96 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
adquire maior rigidez lateral, contribuin-
do para a estabilidade global do prédio,
tendo assim menores deslocamentos
horizontais. Apesar da viabilidade técni-
ca, essa solução não é usual na cons-
trução civil brasileira.
Elliott e Jolly (2013) afirmam que
sempre que houver uma parede de
preenchimento construída solidamen-
te, mas não de forma monolítica, numa
estrutura flexível, sua resistência à ação
horizontal aumenta consideravelmente
devido à ação composta com a estru-
tura (Figura 2). Também confirmam que
o uso das paredes de alvenaria partici-
pante em estruturas de concreto pré-
-moldado já é utilizado na Europa e que
a construção mista é, por definição,
rentável, pois maximiza as vantagens
estruturais e arquitetônicas na utiliza-
ção de componentes de diferentes ma-
teriais. Os manuais e boletins,
Planning
and design handbook on precast buil-
ding structures
(
The International Fede-
ration For Structural Concrete, 2013
) e
Precast concrete in mixed construction
(
The International Federation For Struc-
tural Concrete, 2002
) contemplam que
uma estrutura de concreto pré-molda-
do pode ser combinada com a alve-
naria estrutural. Recentemente, a Co-
missão CE-002:123.010 – Comissão
de Estudo de Alvenaria Estrutural do
Comitê Brasileiro da Construção Civil
(ABNT/CB-002) trabalha em uma pro-
posta de unificação e atualização das
normas ABNT NBR 15812 – Alvenaria
estrutural: blocos cerâmicos e ABNT
NBR 15961 – Alvenaria estrutural: blo-
cos de concreto. A nova norma trata da
alvenaria estrutural independentemente
do material, além da unificação, vários
tópicos e conceitos foram agregados
à norma ou reformulado. Um desses
refere-se à consideração de Alvenaria
Participante em pórticos, abrindo pos-
sibilidade da consideração de alvena-
ria estrutural em edifícios, atuando em
conjunto com pilares e vigas na solução
do contraventamento.
2. PROPOSTA DO PROJETO DE
NORMA ABNT/CE-002:13.010
Várias normas internacionais, como
a canadense (CSA S304-14), a neo-
zelandesa (NZS 4230-04) e americana
(TMS 402/602-16) fornecem prescri-
ções de projeto para o uso de alvenaria
participante. Recentemente, a Comis-
são ABNT CE-002:123.010 – Comis-
são de Estudo de Alvenaria Estrutural
do Comitê Brasileiro da Construção
Civil (ABNT/CB-002) trabalha em uma
proposta de unificação e atualização
das normas de alvenaria estrutural e
propõe capítulo sobre o tema. Este
item reproduz a sugestão do projeto de
norma em desenvolvimento.
Seguindo a abordagemde Polyakov,
a alvenaria participante é considerada
utilizando-se do modelo de barra dia-
gonal comprimida equivalente. As pa-
redes participantes devem resistir aos
esforços solicitantes. Especial atenção
deve ser dada para a resistência ao ci-
salhamento por escorregamento. Os
elementos de pilar ou viga em contato
com a alvenaria participante devem ser
dimensionados, considerados os esfor-
ços obtidos no modelo, considerando
a diagonal equivalente, majorados por
um fator adicional igual a 1,1. Especial-
mente a força cortante transferida da
diagonal equivalente da alvenaria parti-
cipante deve ser somada aos esforços
dos pilares, devendo essa ser conside-
rada em posição intermediária na altura
conforme Figura 3.
A largura da diagonal comprimida
(w) deve ser tomada das Equações 1,
2 e 3.
1
Onde,
α
H
= comprimento de contato vertical
entre o pórtico e a diagonal comprimida;
α
L
= comprimento de contato horizontal
entre o pórtico e a diagonal comprimida.
2
3
u
Figura 2
Pórtico preenchido com pórtico rígido
Fonte:
adaptado Elliott e Jolly, 2013