Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 101

CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 101
8.2.1.3.2 “
Criteria for mean results
” da
EN 206:2013. Neste caso, o menor va-
lor obtido, para a situação mais desfa-
vorável, com probabilidade de ocorrên-
cia de 10
-8
, foi de 44,1MPa.
4. CONCLUSÕES
O controle de resistência à com-
pressão do concreto preconizado pela
normalização brasileira é muito rigoro-
so e o mais seguro. A amostragem to-
tal a 100% (população), os resultados
são analisados individualmente, sem
tolerâncias, ou seja, todo e qualquer
valor de resistência que esteja inferior
à especificação de projeto será consi-
derado não conforme, por menor que
seja a diferença. Entretanto, apesar de
muito seguro, trata-se de um contro-
le oneroso, pois envolve a moldagem,
manuseio, transporte, cura, retificação
e ruptura de muitos corpos de prova do
concreto de todos os caminhões beto-
neira recebidos em obra (controle por
amostragem total).
Neste caso para esta obra o controle
via ABNT NBR 12655 implicou na molda-
gem e ruptura de cerca de 3.200 corpos
de prova (96 CPs por mês). Segundo o
ACI 318 bastaria moldar e romper 228
CPs (7 CPs por mês) e segundo EN-206,
bastaria 88 CPs (nem 3 CPs por mês).
Nota-se que a metodologia de con-
trole prescrita pelo ACI 318 e EN 206 é
muito mais branda, quando comparada
aos critérios da norma brasileira. Nessas
normas, o controle sempre é realizado
por amostragem parcial leve, são esta-
belecidas tolerâncias para os valores in-
dividuais de resistência à compressão e,
além disso, também se aplica o concei-
to da média de resultados consecutivos
como critério de aceitação.
Na opinião dos autores deste artigo
os critérios de aceitação e conformida-
de preconizados pela ABNT NBR 12655
são muito rigorosos e caberia flexibilizar
o valor de resultados individuais dentro
de uma margem de até 0,9 f
ck
. Por outro
lado, o critério de amostragem adotado
no Brasil se coloca a favor da segurança
e na opinião destes autores, apesar de
oneroso, deve ser mantido como está,
ou seja, amostragem a 100%.
Neste estudo de caso, os resultados
obtidos por meio do controle tecnológico
prescrito pela ABNT NBR 12655 aponta-
ram para um índice de não conformidade
de 11 vezes em aproximadamente 1.600
caminhões betoneira (0,7%). Essa não
conformidade “insignificante” gerou con-
sultas ao projetista, desgastes entre os
intervenientes e revisões de projeto ab-
solutamente desnecessárias. Em contra-
partida, os mesmos resultados, quando
analisados à luz das metodologias pres-
critas pelo ACI 318 e EN 206 , indicaram
um índice de não conformidade nulo ou
zero, como de fato deveria ser.
Adotar a flexibilização, aceitando
alguns poucos valores individuais de
até 0,9 f
ck
como conformes, certamen-
te impactaria de maneira positiva no
processo de produção, minimizando
possíveis custos, retrabalhos, revisões
de projeto, atrasos em cronogramas de
obra e desgastes desnecessários entre
os intervenientes da cadeia produtiva
do concreto, sem comprometimento
da segurança, durabilidade e qualidade
final das estruturas de concreto.
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Figura 6
Envoltória da média de 3 (três) valores consecutivos não sobrepostos
ao longo do período de produção
[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655. Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento.ABNT, 2015
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento,Associação Brasileira de Normas Técnicas.ABNT, 2014.
[3] ACI 214R-11 (2011), Guide to Evaluation of Strength Test Results of Concrete, American Concrete Institute.
[4] ACI 318-14 (2014), Building Code Requirements for Structural Concrete, American Concrete Institute.
[5] ASTM 39-16b (2016), Standard Test Method for Compressive Strength of Cylindrical Concrete Specimens, ASTM International.
[6] EN 206 (2013), Concrete – Specification, performance, production and conformity, European Committee for Standardization.
[7] PACHECO J. & HELENE P. Controle da resistência do concreto – 1ª Parte, Revista Concreto e Construções, 2013, n. 69, pp 75 - 81.
[8] PACHECO J. & HELENE, P. Controle da resistência do concreto – 2ª Parte, Revista Concreto e Construções, 2013, n. 70, pp 90 - 98.
[9] TUTIKIAN, B.; HELENE, P. Dosagem dos Concretos de Cimento Portland. In: Geraldo C. Isaia (Org). Concreto: Ciência e Tecnologia. 1 ed. São Paulo: IBRACON, 2011,
v.1, p. 415-451.
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