 
          CONCRETO & Construções  |  Ed. 94 |  Abr – Jun • 2019  |   59
        
        
          
            3.3 Técnica de reforço MF-FRP
          
        
        
          
            e MF-EBR
          
        
        
          Falhas de dimensionamento e apli-
        
        
          cação das técnicas EBR e NSM po-
        
        
          dem conduzir à fragilidade de ruptura
        
        
          dos elementos reforçados. Na primeira
        
        
          técnica, isso ocorre devido ao des-
        
        
          tacamento do FRP do substrato de
        
        
          concreto. Já, na segunda, dá-se pela
        
        
          desintegração do concreto de cobri-
        
        
          mento reforçado. Por esse motivo, as
        
        
          pesquisas têm concentrado esforços
        
        
          em estudos de formas de ancoragem
        
        
          do sistema de reforço com o uso de
        
        
          parafusos metálicos.
        
        
          Neste sentido, segundo Coelho
        
        
          et al.
        
        
          (2011), duas técnicas de refor-
        
        
          ço alternativas às anteriores foram
        
        
          desenvolvidas, as quais receberam
        
        
          a designação na língua inglesa de
        
        
          Mechanically Fastened-FRP
        
        
          (MF-FRP)
        
        
          e
        
        
          Mechanically Fastened and Externally
        
        
          Bonded Reinforcement
        
        
          (MF-EBR).
        
        
          A técnica MF-FRP se baseia no uso
        
        
          de compósitos ou laminados multidi-
        
        
          recionais, ancorados única e exclusi-
        
        
          vamente com o uso de parafusos me-
        
        
          tálicos ao substrato de concreto a ser
        
        
          reforçado. Uma variação desta técnica
        
        
          recebe o nome de MF-EBR (Figura 7)
        
        
          e consiste no uso, simultâneo, de um
        
        
          sistema baseado na colagem e ancora-
        
        
          gem, por meio de parafusos, de com-
        
        
          pósitos ou laminados multidirecionais
        
        
          no elemento a ser reforçado. Esta téc-
        
        
          nica é baseada na: (a) perfuração dos
        
        
          pontos que receberão a ancoragem
        
        
          mecânica; (b) perfuração dos compósi-
        
        
          tos bidirecionais; (c-e) confecção da re-
        
        
          sina epóxi e sua aplicação na superfície
        
        
          do compósito e no substrato de con-
        
        
          creto escarificado e limpo; (f) posicio-
        
        
          namento do compósito, com remoção
        
        
          do adesivo em excesso, e fixação de
        
        
          porcas e arruelas.
        
        
          Embora ambas as técnicas atinjam
        
        
          grandes níveis de ductilidade de incre-
        
        
          mento de carga, seu dimensionamento
        
        
          ainda não é apresentado em nenhuma
        
        
          das normas vigentes.
        
        
          
            4. RECOMENDAÇÕES DE
          
        
        
          
            DIMENSIONAMENTO DE
          
        
        
          
            REFORÇO À FLEXÃO SEGUNDO
          
        
        
          
            A ACI 440.2R (2017)
          
        
        
          As recomendações da norma ame-
        
        
          ricana ACI 440.2R (2017) para reforço
        
        
          à flexão com o uso da técnica EBR ou
        
        
          NSM são baseadas no princípio dos
        
        
          estados limites, devendo atender tan-
        
        
          to aos estados limites de serviço (ELS)
        
        
          quanto os estados limites últimos (ELU).
        
        
          O dimensionamento do reforço à
        
        
          flexão segundo a norma ACI 440.2R
        
        
          (2017) é baseado nas seguintes pre-
        
        
          missas: (a) os cálculos são baseados
        
        
          nas dimensões, arranjo interno das
        
        
          armaduras de aço e propriedades dos
        
        
          materiais do elemento a reforçar; (b) as
        
        
          deformações presentes no aço e no
        
        
          concreto são diretamente proporcio-
        
        
          nais à distância da linha neutra, ou seja,
        
        
          seções planas antes do carregamento
        
        
          permanecem planas após o carrega-
        
        
          mento; (c) não há escorregamento en-
        
        
          tre o reforço externo e o substrato de
        
        
          concreto, caracterizando uma aderên-
        
        
          cia perfeita; (d) a deformação de cisa-
        
        
          lhamento da camada de adesivo é des-
        
        
          considerada devido à mesma ser muito
        
        
          fina e apresentar pouca variação de
        
        
          espessura; (e) a deformação máxima
        
        
          permitida no concreto comprimido é de
        
        
          3%; (f) a resistência à tração do concre-
        
        
          to é desconsiderada; e (g) o material de
        
        
          reforço FRP possui um comportamento
        
        
          elástico-linear até sua ruptura.
        
        
          Em relação aos materiais interve-
        
        
          nientes, a norma ACI 440.2R (2017) es-
        
        
          tabelece que a ação ambiental deve ser
        
        
          considerada nas propriedades iniciais
        
        
          dos FRP devido à possibilidade de ex-
        
        
          posição aos diversos tipos de ambien-
        
        
          tes levar a degradação e redução das
        
        
          propriedades de tração, deformação
        
        
          última e resistência à fadiga dos ma-
        
        
          teriais compósitos. Assim, para o di-
        
        
          mensionamento, os FRPs sofrem uma
        
        
          redução em suas propriedades (tensão
        
        
          de tração máxima de projeto e defor-
        
        
          mação última fornecida pelo fabricante
        
        
          ou obtida em ensaios), de acordo com
        
        
          o tipo de exposição, por meio dos fato-
        
        
          res de redução ambiental (C
        
        
          E
        
        
          ), apresen-
        
        
          tados na Tabela 1.
        
        
          u
        
        
          
            Tabela 1 – Fator de redução ambiental para os diferentes tipos de FRP
          
        
        
          
            e condições ambientais
          
        
        
          Condição de exposição
        
        
          Tipo de fibra
        
        
          C
        
        
          E
        
        
          Exposição a ambientes internos
        
        
          Carbono
        
        
          0,95
        
        
          Vidro
        
        
          0,75
        
        
          Aramida
        
        
          0,85
        
        
          Exposição a ambientes externos
        
        
          Carbono
        
        
          0,85
        
        
          Vidro
        
        
          0,65
        
        
          Aramida
        
        
          0,75
        
        
          Exposição a ambientes agressivos
        
        
          Carbono
        
        
          0,85
        
        
          Vidro
        
        
          0,50
        
        
          Aramida
        
        
          0,70
        
        
          Fonte:
        
        
          ACI 440.2R (2017)