CONCRETO & Construções | Ed. 94 | Abr – Jun • 2019 | 65
ancoragens e desviadores. Esses ele-
mentos, a serem muito bem engastados
nas peças existentes, são dimensiona-
dos como consolos e suportam as bai-
nhas de PEAD (Polietileno de Alta Densi-
dade), onde normalmente são instalados
cabos de 4 a 20 cordoalhas ø15,2 mm,
com capacidade de carga de até 400 tf.
Após a execução da protensão, os ca-
bos são protegidos por injeção de nata
de cimento, configurando maior rigidez à
própria bainha e maior proteção à arma-
dura protendida.
A terceira e última técnica de execu-
ção com protensão externa se faz com
a instalação de monocordoalhas nuas
ligadas à estrutura através de ancora-
gens e desviadores metálicos fixados
na estrutura por barras de protensão
roscadas. Posteriormente, a região das
ancoragens, desviadores e cabos é en-
velopada com concreto para sua pro-
teção contra agentes agressivos. Uma
grande vantagem deste método é a uti-
lização de macacos leves de pequeno
porte. Pode-se citar como desvanta-
gens do método a redução da excentri-
cidade, o limite geométrico para insta-
lação das cordoalhas e a necessidade
de concretagem em toda a extensão
do elemento reforçado.
2.2 Verificações pertinentes
Como não há norma brasileira que
trate dos reforços externos ativos, os
profissionais devem consultar normas
internacionais, pesquisando procedi-
mentos paralelos e adaptando-os à re-
alidade da obra em estudo, ancorando
suas decisões à luz do conhecimento
disponível e do bom senso.
Independente da técnica utilizada
para a execução do reforço com proten-
são, assim como em qualquer obra pro-
tendida, a estrutura reforçada necessita
ter as tensões verificadas em todas as
fases construtivas, garantindo que não
se excedam os limites tanto à tração
quanto à compressão em nenhum mo-
mento e em nenhuma seção, respeitan-
do-se o Estado-Limite Último de Com-
pressão Excessiva e o Estado-Limite de
Serviço de Formação de Fissuras.
Os blocos de ancoragem e desvio,
em virtude de sua geometria, devem
ser adequadamente dimensionados
como elementos especiais conforme
preconizado pela norma ABNT NBR
6118. Atenção especial deve ser dada
às ancoragens desses blocos na es-
trutura principal, normalmente exe-
cutadas com ancoragens químicas e
mecânicas que transpassam as vigas,
considerando-se inclusive efeitos de
cisalhamento e/ou torção das peças
que estarão recebendo ações transmi-
tidas pelos blocos.
O elemento reforçado deve ser veri-
ficado para os Estados-Limites de Ser-
viço de Descompressão, Formação de
Fissuras ou Abertura de Fissuras e tam-
bém devem ser realizados conforme o
Nível de Protensão adotado (Total, Limi-
tada ou Parcial) e para os Estados-Limi-
tes Últimos à Flexão e ao Cisalhamento.
Dada a particularidade da obra de
reforço, é pertinente avaliar a necessi-
dade de verificação da obra na situação
de perda do reforço em virtude da ação
de vandalismo, acidente ou pela ação
do fogo. Um procedimento interessante
para tal é a verificação no Estado-Limite
Último para esforço solicitante equiva-
lente à Combinação Quase Permanen-
te, considerando a perda completa do
reforço, algo similar ao previsto pela re-
comendação italiana CNR-DT200/2004
para reforço com fibras de carbono.
A estabilidade da estrutura no Esta-
do-Limite Último, mesmo com a perda
do reforço, viabiliza tanto a evacuação
da obra com segurança, preservando
vidas, quanto a elaboração de projeto e
execução de novo reforço que restabe-
leça suas condições de serviço.
2.3 Modelos de cálculo no
Estado-Limite Último
Há diversos estudos que analisam o
reforço de protensão externa. Almeida
(2001) faz uma excelente revisão de-
les, indicando o modelo provavelmen-
te mais antigo, o Método de Equilíbrio
de Cargas, já utilizado por Leonhardt
na década de 1950, considerando os
pontos de aplicação dos esforços no
momento da realização da protensão,
como um carregamento externo que
fará parte das devidas combinações de
esforços para verificação da estrutura.
Outros modelos foram propostos no
final do século XX: BS8110 em 1985,
Naaman e Alkhairi em 1991, Harajli em
1999 e pelo ACI 318 em 1999. Nesses
métodos a maior parte das premissas
são coincidentes:
u
Hipótese de Navier: as seções per-
manecem planas após a deforma-
ção do concreto;
u
A deformação máxima do concreto
é de 3,5‰ (3,0‰ no caso do méto-
do do ACI);
u
O concreto apresenta seções fis-
suradas no Estado-Limite Último,
desprezando-se, portanto, sua re-
sistência à tração;
u
Desenvolve-se diagrama retangular
de tensões no concreto;
u
A tensão na armadura passiva deve
ser obtida pelo produto da sua de-
formação unitária pelo módulo de
elasticidade do aço até o limite de
escoamento, a partir do qual a ten-
são no aço permanece constante;
u
A armadura ativa de reforço deve
ser considerada da mesma forma