 
          26  |  CONCRETO & Construções  |  Ed. 94  |  Abr – Jun • 2019
        
        
          metálicos com placa superior ortotró-
        
        
          pica, que constituem os canais nave-
        
        
          gáveis, as infra e mesoestruturas são
        
        
          idênticas às do segmento em concre-
        
        
          to, porém os tubulões com camisas
        
        
          metálicas perdidas foram construídos
        
        
          apenas pelo processo Bade-Wirth.
        
        
          Nesse trecho, a superestrutura, em
        
        
          aço originário do Reino Unido, é for-
        
        
          mada por dois caixões em aço regi-
        
        
          dos pelas normas BS 43A, 50 e 55,
        
        
          com uma extensão total de 848,00 m,
        
        
          distribuídos em dois vãos laterais com
        
        
          200,00 m, um vão central com 300,00
        
        
          m, dois trechos bi-apoiados com
        
        
          44,00 m, e dois balanços de 30,00 m.
        
        
          Em princípio formada por asfalto-epó-
        
        
          xi, a pavimentação foi posteriormente
        
        
          substituída por uma laje em concreto
        
        
          de cimento Portland armado em duas
        
        
          direções, ligada à mesa superior por
        
        
          conectores tipo “stud”.
        
        
          O vão central de 300,00 m (Figura 4)
        
        
          ainda se constitui no maior do mundo
        
        
          em viga reta contínua,  em caixões me-
        
        
          tálicos com placa superior ortótropa.
        
        
          
            3. O EXEMPLO MUNDIAL
          
        
        
          
            EM MANUTENÇÃO
          
        
        
          Em 1
        
        
          o
        
        
          de junho de 2015 a Eco-
        
        
          ponte assumiu a concessão da Ponte
        
        
          Rio-Niterói, cujo contrato tem encer-
        
        
          ramento previsto para 31 de maio de
        
        
          2045, portanto 30 anos.
        
        
          Contrariamente ao que muitos pen-
        
        
          sam, apesar das constantes vistorias
        
        
          e manutenções rotineiras e especiais
        
        
          que se processam na ponte, a cada
        
        
          ano ela necessita de mais e mais cui-
        
        
          dados, especialmente por estar loca-
        
        
          lizada em ambiência marinha propor-
        
        
          cionada pela Baía de Guanabara, o
        
        
          que a torna enquadrada no nível III da
        
        
          ABNT NBR 12655, portanto em classe
        
        
          de agressividade ambiental forte.
        
        
          Em fevereiro de 1979, portanto
        
        
          cinco anos após a sua inauguração, o
        
        
          então DNER – Departamento Nacional
        
        
          de Estradas de Rodagem – hoje DNIT
        
        
          – Departamento Nacional de Infraes-
        
        
          trutura de Transportes -, deu início às
        
        
          vistorias da Ponte Rio-Niterói, inicial-
        
        
          mente de forma relativamente simples
        
        
          por conta de não se ter ainda norma
        
        
          brasileira sobre o assunto, ao que se
        
        
          fez uso da experiência da empresa
        
        
          norte-americana HNTB, projetista dos
        
        
          vãos principais.
        
        
          Ao longo desses anos, as inspe-
        
        
          ções e manutenções realizadas na
        
        
          ponte tiveram notórios incrementos
        
        
          (auscultações de cabos protendidos,
        
        
          monitoração de aparelhos de apoio,
        
        
          equipamentos especiais de vistoria,
        
        
          tipos caminhão-lança e caminhão-
        
        
          -passarela MOOG, durabilidade do
        
        
          concreto submerso, verificação de re-
        
        
          sistência à fadiga, ensaios de soldas
        
        
          em microscópio eletrônico de varre-
        
        
          dura, monitoração de juntas coladas,
        
        
          reativação da observação a longo
        
        
          prazo das estruturas de concreto no
        
        
          Trecho sobre o Mar, entre outros), em
        
        
          razão dos quais já há algum tempo
        
        
          são consideradas exemplo em todo
        
        
          o mundo, notadamente em território
        
        
          chinês, onde se teve oportunidade de
        
        
          mostrar como elas são realizadas para
        
        
          um grupo de engenheiros daquele
        
        
          país, durante 11 dias em que se este-
        
        
          ve em Pequim, em 2004, a convite do
        
        
          National Institute of Highway
        
        
          daquele
        
        
          país.
        
        
          Que condicionantes levaram ao
        
        
          ápice os cuidados com a Ponte Rio-
        
        
          -Niterói? O que há de especial que a
        
        
          coloca em patamar superior e reco-
        
        
          nhecida em todo o mundo? Como o
        
        
          título “exemplo mundial na arte de ins-
        
        
          pecionar e manter grandes estruturas”
        
        
          é preservado durante anos a fio?
        
        
          Tudo teve início com a acertada
        
        
          decisão governamental de entregar
        
        
          à iniciativa privada, por meio de con-
        
        
          cessão, a manutenção e a operação
        
        
          da ponte, o que ocorreu no ano de
        
        
          1994. De lá para cá, por força con-
        
        
          tratual em função do PEP – Progra-
        
        
          ma de Exploração da Ponte – o au-
        
        
          mento nos cuidados com essa obra
        
        
          foi exponencial, com a aplicação
        
        
          dos recursos advindos da receita
        
        
          do pedágio. Por conta disso, visto a
        
        
          alegação constante de falta de nu-
        
        
          merário para a manutenção, é fácil
        
        
          imaginar como prejudicadas estariam
        
        
          as condições estruturais, funcionais e
        
        
          de durabilidade da ponte com o con-
        
        
          tinuar da gestão direta pelo governo.
        
        
          A Ponte Rio-Niterói tem cerca de
        
        
          1.400.000 m
        
        
          2
        
        
          de área de concreto a
        
        
          vistoriar acima da linha da água, além
        
        
          de 1138 tubulões em contato direto
        
        
          com ela.
        
        
          As primeiras vistorias subaquáticas
        
        
          datam de 1980, portanto 6 anos após
        
        
          a ponte ter sido inaugurada. Desse
        
        
          ano até hoje, com ênfase após a con-
        
        
          cessão, que leva em conta inspeções
        
        
          submersas (Figura 5) a cada 5 anos,
        
        
          praticamente todos os eixos tiveram
        
        
          tubulões vistoriados, não havendo
        
        
          u
        
        
          
            Figura 4
          
        
        
          A leveza e o esplendor dos vãos
        
        
          metálicos, com seus 300 m de vão
        
        
          livre na unidade central, conservando,
        
        
          ainda hoje, o título de maior do
        
        
          mundo em viga reta contínua
        
        
          com placa superior ortotrópica