Revista Concreto & Construções - edição 90 - page 94

94 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
fora do plano da parede e a carga de
colapso nos ensaios de capacidade
de carga a altas temperaturas.
Nos ensaios de resistência ao
fogo os corpos de provas 1 e 2
perderam o isolamento térmico I
(140 °C como temperatura média
ou 180 °C como temperatura má-
xima pontual em qualquer ponto
da parede, segundo os critérios da
EN 1365-1 [10]) ao fim de 72 e 67
minutos, respectivamente. Já os
corpos de provas 3 e 4 nunca per-
deram o isolamento térmico (I) ou a
estanquidade às chamas e gases
quentes (E) antes do seu colapso es-
trutural (R). É importante referir que
os corpos de provas 1 e 2 estavam
sujeitos a 30% e os corpos de provas
3 e 4 estavam sujeitos a 46% de re-
sistência à compressão das referidas
alvenarias à temperatura ambiente.
Nos ensaios de capacidade de car-
ga a altas temperaturas, os corpos de
provas 5 e 6, registaram-se capacida-
des de cargamáximas diferentes, 273e
421 kN, respectivamente, embora os
deslocamentos máximos verificados
nestes dois corpos de prova durante
os ensaios tenham sido muito seme-
lhantes e ocorreram para instantes
muito próximos.
4. CONCLUSÕES
Neste trabalho de investiga-
ção experimental podem-se reti-
rar as seguintes conclusões sobre
o comportamento das paredes de
alvenaria estrutural com blocos de
concreto de três células sujeitas
a incêndio:
u
As paredes garantem um bom
isolamento térmico durante os
primeiros 67 minutos. A EN 1996
– 1.2 [14] indica para que uma
parede de alvenaria de blocos
de concreto não estrutural, com
funções de compartimentação,
tenha pelo menos uma resistên-
cia ao fogo de 60 minutos, tem
que ter uma espessura entre 70 a
100 mm. Já para uma parede de
alvenaria de blocos estrutural de
concreto, com funções de estabi-
lidade e compartimentação, para
que tenha a mesma resistência ao
fogo, esta tem que ter uma espes-
sura entre 100 e 170 mm.
u
Em face dos resultados obtidos a
parede real da solução construtiva
estudada que terá uma espessura
de 200mm deverá garantir facil-
mente uma resistência ao fogo de
90 minutos.
u
Se pensássemos somente no cri-
tério de estabilidade R esta pare-
de à escala natural deveria ter uma
resistência ao fogo superior a 120
minutos, muito superior ao valor
previsto pela EN 1996 – 1.2 [14]
para paredes deste tipo.
u
Assim, concluiu-se acima de tudo
que os critérios da EN 1996 – 1.2
são demasiadamente conservativos.
u
Verificou-se ainda que estas al-
venarias são muito heterogêneas
e daí a razão de se obterem re-
sultados divergentes em termos
de tempo e cargas no plano da
parede para situações idênticas.
Há uma necessidade de se ga-
rantir uma boa execução destes
elementos resistentes, de forma
a se conseguir a resistência ao
fogo e capacidade de carga em
situação de incêndio definida
em projeto.
[1] Byrne, S.; -
Fire resistance of load-bearing masonry walls
,
Fire Technology,
vol. 15, no. 3, 1979, pp 180-188.
[2] Lawrence, S.; Gnanakrishnan, N. -
The Fire Resistance of Masonry Walls - An Overview,
First National Structural Engineering Conference 1987, Melbourne, Australia,
26-28 August 1987, pp 431-437
[3] Shields, T. J.
et. al.
-
Thermal Bowing of a Model Brickwork Panel
, 8th International Brick/Block Masonry Conference, Dublin, Ireland, 1988, pp 846-856
[4] Nadjai, A.
et. al.
-
A numerical model for the behavior of masonry under elevated temperatures,
Fire and Materials
, vol. 27, no. 4, 2003, pp 163-182
[5] Al Nahhas, F
et. al.
-
Resistance to fire of walls constituted by hollow blocks: Experiments and thermal modelling, Applied Thermal Engineering
, vol. 27, no.1, 2007, pp 258-267
[6] Nguyen, T. D.; Meftah, F. -
Behavior of clay hollow-brick masonry walls during fire. Part 1: Experimental analysis
,
Fire Safety Journal
, vol. 52, 2012, pp 55-64
[7] Haach V. G. (2009).
Development of a design method for reinforced masonry subjected to in-plane loading based on experimental and numerical analysis
. PhD Thesis.
University of Minho, Portugal.
[8] EN 1996-1.1 (2005).
Eurocode 6 – Design of masonry structures, Part 1.1: General rules for reinforced and unreinforced masonry structures
, European Committee for
Standardization, Brussels, Belgium.
[9] Lopes Rúben. F. R. (2017).
Comportamento ao fogo de paredes de alvenaria estrutural de blocos de betão com alvéolos verticais
. MSc Thesis. University of Coimbra, Portugal.
[10] EN 1365-1 (2012).
Fire resistance tests for loadbearing elements - Part 1: Walls.
European Committee for Standardization, Brussels, Belgium.
[11] EN 1363-1 (1999).
Fire resistance tests - Part 1: General Requirements.
European Committee for Standardization, Brussels, Belgium.
[12] EN 998-2 (2010).
Specification for mortar for masonry. Masonry mortar
. European Committee for Standardization, Brussels, Belgium.
[13] ISO 834 (1999).
Fire resistance tests: elements of building construction: part 1. General requirements
. International Organization for Standardization, Geneve, Switzerland.
[14] EN 1996-1.2 (2005).
Eurocode 6 – Design of masonry structures, Part 1.2: General Rules Structural Fire Design
. European Committee for Standardization, Brussels, Belgium.
u
R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
1...,84,85,86,87,88,89,90,91,92,93 95,96,97,98,99,100,101,102,103,104,...116
Powered by FlippingBook