Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 105

CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 105
4
N
o
dimensionamento
de
vigas
de
concreto
armado
à
flexão
,
o
binário
a
ser
equilibrado
é
formado
pela
compressão
no
concreto
e
pela
tração
na
armadura
. O
bloco
de
compressão
no
concreto
,
que
equilibra
a
tração
na
armadura
,
ocupa
uma
parte
da
altura
da
viga
que
se
convencionou
chamar
de
x
” –
penetração
da
linha
neutra
,
medida
a
partir
da
fibra mais
comprimida
do
concreto
,
em
direção
à
armadura
.
3. CONTÍNUA PREOCUPAÇÃO
DO BRASIL COM A DUCTILIDADE
Aqui vale a pena contar uma histó-
ria que mostra quão diferenciada era a
nossa preocupação com ductilidade,
desde o início. Num curso de Concreto
Armado na França apareceu um pro-
blema de uma viga muito baixa, onde a
tensão no concreto resultava muito alta.
Um aluno sugeriu que se aumentasse
a armadura de tração, aumentando a
penetração da linha neutra (x)
4
e resol-
vendo o problema. Um pouco sem jeito
intervi dizendo que isso não era permi-
tido no Brasil, porque a peça resultaria
superarmada, apresentando uma rup-
tura frágil pelo concreto à compressão,
e não uma dúctil pelo aço ecoando.
Esse exemplo mostra como no Brasil,
por causa do modelo na ruptura, acaba-
mos nos preocupando mais com a duc-
tilidade a ponto de definir e evitar peças
superarmadas (veja que até hoje não veri-
ficamos tensões no concreto em serviço).
Note-se que isso não aconteceu na Fran-
ça, um país muito adiantado em Concreto
Armado, até porque foi lá que ele foi in-
ventado, talvez porque lá só se usassem
modelos de tensões admissíveis.
É lógico que hoje o Eurocode EC2,
que usa modelos de cálculo nos Esta-
dos Limites, limita a penetração da linha
neutra de forma a evitar peças superar-
madas. Por outro lado, o EC2 requer
verificação de tensões no concreto em
serviço, o que leva a peças mais espes-
sas. A experiência tem mostrado que,
evitando peças superarmadas, não é
necessária tal verificação.
4. CONSTANTE BUSCA DA
MODERNIZAÇÃO E EVOLUÇÃO
TÉCNICA FRENTE AO MERCADO
Da NB1 de 1960, a norma de pro-
jeto evoluiu bastante ao introduzir o
Método dos Estados Limites em 1978.
Mais uma vez os nossos mestres da
época, aqui especialmente Péricles
Brasiliense Fusco, ao introduzirem esse
novo modelo, ajustaram seus critérios
aos resultados dos nossos modelos na
ruptura que já tinham quase 40 anos!
Foi desse ajuste que surgiu o
g
c
= 1,4,
e não 1,5, como proposto pelo Código
Modelo de CEB de 1978.
Nesse período a EB3 evoluiu com a
versão de 1972, que incluía as carac-
terísticas geométricas das barras, para
cada diâmetro, e definia pela primeira
vez aços tipo A (laminados) e tipo B (en-
cruados a frio). Logo em seguida, pas-
sou a ABNT NBR 7480*, nas versões
de 1980, 1982 e 1985. Nessas versões
uma boa evolução ocorreu na definição
dos lotes e amostras de controle do
aço, bem como na definição dos en-
saios de aderência, ancoragem, emen-
da e fadiga. Nesse período se percebeu
uma tendência ao CA60 liso, com inde-
finição do
η
b
.
Após um árduo período de con-
vencimento, com justificativas de que,
embora com barras mais finas, o CA60
tinha muita resistência e deveria ter
aderência melhorada sob pena de po-
dermos ter ruínas frágeis com perda de
aderência, conseguiu-se que a versão
de 1996 dessa norma redefinisse o
η
b
u
Tabela 1 – Características mecânicas exigíveis das barras e fios de aço destinadas a armaduras de peças de concreto
armado, presente na ABNT/EB 3 (ABNT NBR 7480:1967) - Condições de emprego da barras de aço destinadas a armadura
de peças de concreto armado
Categoria
Ensaio de tração
Ensaio de dobramento
Aderência
Distintivo
da categoria
Tensão de
escoamento
δ
e
mínima
kgf / mm
2
Tensão de
ruptura
δ
r
mínima
Alongamento
em 10
f
mínimo
1
Diâmetro do pino
(ângulo de 180°)
Coeficiente
h
mínimo
(
f
= 10 mm)
Cor
f
< 25 mm
f
≤ 25 mm
CA 24
24
1,5
δ
e
18 %
1
f
2
f
1,0
CA 32
32
1,3
δ
e
14 %
2
f
3
f
1,0
verde
CA 40
40
1,1
δ
e
10 %
3
f
4
f
1,2
vermelha
CA 50
50
1,1
δ
e
8 %
4
f
5
f
1,5
branca
CA 60
60
1,1
δ
e
7 %
5
f
6
f
1,8
azul
1
Os fios de diâmetro igual ou menor que 5,0 mm poderão apresentar alongamento mínimo, de ruptura, em 10
f
, de 6%.
1...,95,96,97,98,99,100,101,102,103,104 106,107,108,109,110,111,112,113,114,115,...116
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