 
          40  |  CONCRETO & Construções  |  Ed. 94  |  Abr – Jun • 2019
        
        
          diz na linguagem de obra, 4 e 3 litros,
        
        
          totalizando 7 litros.
        
        
          Esse é claramente um possível “de-
        
        
          feito oculto” que poderia ter agravado
        
        
          a condição da lingueta e contribuído
        
        
          para o acidente. Esse acabou sendo
        
        
          o diagnóstico.
        
        
          
            3. HISTÓRICO DAS ATIVIDADES
          
        
        
          
            MAIS IMPORTANTES
          
        
        
          
            3.1 Decisões tomadas
          
        
        
          Feita a inspeção no dia 15 de no-
        
        
          vembro, foram observados os seguin-
        
        
          tes problemas e tomadas as seguin-
        
        
          tes medidas:
        
        
          u
        
        
          Lingueta rompida? Por que? A res-
        
        
          posta a essa pergunta, como visto
        
        
          acima, demorou;
        
        
          u
        
        
          Seção transversal danificada a 10 m
        
        
          do apoio contínuo sobre o P8.
        
        
          Fissuras grandes na laje superior,
        
        
          de até 5 mm, que atravessaram o
        
        
          asfalto e esmagamento da laje de
        
        
          fundo. Decisão imediata: escorar os
        
        
          vãos P9 a P8 e P8 a P7;
        
        
          u
        
        
          Em função de existência de lingueta
        
        
          equivalente à do P9, escorar trecho
        
        
          próximo ao P5, na outra extremida-
        
        
          de da estrutura.
        
        
          Ok, mas porque cimbrar?
        
        
          Engenharia, especialmente de es-
        
        
          truturas, é sempre uma atividade que
        
        
          contém um risco técnico razoável, mas
        
        
          esse risco cresce consideravelmente
        
        
          quando se deve recuperar uma obra
        
        
          que sofreu um colapso parcial.
        
        
          No nosso caso, ao chegar à obra, a
        
        
          primeira reação foi escorar. Mas onde?
        
        
          De fato, o terreno ali é mole nos primei-
        
        
          ros 8 a10 m, mas a obra foi cimbrada
        
        
          quando da sua execução! Foi então que
        
        
          se descobriu a laje que havia a pouco
        
        
          mais de 1 m  de profundidade, constru-
        
        
          ída quando da execução da obra. Ela
        
        
          daria a segurança adequada ao cimbra-
        
        
          mento. É lógico que a carga não se dis-
        
        
          tribuiria de forma uniforme pelo cimbra-
        
        
          mento, mas como foi executado com
        
        
          folga, teria capacidade de fornecer a
        
        
          reação adicional eventualmente neces-
        
        
          sária para estabilizar a obra e bem mais
        
        
          concentrada na região próxima do P9.
        
        
          Assim mesmo, a atividade de cim-
        
        
          brar continha risco. Foi montado, en-
        
        
          tão, um esquema de alarme, em que
        
        
          alguns elementos-chave, ao sinal de al-
        
        
          gum movimento da estrutura, apitavam
        
        
          e todos se retiravam para fora da região
        
        
          embaixo da obra.
        
        
          Só para dar uma ideia, logo no início
        
        
          do escoramento, um engenheiro conhe-
        
        
          cido visitou o local. Ele ficou tão assusta-
        
        
          do com o risco da atividade de cimbrar
        
        
          que deu um alarme e pôs medo nos tra-
        
        
          balhadores. Foi preciso que os engenhei-
        
        
          ros responsáveis ficassem sob a obra
        
        
          para que eles voltassem ao trabalho.
        
        
          Não seria aceitável, de forma al-
        
        
          guma, executar a recuperação dessa
        
        
          obra sem cimbrar. Cimbrada a obra,
        
        
          ela entrou na UTI, fora de perigo de
        
        
          morrer. Na verdade, não custa repetir,
        
        
          o cimbramento também se fez neces-
        
        
          sário a fim de preservar a via da Com-
        
        
          panhia Paulista de Trens Metropolitanos
        
        
          (CPTM), no caso de evolução dos da-
        
        
          nos ocorridos na ruína.
        
        
          É impressionante como, ao sabor das
        
        
          variações de temperatura e da insolação
        
        
          direta do tabuleiro, ele se movia para os
        
        
          lados e na vertical, gerando um ruído sig-
        
        
          nificativo. As pessoas se assustavam.
        
        
          Como medida de prudência, se de-
        
        
          cidiu solicitar à CPTM que limitasse a
        
        
          velocidade dos trens, limitando assim a
        
        
          vibração submetida ao viaduto, sobre-
        
        
          posta aos efeitos inevitáveis de tempe-
        
        
          ratura. Assim, o cimbramento protege
        
        
          a CPTM e ela, mais devagar, também
        
        
          protege o cimbramento.
        
        
          É importante citar que, ao final do
        
        
          processo, no início do macaqueamen-
        
        
          to, a obra tinha cedido, de um dos la-
        
        
          dos, quase 2 cm a mais e parte do cim-
        
        
          bramento, que tinha as folgas devidas
        
        
          à variação de temperatura sistematica-
        
        
          mente ajustadas, tinha sido carregada
        
        
          de forma significativa, a ponto de difi-
        
        
          cultar o afrouxamento dos forcados.
        
        
          
            3.2 Programa de macaqueamento
          
        
        
          
            do vão que cedeu
          
        
        
          Uma vez cimbrada, o doente estava
        
        
          na UTI.
        
        
          A partir daí, é preciso por a obra no
        
        
          lugar, reconstruir a lingueta e recuperar
        
        
          a seção danificada.
        
        
          São 3 “cirurgias” importantes.
        
        
          3.2.1 P
        
        
          rocedimento para macaqueamento
        
        
          do
        
        
          viaduto
        
        
          ,
        
        
          levantando
        
        
          -
        
        
          o
        
        
          até
        
        
          a
        
        
          cota original
        
        
          Situação a ser garantida para início
        
        
          da operação:
        
        
          u
        
        
          vão que cedeu e seu vizinho
        
        
          escorados;
        
        
          u
        
        
          bloco principal de macaqueamen-
        
        
          to sobre 10 estacas raiz liberado
        
        
          (f
        
        
          ckj
        
        
          > 40 MPa);
        
        
          u
        
        
          montagem da estrutura de reação
        
        
          da Protende, com os macacos ajus-
        
        
          tados ao fundo das almas do caixão;
        
        
          u
        
        
          junta sem contato no topo das duas
        
        
          estruturas, de um lado e outro do P9;
        
        
          u
        
        
          6 LVDTs (
        
        
          Linear Variable Differential
        
        
          Transformer
        
        
          ou Transformador Di-
        
        
          ferencial Variável Linear) instalados
        
        
          nas almas do caixão, na região da
        
        
          fissura do pavimento (Fig. 8). Um na
        
        
          fissura da alma, logo sob a laje su-
        
        
          perior, e outro na parte inferior, logo
        
        
          acima da laje de fundo;
        
        
          u
        
        
          topografia preparada para me-
        
        
          dir o levantamento do tabuleiro,