade
da armadura está a 100 mm da super-
fície, 20 mm da meia altura da placa.
Segundo alguns estudos, bases as-
fálticas apresentam um melhor desem-
penho do que bases granulares e em
concreto para o PCCA pelo baixo poten-
cial de erosão que elas apresentam. Por
isso, deliberou-se pelo uso do material
asfáltico como base em todas as seções;
a camada possui 60 mm de espessura.
Devido à fissuração ocorrer pela re-
tração do concreto, o processo de cura
no PCCA é bastante importante. Alguns
estudos aconselham a execução da con-
cretagem ao final do dia ou à noite para
evitar uma rápida secagem da massa de
concreto. Em geral, as especificações in-
ternacionais limitam a execução da placa
de PCCA entre temperaturas de 10 e 32
ºC. O umedecimento da base asfáltica
aliada à utilização de compostos quími-
cos de cura e mantas úmidas na placa
também são apontados como proce-
dimentos adequados de cura. No caso
das seções experimentais aqui descri-
tas, utilizou-se manta úmida durante os
primeiros dias após a concretagem. Na
Figura 2, são apresentados os dados de
temperatura e umidade relativa do ar du-
rante o mês de construção. Nota-se que
as seções 3 e 4 sofreram variações de
temperatura nos dias seguintes à cons-
trução muito mais severas do que as se-
ções 1 e 2. Supõe-se que este fato ajude
a explicar o menor número de fissuras
visíveis na superfície nas seções 1 e 2. A
Figura 3 traz o resumo geral do projeto
das seções experimentais.
As imagens das Figuras 4 e 5 mos-
tram detalhes do processo construti-
u
Tabela 2 – Parâmetros obtidos com corpos de prova moldados durante
a concretagem
Seção
Resistência
à compressão* (MPa)
Módulo de ruptura*
(MPa)
Módulo de
elasticidade**
(MPa)
2
38.4
5.02
21,526 / 28,614 / 28,350
3
34.5
4
29.5
* Valores médios; ** Valores individuais.
u
Figura 2
Dados climáticos do mês de construção
1...,92,93,94,95,96,97,98,99,100,101 103,104,105,106,107,108,109,110,111,112,...132
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