CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 77
os chamados “pisos flutuantes”, empre-
gando-se mantas com espessuras que
podem variar de 5 a 25mm integradas
por ampla gama de materiais: polietile-
no, poliéster ou poliestireno expandido,
plástico reconstituído, lã de vidro, lã de
rocha, borracha com baixa densidade
(inclusive borracha reconstituída), feltro,
cortiça, aglomerado de fibras de ma-
deira e outras. O tratamento bem exe-
cutado (materiais adequados, ausência
de pontes de transmissão sonora etc.)
pode reduzir o nível de pressão sonora
do ambiente até valores acima de 20 ou
30dB em relação ao resultado obtido
com a respectiva laje sem tratamento.
Sobre as mantas resilientes deve
ser executado contrapiso com espes-
sura em torno de 5cm, constituído, por
exemplo, com concreto de traço em
massa de 1 : 2 : 4 (cimento, areia grossa
e pedrisco) ou contrapiso autonivelante
(concreto um pouco mais argamassado,
slump flow
em torno de 70cm), criando-
-se juntas e armando-se o contrapiso
para evitar o desenvolvimento de fissu-
ras de retração (por exemplo, tela Q 92
– Ø4,2mm cada 15cm).
8. LAJES DE COBERTURA
ACESSÍVEIS
As lajes de cobertura acessíveis, com
acabamentos em placas cerâmicas, pi-
sos cimentados ou outros, enquadram-se
pela norma NBR 15575 na categoria de
“sistema de piso de áreas de uso coletivo
sobre unidades autônomas”, devendo por
isso mesmo apresentar nível de pressão
sonora (L’nT,w) inferior a 55 decibéis.
Portanto, para as lajes de cobertu-
ra acessíveis, com exigência bem mais
rigorosa de isolação acústica, é pratica-
mente indispensável a adoção de pisos
flutuantes, conforme item anterior, sendo
recomendável o dimensionamento do
material resiliente também em termos
da isolação térmica da laje de cobertura.
Nesse caso, salvo análises mais precisas
(modelagem / simulação computacional),
a norma de desempenho NBR 15575 -
Parte 5 estabelece valores mínimos de
transmitância térmica do sistema de co-
bertura (independentemente se for laje
ou telhado) e ainda valores de referência
para os níveis intermediário e superior de
desempenho, em função da zonas bio-
climáticas do Brasil, reproduzindo-se na
Tabela 2 os referidos valores.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há um número muito grande de
soluções técnicas para a execução
de pisos, não só aquelas baseadas no
emprego de produtos cimentícios, to-
das com potencial de atingir desempe-
nho adequado. Na escolha do sistema,
além do custo e dos padrões estéticos,
há que se analisar os vários requisitos
que foram aqui listados, incluindo des-
de o comportamento mecânico até
o conforto no caminhar (rugosidade,
temperatura, coeficiente de condutivi-
dade térmica), passando pela seguran-
ça na circulação (presença de frestas,
mudanças de plano com pequena di-
ferença de cota, sem sinalização, coe-
ficiente de atrito dinâmico) e chegando
até a durabilidade e manutenibilidade,
facilidades de limpeza, de execução de
reparos e de substituição. Sob o ponto
de vista da sustentabilidade, devem ser
ainda considerados aspectos de con-
sumo de energia na produção e na ma-
nutenção dos pisos, poluentes gerados
na produção e aplicação, possibilidade
de reciclagem dos materiais ao término
do ciclo de vida e outros.
O desempenho adequado, além da
qualidade satisfatória dos materiais e
da execução, passa necessariamente
pelos bons projetos, não se podendo
atribuir a fissuração de um piso externo
de cor escura, com área muito extensa
e sem juntas de dilatação, a deficiên-
cias do cimento ou do concreto. Aliás,
dizem os especialistas que não existem
materiais de construção bons ou ruins,
mas, isto sim, materiais bem ou mal apli-
cados, adequados ou inadequados ao
meio a que foram destinados.
Também não se pode esperar exce-
lente desempenho de um piso acústico
cujos alvéolos da manta resiliente foram
colmatados pela nata de cimento duran-
te a execução do contrapiso. Ou seja,
os pisos só atingirão adequado nível de
desempenho e vida útil, igual ou superior
àquelas previstas na norma NBR 15575,
caso sejam adequadamente concebidos,
projetados, executados e mantidos.
u
Tabela 2 – Critérios e níveis de desempenho de coberturas quanto
à transmitância térmica (fonte: Tabela I.4 da NBR 15.575 – Parte 5)
Transmitância térmica (U)
W/m
2
K
Zonas 1 e 2
Zonas 3 a 6
Zonas 7 e 8
1
Nível de
desempenho
U ≤ 2,3
a
1
≤ 0,6
a
1
> 0,6
a
1
≤ 0,4
a
1
> 0,4
Mínimo
U ≤ 2,3
U ≤ 1,5
U ≤ 2,3 FV U ≤ 1,5 FV
U ≤ 1,5
a
1
≤ 0,6
a
1
> 0,6
a
1
≤ 0,4
a
1
> 0,4
Intermediário
U ≤ 1,5
U ≤ 1,0
U ≤ 1,5 FV U ≤ 1,0 FV
U ≤ 1,0
a
1
≤ 0,6
a
1
> 0,6
a
1
≤ 0,4
a
1
> 0,4
Superior
U ≤ 1,0
U ≤ 0,5
U ≤ 1,0 FV U ≤ 0,5 FV
1
Na zona bioclimática 8 também estão atendidas coberturas com componentes de telhas cerâmicas, mesmo que a cobertura
não tenha forro.
NOTAS
O fator de ventilação (FV) é estabelecido na ABNT NBR 15220-2; Zonas bioclimáticas brasileiras são aquelas definidas na
ABNT NBR 15220-3; A determinação da transmitância térmica, por método simplificado, é definida na ABNT NBR 15220-2.