CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 111
Os resultados obtidos nos ensaios
de habilidade passante e viscosida-
de plástica aparente mostraram que
o traço tinha condições de transpor
obstáculos durante a concretagem
(barras de aço, por exemplo) e tinha
velocidade e viscosidade suficiente
para conseguir se autoadensar por
toda a superfície desejada, mesmo
fazendo parte da classe SF1 de es-
palhamento, que permite um espa-
lhamento entre 550 e 650 mm. Diante
de todas as especificações citadas,
mesmo com a necessidade estrutural
de 50 MPa, o concreto desenvolvido
atingiu uma resistência média, aos 28
dias de idade, de 70 MPa.
Para o traço dosado em laborató-
rio, foi obtida a curva de crescimento
de resistênciaentre1e28diasde idade
do Gráfico 1.
Foram obtidos os resultados de
módulo de deformação da Tabe-
la 3, para o traço desenvolvido em
laboratório.
Por fim, para o atendimento de
manutenção da fluidez do concreto,
foi realizado o ensaio de perda de
abatimento, mantendo o concreto
teste em caminhão betoneira por três
horas, sendo medido o seu espalha-
mento a cada 30 minutos decorridos
após a mistura. Os resultados do en-
saio de perda de abatimento estão
na Tabela 4.
Portanto, é possível verificar que,
até o tempo limite de 2 horas e 30
minutos, o concreto se manteve dentro
dos limites de especificação da classe
SF1 desejada na demanda da obra. E
somente após esse período começa a
perder significativamente a fluidez.
A dosagem foi um ponto de aten-
ção em todo processo, não só no
desenvolvimento: houve o estudo de
todos os elementos e de sua combi-
nação, para garantir na obra os re-
sultados obtidos em laboratório.
4. MISTURA DO CONCRETO
NA CENTRAL DOSADORA
A mistura do concreto, apesar de
ser feita em escala industrial, é uma
ação que guarda movimento com
o cuidado artesanal. A escolha dos
materiais constituintes e sua adição
são decisivas para a homogeneida-
de do produto e naturalmente in-
fluenciam no desempenho na obra.
A Figura 5 ajuda a entender os pro-
cessos adotados pela Engemix. Eles
consistem de:
1. Procedimento de recebimento
técnico, seja visual, seja através
de ensaios, da matéria-prima
para a produção do concreto,
com sua caracterização. Toda
matéria-prima recebida passa por
um procedimento quanto à sua
granulometria, densidade, entre
outros aspectos;
2. Estoque dos materiais de acordo
com a ABNT NBR 7212;
3. Ordem de carregamento extre-
mamente fiel ao traço elaborado
em laboratório, com balanças
calibradas mensalmente e as to-
lerâncias de desvios de pesagens
que atendem ao que diz a ABNT
NBR 7212;
4. Mistura realizada no dosador
das centrais: quando se trata
de um concreto convencional, a
dosagem final é realizada pelos
próprios motoristas, que rece-
bem treinamento técnico para
desempenhar a função; no caso
de concretos com alta taxa de
especialidade (caso do concreto
em estudo), uma equipe técnica
faz o acompanhamento de do-
sagem do concreto até a saída
da central;
5. Lançamento do concreto aten-
dendo a todas as especificações
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Figura 5
Processo de produção e controle do concreto na planta