Revista Concreto & Construções - edição 80 - page 106

106 | CONCRETO & Construções
avaliação apresenta maior efetivida-
de se for integrada aos serviços de
manutenção, por esses serem feitos
permanentemente, proporcionando
um fluxo constante de informações.
Assim, o sistema de gerencia-
mento baseado em vistorias perió-
dicas objetivas apresenta a necessi-
dade de adoção de pesos, positivos
ou negativos, que denunciem pos-
síveis desvios do objetivo e apon-
tem as prioridades de intervenção.
É importante ressaltar que o caso
específico de colapso iminente de-
tectado extrapola este modelo, por
exigir ações emergenciais.
Dentro desta proposta, são
elencados elementos que devem
ser utilizados na determinação des-
ses valores:
u
Estimativa de vida útil de cada
estrutura:
definido através da
análise, para cada estrutura, do
conjunto de vistorias executadas
ao longo do tempo. É um forte
condicionante de prioridades.
u
Nível de serviço do sistema:
avaliação da importância (eco-
nômica, social, etc.) do conjunto
de obras que compõe o sistema
e análise do quadro com a sua
possível degradação. Como o
anterior, é um forte condicionan-
te de prioridades.
u
Estimativa de custo:
avaliação
do custo de intervenções ao lon-
go do tempo, considerando-se
ações imediatas ou proteladas.
Não apresenta a mesma força
para definir prioridades, em um
sistema bem gerido.
u
Manutenção:
avaliação de
como essa atividade interfere
com o desenvolvimento do qua-
dro de degradação e os custos
envolvidos. É um elemento inte-
ressante no gerenciamento do
sistema, pois a sua conjugação
com outros fatores permite a
mudança de prioridades.
Após uma análise com a adequa-
da profundidade desses elementos
dentro do sistema, é feita a atribui-
ção de pesos para os diversos fato-
res que os compõem, para se obter
valores indicativos de qual sequên-
cia de ações deve ser adotada.
3. O PROBLEMA NA ADOÇÃO
DE VALORES
Quando se adotam valores em
uma avaliação, é necessário consi-
derar que sempre deve existir uma
conceituação lógica e clara a ser
transmitida para os avaliadores, de
forma a que esses possam empre-
gar a escala de valores de forma
correta.
Outra consideração a ser feita é
de que essa escala de valores e/ou
pesos não deve ser muito extensa e
sempre ser baseada em determina-
dos eventos relevantes, de forma a
reduzir o grau de dúvida do avaliador.
A vantagem na adoção de uma
escala de valores pouco extensa
é que mesmo profissionais com
pouca experiência prática, mas de-
vidamente treinados, conseguem
executar uma avaliação correta,
como foi verificado em testes exe-
cutados com alunos da disciplina
optativa Patologia das Estruturas
de Concreto Armado, ministrada no
4º ano do Curso de Engenharia Civil
da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Campus
de Guaratinguetá (UNESP-FEG), na
qual eles deveriam avaliar o estado
de uma estrutura, após um treina-
mento com duração aproximada
de 20 horas. Esse aspecto é mui-
to importante, pois permite que
um maior número de profissionais
participe das avaliações, dentro de
condições técnicas adequadas e
confiáveis, um fator de grande im-
portância considerando o enorme
volume de obras a serem vistoria-
das no Brasil.
Também deve ser considerado
que, com a publicação pela Asso-
ciação Brasileira de Normas Téc-
nicas da ABNT NBR 16230 – Ins-
peção e de estruturas de concreto
– Qualificação e certificação de
pessoal – Requisitos, é necessário
estabelecer uma linguagem comum
para que os exames de qualificação
previstos nessa norma apresentem
uma homogeneidade de termos em
todo o território nacional, onde se
prevê sua aplicação.
4. PROPOSIÇÃO DE VALORES
Dentro da lógica anteriormente
exposta, pode-se considerar inicial-
mente uma escala de valores que
situem o estado de degradação da
estrutura dentro das fases pelas
quais passa uma estrutura ao longo
da sua existência. São considera-
dos os seguintes níveis de degra-
dação da estrutura:
u
Nível 0:
estrutura sem nenhuma ma-
nifestação patológica diagnosticável;
u
Nível 1
: estrutura apresentando ma-
nifestações patológicas primárias;
u
Nível 2:
estrutura apresentando
manifestações patológicas pro-
fundas, mas sem perda signifi-
cativa de seção resistente;
u
Nível 3:
estrutura apresentando
manifestações patológicas pro-
fundas, com perda significativa
de seção resistente, compro-
metendo em todo ou em parte o
desempenho estrutural.
1...,96,97,98,99,100,101,102,103,104,105 107,108,109,110,111,112,113,114,115,116,...164
Powered by FlippingBook