CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 109
2. ESPECIFICAÇÃO
DO PRODUTO
O desafio para fazer a Capela
Santa Luzia “flutuar” em meio a uma
área de 30 mil metros quadrados
passou pela correta especificação do
produto, que só foi possível com a
participação de todos os envolvidos
no processo: calculistas, tecnologis-
tas de concreto, serviço de bombea-
mento, aplicadores e operação de
serviço de concretagem.
O primeiro movimento foi identifi-
car as necessidades da obra, sendo
a primeira especificação definida a
resistência característica à compres-
são de 50 MPa. Porém, devido a ou-
tras exigências, como a elevada resis-
tência inicial, por exemplo, o desenho
do traço foi finalizado para um aten-
dimento de 70 MPa com 28 dias de
idade. Muito superior à resistência ca-
racterística à compressão inicialmente
definida e acima da média empregada
no setor da construção civil no Brasil.
A solução encontrada para aten-
der a todas essas especificações foi
a do concreto presente da família
Hi-Mix, o Adensamix. Um dos pon-
tos centrais para a escolha desse
concreto autoadensável estava na
impossibilidade de se utilizar o pro-
cesso de vibração na obra, dado o
tipo de estrutura a ser preenchida
com concreto. Além disso, como a
Cidade Matarazzo está no coração
da cidade de São Paulo, em uma
área bastante urbanizada, com resi-
dências, a vibração e a consequente
geração de barulho poderiam provo-
car transtornos.
Outro ponto foi o complexo es-
tudo logístico realizado para o aten-
dimento da obra, sendo necessário
garantir uma sincronia entre os ca-
minhões no percurso, no lançamen-
to do concreto e na saída da obra,
para garantir que não haveria inter-
valos entre os caminhões. Assim, a
concretagem terminaria no tempo
inicialmente previsto. Portanto, o
caminhão betoneira precisava che-
gar ao ponto da concretagem com o
produto pronto, ou seja, o concreto
produzido na base também precisa-
ria sair pronto da central.
Esse é um dos pontos críticos
do desafio na concretagem na Ci-
dade Matarazzo: manter a fluidez do
concreto por um longo período de
tempo. Um detalhe: a princípio, os
componentes químicos usados para
manter a fluidez desse concreto cau-
sariam prejuízo à resistência inicial
do produto. Esses eram aspectos
quase excludentes e que consumi-
ram horas de pesquisa.
O fato é que, além da especificação
da resistência característica à com-
pressão aos 28 dias de idade e do mó-
dulo de deformação, exigidos pelo cál-
culo estrutural, que se baseia no que
preconiza a ABNT NBR 6118 – Projeto
de estruturas de concreto, existiam,
para esta complexa operação, outras
especificações demandadas pela pró-
pria equipe de construção e serviço de
concretagem e bombeamento. Para
tanto, foram definidos os seguintes
pontos:
a) Necessidade de abertura de
slump flow test
para a classe SF1,
segundo a ABNT NBR 15823 – 1
– Concreto autoadensável, para
atingir todas as regiões das peças
a concretar;
b) Necessidade de manutenção
desta fluidez por 2 horas e 30 mi-
nutos, considerando um tempo
de transporte médio de 1 hora
e 30 minutos e um tempo médio
entre a chegada na obra e o fim
de lançamento de 1 hora;
c) Necessidade de redução da flui-
dez do concreto após 2 horas do
u
Figura 4
Local de lançamento do concreto
do lado de fora
u
Tabela 1 – Materiais usados na
dosagem do concreto
Material
Tipo
Cimento
CP II E 40
Adição
sílica ativa
Brita
1 / 19mm
Brita
0 / 12,5mm
Areia
natural fina
Areia
artificial média
Água
Aditivo
Polifuncional
Aditivo
Hiperplastificante
Aditivo
Modificador de
viscosidade