CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 97
com as normas ABNT NBR 5738:2015
“Concreto – Procedimento para mol-
dagem e cura de corpos de prova” e
ABNT NBR 5739:2007 “Concreto – En-
saio de compressão de corpos de pro-
va cilíndricos”.
3. RESULTADOS
3.1 Apresentação dos resultados
de resistência à compressão
à luz da ABNT
A resistência à compressão de
cada um dos exemplares foi determina-
da após ruptura dos corpos de prova,
conforme prescrições da norma ABNT
NBR 5739.
Na Fig. 2 está apresentada a carta
de valores individuais das resistências à
compressão do concreto aos 28 dias de
idade, o histograma e a distribuição nor-
mal correspondente. Nesta carta, o eixo
das abscissas apresenta os exemplares
em ordem cronológica e o eixo das orde-
nadas, os valores de resistência à com-
pressão de cada um dos exemplares.
A carta apresenta cerca de 1600 re-
sultados de resistência à compressão,
obtidos ao longo de 2 anos e 9 meses.
Esses resultados variaram de 36,6 MPa
a 80,1 MPa, com média de 58,6 MPa,
sendo o menor valor obtido equivalente
a 0,91*f
ck
. Foram constatados 11 (onze)
resultados abaixo da resistência especi-
ficada em projeto (f
ck
= 40MPa), ou seja,
cerca de 0,7% do total de caminhões.
Em uma distribuição normal (curva de
Gauss), o quantil de defeituosos corres-
ponderia a um coeficiente de 2,46 (ao
invés de 1,645 para quantil de 5%).
A variabilidade da resistência à com-
pressão de um mesmo traço de concre-
to pode oscilar em torno de diferentes
valores, pois no decorrer do processo
produtivo ocorrem mudanças de centra-
gem, principalmente devido a diferentes
partidas de cimento e agregados.
Considerando o conceito de re-
sistência característica do concreto
descrito no subitem 12.2 “Valores ca-
racterísticos” da norma ABNT NBR
6118:2014 “Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento”, o valor da
resistência à compressão desse con-
creto, obtido diretamente da popula-
ção, seria de f
ck,5%
= 46,5MPa. O desvio
padrão das operações de produção e
ensaio obtido foi s
c
= 6,6MPa e o coefi-
ciente de variação V
c
= 11,2%.
Ainda, a resistência característica
desse concreto, adaptada do critério
de amostragem parcial da ABNT NBR
12655, seria de f
ck,est
= f
cm
– 1,65*s
c
= 47,7
MPa, apesar que, neste caso, trata-se
apenas de uma especulação matemá-
tica, pois o critério efetivo a ser utilizado
deve ser o de amostragem total a 100%.
3.2 Avaliação do controle
do processo de produção
De acordo com o item 7 “Análise do
processo” da ABNT NBR 7212:2012
“Execução de concreto dosado em
central – Procedimento”, a avaliação do
controle do processo deve ser realizada
com base no desvio-padrão, conforme
apresentado na Tabela 2.
Dessa forma, por meio da análise do
desvio padrão e dos critérios preconiza-
dos pela ABNT NBR 7212:2012, trata-
-se de uma Central Nível 4. De acordo
com os parâmetros estabelecidos atual-
mente pela ABNT NBR 12655, esse
desvio padrão da produção é elevado e
não compatível com produção de con-
creto em usina, classe A. Por outro lado,
a norma ABNT NB-1 de 1960, consi-
derava que produção de concreto com
desvio padrão igual ou inferior a 15%
devia ser classificada como produção
rigorosa, ou seja, corresponderia à me-
lhor classificação na época.
Segundo o ACI 214 subitem 4.5
“
Standards of control
”, para concre-
tos de f
ck
≥ 35MPa (caso em ques-
tão), o coeficiente de variação (v
c
) é o
parâmetro que deve ser usado para
qualificar ou classificar o rigor de pro-
dução do concreto, conforme apre-
sentado na Tabela 3, e nesse caso a
u
Tabela 2 – Desvio padrão do processo, ABNT NBR 7212:2012
Local de
preparo do
concreto
Desvio padrão (MPa)
Nível 1
Nível 2
Nível 3
Nível 4
Central
s < 3,0
3,0 < s < 4,0 4,0 < s < 5,0
s > 5,0
u
Tabela 3 – Coeficiente de variação das operações de produção e ensaio (v
c
),
ACI 214
Tipo de
serviço
Padrão de controle
Excelente Muito bom Bom
Razoável
Deficiente
Controle
em canteiro
de obras
< 7,0% 7,0% a 9,0% 9,0% a 11,0% 11,0% a 14,0% > 14,0%
Pesquisas em
laboratório
< 3,5% 3,5% a 4,5% 4,5% a 5,0% 5,0% a 7,0% > 7,0%