104 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
estruturais sem chapisco. Procedeu-se
a análise também de outros “sistemas”
da mesma obra: paredes de blocos de
concreto de vedação sem chapisco e
estruturas de concreto (vigas) com cha-
pisco, ambas revestidas com a mesma
argamassa utilizada no revestimento da
alvenaria estrutural. Em nenhuma des-
sas duas situações foram identificadas
manifestações patológicas oriundas da
baixa aderência.
A resistência característica dos blo-
cos – fbk da obra variou entre 17 e 25
MPa, com valores médios de resistên-
cia à compressão na faixa de 25 MPa,
enquanto que a absorção de água
média variou entre 3 e 5%. Isto deno-
tou uma alta resistência à compressão
dos blocos, bem acima das médias
convencionais. Esta alta resistência é
consequência da baixa porosidade do
concreto (alta compacidade), que se
refletiu também em baixos valores de
absorção de água dos blocos.
Outro ensaio realizado para a ca-
racterização dos blocos de concreto
(estrutural e vedação) foi o índice de
absorção d’água inicial (sucção inicial) –
AAI, de acordo com uma adaptação da
ABNT NBR 15270-2: 2017 (Tabela 1).
Nota-se que o valor de AAI do blo-
co estrutural é muito baixo em relação
ao bloco de vedação, mostrando que
o bloco estrutural apresenta uma bai-
xa sucção inicial de água. Além disso,
observa-se uma alta variabilidade dos
resultados (CV = 50%). A título de com-
paração, apresenta-se no gráfico da Fi-
gura 4 valores médios de AAI de blocos
de concreto utilizados em outras pes-
quisas, em várias épocas diferentes.
Salienta-se que em todas as pesquisas
citadas os blocos de concreto propicia-
ram ótimas resistências de aderência
com as argamassas de revestimento,
a exceção do bloco indicado pela re-
ferência Girardi (2016), que resultou em
uma baixa aderência, da mesma forma
que o bloco estrutural utilizado na obra
do estudo de caso. Observa-se que es-
ses dois blocos têm em comum serem
estruturais e apresentarem valores de
sução de água muito baixos.
Foi realizado também um teste para
verificar a absorção de água das pare-
des de alvenaria após a remoção do
revestimento com problema e a reali-
zação de alguns tratamentos da base
(lavagem e aplicação de chapisco). O
teste realizado foi o “cachimbo” (pres-
crito pelo NIT 224 do CSTB - CENTRE
SCIENTIFIQUE ET TÉCHNIQUE DE LA
CONSTRUCTION), ilustrado na Figu-
ra 5, que permite avaliar a absorção/
permeabilidade de água em superfícies
verticais. Por meio deste teste, foram
analisadas as seguintes situações:
u
Parede em que foi retirado o reves-
timento descolado – sem nenhum
tratamento posterior (PD);
u
Figura 2
Fissuração típica dos revestimentos
u
Figura 3
Em local de som cavo foi
retirado o revestimento de
argamassa – aderência apenas
na região da junta de
assentamento da alvenaria
u
Tabela 1 – Índice de absorção
d’água inicial dos blocos da obra
Tipo de
bloco
testado
AAI
valor
médio
(g/minuto/
193,5 cm²)
Coeficiente
de
variação
(%)
Estrutural
(com
descolamento)
23
50
Vedação
(sem
descolamento)
59
20