34 | CONCRETO & Construções | Ed. 94 | Abr – Jun • 2019
IC (na figura
CS – Condition State
) usado
em inspeções em nível de elemento, com
escala exemplificando na figura danos de
desplacamento do concreto, baseado na
profundidade da manifestação patológi-
ca; neste caso CS1 é a melhor condição.
A demarcação da área para seu reparo
(remendo) também é indicada, devendo
constar nos registros de inspeção. Este
procedimento orienta o inspetor de forma
prática e efetiva, minimizando a subjetivi-
dade dos apontamentos.
Regiões mais próximas do impacto
de veículos tendem a apresentar taxas
de deterioração bastante superiores,
diferenciando-se das regiões mais in-
feriores da ponte, sendo importante a
determinação do seu IC individual, con-
forme mostra a Fig. 5. Os elementos de
cada uma dessas partes seguramente
irão apresentar taxas também distintas,
importando a sua quantificação em se-
parado durante as inspeções.
2.3 Módulo de otimização
A otimização é o módulo final do BMS
e objetiva selecionar um programa de
intervenções que ofereça o máximo de
retorno dos benefícios, apoiando-se em
mínimos custos para os administrado-
res e usuários, promovendo assim maior
retorno dos investimentos. A habilidade
para estabelecer prioridades e a melhor
destinação das verbas disponíveis me-
diante um planejamento de curto, médio
e longo prazo é de fato a principal finali-
dade da utilização do BMS. O resultado é
alcançado através de análises multicrité-
rio ou
Multi-Attribute Decision Aid (MADA)
e de análises do custo do ciclo de vida
ou
Life-Cycle Cost Analysis (LCCA)
, es-
pecíficas de cada software, propiciando a
escolha de uma hipótese dentre um con-
junto de várias outras hipóteses possíveis
a partir de diferentes critérios, além da
determinação de graus de importância
associados a cada um desses critérios,
enriquecendo sobremaneira a estratégia
de análise gerencial.
Diversos BMS também possuem
aplicações para avaliação de seguran-
ça das obras, empregando métodos
de confiabilidade estrutural (
Structural
Reliability Methods
), agregando mais
solidez às decisões e se sobrepondo a
critérios habituais com forte viés subjeti-
vo. A Fig. 6 mostra uma janela do sof-
tware
AASHTOWARE BRIDGE (BrM)
,
anteriormente denominado Pontis,
com o retorno das análises realizadas
para um grupo de pontes, apresentan-
do as candidatas às intervenções de
acordo com uma escala de prioridade.
Para cada ponte são sugeridas ações
de
MR&R
(
Maintenance, Repair and
Rehabilitation
) por elemento, sendo pos-
sível verificar, além dos custos, o estado
atual e a estimativa da sua condição após
as intervenções propostas para cada um
de seus componentes, facilmente cons-
tatados através dos gráficos.
3. PROGRAMAS DE GESTÃO
DE PONTES
O desenvolvimento dos BMS
está profundamente associado à
evolução das técnicas de gestão,
as quais são impulsionadas por ini-
ciativas mais abrangentes de geren-
ciamento de pontes. Assim como as
pontes são parte da infraestrutura,
os BMS são parte de um programa
amplo de gestão, com influência dire-
ta nas técnicas de inspeção e avalia-
ção. A
American Association of State
Highway and Transportation Officials
(
AASHTO
), desde a década de 90,
desenvolve diretrizes e BMS próprios
para a uniformização e aperfeiçoa-
mento das técnicas, produzindo inú-
meras contribuições à administração
de estoques de pontes nos Estados
Unidos. Destacadamente na Europa,
a Cooperação Europeia em Ciência
e Tecnologia (COST) fomenta e fi-
nancia pesquisas em diversas áreas.
Baseadas em um determinado pro-
grama, as COST ACTIONS são ini-
ciativas abertas a pesquisadores e
inovadores, colaborando em um cam-
po de ciência e tecnologia de interes-
se comum.
Relativa ao tema, a COST ACTION
TU1406 teve o objetivo principal de
estabelecer as especificações de qua-
lidade para pontes rodoviárias, bem
como a sua normalização em nível
europeu. Nesse contexto, o primeiro
passo da
Cost Action
buscou relacio-
nar recomendações específicas para
a avaliação de pontes rodoviárias, in-
cluindo Indicadores de Desempenho
e Metas de Desempenho. Esta
Cost
Action
reforçou a importância de mo-
delos avançados para a previsão de
deterioração das pontes e ainda es-
tabeleceu o conceito de gestão sus-
tentável, envolvendo a avaliação de
indicadores de desempenho ambien-
tal, econômico e social durante todo o
ciclo de vida da obra.
u
Figura 5
Taxas de deterioração por
partes da estrutura das pontes
da BR-153/SP no trecho
concessionado
Fonte:
Oliveira, 2019
5
4
3
2
1
0
10
Tempo em anos
Estado de condição
20 30
40 50
Global
Laje
Vigamento principal
Mesoestrutura
Pista de acesso