Revista Concreto & Construções - edição 90 - page 87

CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 87
modelos numéricos para o dimensio-
namento em situação de incendio de
paredes de alvenaria maciças, como
o modelo desenvolvido por Nadjai
et. al.
[4].
Em 2007, Al Nahhas
et. al.
[5]
apresentaram um estudo experimen-
tal e numérico de paredes estruturais
com blocos de concreto de alvéolos
verticais em situação de incêndio.
Este estudo identificava o fenômeno
de mudança de estado da água livre
no material constituinte do corpo de
prova e ainda a existência de perío-
dos de tempo sem mudanças signifi-
cativas nos valores dos deslocamen-
tos verticais e dos deslocamentos
fora do plano da parede e também
na temperatura do corpo de prova.
Estes patamares ocorreram quando
a temperatura na face não exposta
do corpo de prova atingia temperatu-
ras próximas da temperatura de eva-
poração da água livre no concreto à
pressão atmosférica, ou seja, 100ºC.
Nguyen e Meftah [6] realizaram
posteriormente ensaios de resistên-
cia ao fogo em paredes de tijolos ce-
râmicos com alvéolos e verificaram
a existência de períodos de tempo
sem variação nos deslocamentos
verticais e laterais e na temperatura
dos corpos de provas, quando a face
não exposta da parede atingia tem-
peraturas próximas da temperatura
de evaporação da água. Além dis-
so, justificaram os fatos observados
nos deslocamentos com a existência
de momentos parasíticos de flexão,
devido à excentricidade das cargas
atuantes no plano da parede causa-
da pela sua curvatura térmica. Se-
gundo estes autores, os momentos
parasíticos de flexão são benéficos
porque contrabalançam o efeito da
curvatura de origem térmica, levando
a um patamar prolongado dos deslo-
camentos fora do seu plano. Todavia
estes momentos levam ao colapso
da parede assim que ocorre o des-
tacamento de parte das unidades
de alvenaria.
A investigação em paredes de
alvenaria estrutural em situação de
incêndio está ainda numa fase inci-
piente e certamente muitos trabalhos
são necessários na área. Neste tra-
balho, são apresentados os resulta-
dos de um estudo para avaliação da
capacidade de carga a temperaturas
elevadas e resistência ao fogo de pa-
redes de alvenaria resistente de con-
creto com blocos de três células [9].
O estudo foi realizado no Laboratório
de Ensaio de Materiais e Estruturas
da Universidade de Coimbra, com a
colaboração da Universidade do Mi-
nho, em Portugal.
2. ENSAIOS EXPERIMENTAIS
2.1 Sistema experimental
A Figura 1 mostra uma foto do
sistema experimental de ensaio de
resistência ao fogo das paredes.
Este sistema experimental era com-
posto por um pórtico de reação, com
perfis HEB 300 de aço S355 ligados
com parafusos de aço da classe 8.8.
Os corpos de prova de ensaio fo-
ram sujeitos a uma carga de servi-
ço durante o ensaio aplicada por um
macaco hidráulico com uma capaci-
dade máxima de 933 kN. Este maca-
co hidráulico era controlado por uma
central servo-hidráulica W+B NSPA
700 / DIG 2000.
A ação térmica foi aplicada por um
forno elétrico composto por um mó-
dulo de 45 kVA, com dimensões in-
ternas de 1,46 m x 1,00 m x 0,75 m.
O corpo de prova era fixo a uma
laje de reação através de fixação me-
cânica com parafusos.
Para distribuir a carga no plano
da parede foi usada uma viga com
1,45 m de comprimento compos-
ta por um perfil de aço RHS 350 x
150 mm, preenchido com concreto,
e uma viga com 1,98 m de compri-
mento, composta por um perfil de
aço HEB 240 (Fig. 1).
Os dados dos ensaios foram re-
gistados num datalogger TML TDS-
530. Todos os dados de medição
dos deslocamentos laterais e tem-
peraturas foram escolhidos de acor-
do com a EN 1365-1 [10] (Fig. 3)
u
Figura 1
Vista geral do sistema
experimental
1
10
11
12
2
3
4
5
6
7
8
9
1 – Pórtico de reação;
2 – Atuador hidráulico;
3 – Célula de carga;
4 – Viga de distribuição de carga em Perfil
HEB 240;
5 – Viga de distribuição de carga em Perfil RHS
350 x 150 preenchido com concreto;
6 – LVDT de medição de deslocamento horizontal;
7 – Corpo de prova;
8 – Laje de reação;
9 – Datalogger;
10 – LVDT de medição de deslocamento vertical;
11 – Parede de contenção lateral do forno;
12 – Central servo-hidráulica.
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