CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 103
elas têm uma relação peso/rigidez e
uma exposição ao vento bem dife-
rentes dos edifícios, critérios especí-
ficos devem ser estabelecidos.
Com a ABNT NBR15421 já vigente
há mais de dez anos, os engenheiros
precisam de bibliografia de apoio e
desenvolvimento. Além do ótimo livro
“Analise Dinâmica de Estruturas”, de
Sergio Hamphsire dos Santos (coor-
denador da ABNT NBR15421) e Sil-
vio S. Lima, que estuda o assunto no
quarto capítulo, existem muitas publi-
cações internacionais originárias dos
países muito sísmicos, e certamente
as publicações da
fib
(
International
Federation For Structural Concrete
),
que enfrentam o assunto de forma
ajustada a de nossas normas.
Existe uma série de publicações
da fib que merecem destaque:
u
Bull 24
–
Seismic design and
asses
s
ment of Reinforced Con-
crete Buildings
;
u
Bull 25
–
Displacement-based
seismic design of Reinforced
Concrete Buildings
;
u
Bull 27
–
Seismic design of precast
Reinforced Concrete Buildings
;
u
Bull 39
–
Seismic bridge design
and retrofit
;
u
Bull 68
–
Probabilistic Perfor-
mance-based seismic design
;
u
Bull 69
–
Critical comparison of
major seismic codes for buildings
;
u
Bull 78
–
Precast concrete build-
ings in seismic areas
.
Essas publicações são muito in-
teressantes e úteis, com destaque
para as duas últimas.
O
Bull 69
faz uma comparação
das mais reconhecidas normas inter-
nacionais, num trabalho muito inte-
ressante iniciado por Park e Paulay,
desde a publicação da norma sísmi-
ca da Nova Zelândia.
O
Bull 78
é uma evolução do 27
no ataque ao problema do projeto
sismo-resistente de edifícios pré-
-moldados. Esse boletim é interna-
cionalmente reconhecido no campo
dos pré-moldados.
O assunto sismo votou à baila
no Workshop fib MC 2020 realiza-
do em São Paulo ano passado. O
Código Modelo da
fib
é um impor-
tante documento em constante de-
senvolvimento para a Engenharia
Estrutural no Mundo todo e inclusive
para o Brasil, país que integra a fe-
deração através do Grupo Nacional
formado pelas entidades, ABECE,
ABCIC e IBRACON.
Através da expressiva atuação
brasileira na federação, pretende-se
promover uma maior integração na
América Latina. Um tema, conside-
rado vital e de interesse de todos
para esta integração, é a questão
dos sismos. Os países situados no
lado do Pacífico têm larga experiên-
cia no assunto e podem participar
do MC 2020, sugerindo novidades
com base no Bull 69 ou trabalhos
equivalentes, como o em curso no
IABSE (
International Association
for Bridge and Structural Enginee-
ring
), sob a coordenação do Sergio
Hampshire dos Santos. A primeira
reunião virtual, que marcou o início
dos trabalhos visando estruturar o
texto-base de contribuição da Amé-
rica Latina, coordenada desde o Bra-
sil, foi realizada recentemente, no
dia 23 de novembro e contou com
“
experts
” dos seguintes países:
México, Chile, Colombia e Brasil.
Foi realizada com êxito e será se-
guramente uma referência futura
neste tema.
Função da ABNT NBR15421, os
projetistas brasileiros deverão estar
preparados para projetos sismo-
-resistentes, mas não só para isso.
Oportunidades aparecem no merca-
do internacional onde essa capacita-
ção é exigida.
É o caso, por exemplo, do Porto
de Nacala para exportação de car-
vão de Moçambique. A mina, a fer-
rovia e o porto foram projetados e
construídos pela Vale e já estão hoje
operando.
Da mesma forma ocorreu com o
Porto de Astialba, na Venezuela, onde
a análise se complica por conta da
significativa interação solo estrutura
decorrente da solução em cais es-
taqueado, e na duplicação da Pon-
te sobre o Rio Daule, em Guayaquil,
no Equador.
Mesmo aqui no Brasil aparecem
problemas especiais de projeto sís-
mico mais exigente. É o caso da Usi-
na de Angra 3 e das instalações para
fabricação e manutenção do nosso
Submarino Nuclear. Por razões de
segurança da população, na região
dessas instalações nucleares, o pe-
ríodo médio de retorno do valor ca-
racterístico do sismo sobe dos usuais
475 anos para até 10 mil anos. Vale
lembrar que o período médio de re-
torno das cargas acidentais usuais,
com o TB450 para rodovias, é de
140 anos.
Assim sendo e considerando este
tema ser um desafio global, como a
maior parte dos assuntos que en-
volvem as transformações do nosso
planeta, estar fazendo parte de um
federação como a
fib
, que integra 45
países, e levando a contribuição bra-
sileira com uma maior integração com
a América Latina, é de fundamental
importância para o desenvolvimento
contínuo dos trabalhos, inclusive da
normalização brasileira.