Revista Concreto & Construções - edição 94 - page 24

24 | CONCRETO & Construções | Ed. 94 | Abr – Jun • 2019
u
obras emblemáticas
Ponte Rio-Niterói e seu
programa de manutenção
1. ASPECTOS INICIAIS
Q
uando, em 4 de março de
1876, o então imperador D.
Pedro II assinou o decreto
lei 6138, concedendo oficialmente ao en-
genheiro inglês Hamilton Linday Bucknall
o direito de promover o início de um pro-
cesso visando à edificação de um túnel
sob a Baía de Guanabara, que permitisse
deslocamento ferroviário da população do
Rio de Janeiro para Niterói, e vice versa,
jamais poderia imaginar que exatamente
98 anos depois, em 4 de março de 1974,
a sua iniciativa se tornaria realidade com
a inauguração de uma ponte rodoviária
unindo os dois topônimos e que, à época,
viria a ser a 3
a
maior obra de arte especial
do planeta Terra, atrás apenas das pontes
sobre o Lago Pontchartrain, com 38,00
km, e sobre a Baía de Chesapeake, com
28,00 km, ambas nos Estados Unidos.
Após 45 anos de inaugurada, outras
pontes foram construídas e algumas
suplantaram as marcas anteriormente
indicadas, mas a Ponte Rio-Niterói (Fi-
gura 1), popularmente conhecida, e ofi-
cialmente denominada Ponte Presidente
Costa e Silva, ainda mantém o registro
de ser a maior do Hemisfério Sul.
Curiosamente, merece destaque o dia
4 de março, visto ter estreita sintonia com
a Ponte Rio-Niterói. Não bastassem as
duas indicações manifestadas, esse dia,
em 1968, também configura o momento
em que o Brasil conseguiu o empréstimo
de US$ 80 milhões com o banco inglês
Rotschild & Sons, para iniciar a constru-
ção dessa magnífica obra, mediante a
contrapartida da compra de todo o aço
para a fabricação das estruturas metálicas
do vão central em siderúrgica da Inglater-
ra. A assinatura desse contrato, por parte
do governo brasileiro, foi do engenheiro
Thomas João Larics Landau, então vi-
ce-diretor geral do DNER (Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem).
O pequeno histórico assevera que
a idéia da união das duas cidades, me-
diante uma obra vencendo a Baía de
Guanabara, é secular.
2. O PROJETO
Entre os extremos mais longín-
quos, formados pelas rampas I, do
Acesso Rio de Janeiro, e 8, do Acesso
Niterói, a ponte tem cerca de 14 km
de extensão, com 26,60 m de largura,
distribuídos, basicamente, nos seguin-
tes trechos:
u
Acesso Rio de Janeiro, formado
pelas rampas I, II e IV (Figura 2);
u
Elevado da Avenida Rio de Janei-
ro, segmento em linha reta sobre o
cais portuário;
u
Trecho sobre o mar, com cerca de
8.836,00 m, incluindo os 848,00 m
em estruturas metálicas;
u
Vão principal entre os pilares 99
e 102, formado por uma superes-
trutura metálica em caixões com
mesa superior ortotrópica;
u
Figura 1
O esplendor da Ponte Rio-Niterói, vencendo a Baía de Guanabara,
maior obra de engenharia rodoviária do Brasil
CARLOS HENRIQUE SIQUEIRA – D.S
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