 
          CONCRETO & Construções  |  Ed. 94 |  Abr – Jun • 2019  |   45
        
        
          Esses vãos poderiam ser isostáticos,
        
        
          mas melhor que fossem contínuos para
        
        
          vencer com mais rigidez esses vãos.
        
        
          Fazendo, com base nos estudos
        
        
          efetivamente feitos ao longo do proces-
        
        
          so, uma discussão de preços e prazos,
        
        
          pode-se afirmar que:
        
        
          u
        
        
          Em termos de custo, como a demo-
        
        
          lição custa uma parte significativa da
        
        
          construção de uma nova, o custo to-
        
        
          tal seria o dobro do que a prefeitura
        
        
          previu para o contrato de emergên-
        
        
          cia – 30 milhões em 6 meses;
        
        
          u
        
        
          Em termos de prazo, a avaliação fei-
        
        
          ta mostrou que o processo demora-
        
        
          ria algo em torno de 1,5 anos.
        
        
          Como a obra foi recuperada em
        
        
          quatro meses e o preço final não deve
        
        
          passar da metade do previsto no con-
        
        
          trato, a conclusão a que se chega é
        
        
          que tanto preço como prazo seriam da
        
        
          ordem de quatro vezes maiores.
        
        
          
            5.2 A ideia de criar uma série de
          
        
        
          
            apoios intermediários ao
          
        
        
          
            longo do vão que cedeu
          
        
        
          Essa alternativa foi proposta na im-
        
        
          prensa e corresponde a criar um apoio
        
        
          de cada lado do viaduto, a cada duas
        
        
          transversinas, isto é, cada 10 m, resultan-
        
        
          do em 4 apoios novos de cada lado do
        
        
          primeiro vão, fora da projeção do viaduto.
        
        
          Esses apoios seriam executados so-
        
        
          bre blocos fundados em estacas raiz, com
        
        
          rapidez e, após o macaqueamento, se
        
        
          passariam, sob o viaduto, vigas capazes
        
        
          de suportar a carga total do viaduto, re-
        
        
          tirando o cimbramento que interfere dire-
        
        
          tamente com elas. Essas vigas poderiam
        
        
          ser metálicas para agilizar a sua instalação.
        
        
          Finalmente, se aliviaria o conjunto
        
        
          de macacos através do macaqueamen-
        
        
          to de quatro outros conjuntos sobre
        
        
          as quatro vigas citadas. Isso permitiria
        
        
          equalizar as cargas nas quatro vigas.
        
        
          Retirados  todos os macacos e o
        
        
          cimbramento remanescente, a obra
        
        
          poderia ser liberada.
        
        
          Essa solução apresenta, no entan-
        
        
          to, dois problemas sérios:
        
        
          u
        
        
          Um problema arquitetônico. As
        
        
          soluções para a cidade precisam
        
        
          sempre procurar soluções estetica-
        
        
          mente coerentes com a cidade e in-
        
        
          clusive, às vezes, gastar um pouco
        
        
          mais para fazer alguns monumen-
        
        
          tos, como a ponte estaiada sobre
        
        
          o Pinheiros na Av. Roberto Marinho.
        
        
          Não é possível aceitar, do ponto de
        
        
          vista arquitetônico, esses dois con-
        
        
          juntos de apoios cada 10 m, de um
        
        
          e do outro lado do primeiro vão;
        
        
          u
        
        
          Um problema estrutural. Como ter-
        
        
          -se-ia praticamente anulado os esfor-
        
        
          ços no vão que cedeu ao levantá-lo
        
        
          cada 10 m de forma aproximada-
        
        
          mente uniforme, a protensão atuaria
        
        
          sozinha e provavelmente romperia o
        
        
          tabuleiro em alguns lugares. Costu-
        
        
          ma-se chamar isso de protensão no
        
        
          vazio, sem esforços a compensar.
        
        
          Para eliminar esse problema, seria ne-
        
        
          cessário, ao longo desse segundo maca-
        
        
          queamento, aliviar a protensão atual do
        
        
          tabuleiro, operação delicada. É claro que
        
        
          poder-se-ia reduzir o número de apoios
        
        
          externos para dois ou mesmo um, cami-
        
        
          nhando para a solução adotada, apoio
        
        
          apenas no P9, mas continuar-se-ia com
        
        
          uma solução arquitetônica inaceitável.
        
        
          Ao final da aplicação dessa solução
        
        
          ter-se-ia uma obra inaceitável arquiteto-
        
        
          nicamente, com prazo e preço maiores
        
        
          que os da solução executada.
        
        
          
            6. CONCLUSÃO
          
        
        
          Este artigo mostrou os detalhes da
        
        
          análise, a procura do diagnóstico, a pro-
        
        
          posta de soluções e a efetiva execução
        
        
          da recuperação do viaduto em ques-
        
        
          tão. O resultado das análises e discus-
        
        
          sões mostra que, tanto na tentativa de
        
        
          definir o diagnóstico, como na de dar
        
        
          uma solução para um problema como
        
        
          este em tela, é possível trabalhar com
        
        
          ética e chegar em solução ótima do
        
        
          ponto de vista econômico e de tempo
        
        
          de execução (reduzindo o tempo dos
        
        
          transtornos e prejuízos). Essa postura
        
        
          de respeito à população, que, por ser
        
        
          leiga, não entende direito o que está
        
        
          se passando, contribui para melhorar o
        
        
          reconhecimento e avaliação positiva da
        
        
          Engenharia, tão sofrida nos últimos tem-
        
        
          pos, primeiro pela crise e agora por essa
        
        
          sequência de acidentes em barragens e
        
        
          obras de arte.
        
        
          É claro, que tanto para o diagnósti-
        
        
          co quanto para a solução do problema,
        
        
          é teoricamente possível que existam
        
        
          ideias melhores que as aqui utilizadas,
        
        
          mas que não foi possível visualizá-las
        
        
          no reduzido prazo para a tomada das
        
        
          decisões. O avanço da Engenharia
        
        
          trará novas ideias como sempre e em
        
        
          todos os campos do conhecimento.
        
        
          u
        
        
          
            Figura 19
          
        
        
          Esquema de reconstrução com vigas pré-moldadas
        
        
          u
        
        
          
            Figura 20
          
        
        
          Esquema de reconstrução com solução mista