CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 75
em cada compartimento do molde, sobre
ela é salpicada mistura seca de cimento e
areia, recoberta por uma camada final de
areia, cimento e pó de pedra, com con-
sistência de “terra úmida”. Depois disso,
o conjunto é prensado sob elevada pres-
são (até da ordem de 20MPa), passando
por pequeno período de descanso e, em
seguida, cura submersa.
Em função da conformação sob ele-
vada pressão e da baixíssima relação
água/cimento final, as peças apresen-
tam-se praticamente impermeáveis, com
elevadas resistências à flexão, aos im-
pactos e ao desgaste por abrasão. Por
isso mesmo, além dos ambientes inter-
nos mais sofisticados, os ladrilhos hidráu-
licos são aplicados em rampas de gara-
gem (neste caso, com dentes salientes),
praças e passeios públicos, vindo até
mesmo a constituir ícones / elementos
de identidade de algumas cidades (mapa
do estado em calçadas da cidade de São
Paulo, representação de ondas nos cal-
çadões de Copacabana, etc.).
Podendo ser produzidos com moti-
vos estéticos muito variados (Figura 13),
ladrilhos hidráulicos de boa qualidade
apresentam extensa vida útil, com apli-
cações comprovadas no Brasil de mais
de 60 anos (Figura 14) ou até da ordem
de um século, como, por exemplo, os
pisos existentes no Museu Paulista
(“Museu do Ipiranga”), no edifício Marti-
nelli, em muitas igrejas da época do Bra-
sil colonial (particularmente em cidades
históricas de Minas Gerais), etc.
6. PISOS ELEVADOS
Pisos elevados facultama instalação de
dutos e cabos, as adaptações de layout,
a personalização e flexibilização dos am-
bientes. Interna ou externamente, facilitam
ainda as operações de manutenção de
instalações neles embutidas, bem como
de impermeabilizações ou do próprio piso,
com a possibilidade de simples substitui-
ção de placas modulares apoiadas sobre
pedestais, sem a necessidade de rompi-
mento de concretos ou argamassas.
Devidamente projetados, podem
ainda contribuir para o isolamento acús-
tico entre pavimentos, particularmente
no que concerne aos ruídos transmi-
tidos por impacto, e também para um
sistema alternativo de condicionamento
de ar: o de insuflamento invertido, ou
seja, da base para o topo do ambiente.
No caso de pisos externos, a camada
de ar entre as placas e a laje é importan-
te fator de contribuição para a isolação
térmica, constituindo boa opção para as
lajes de cobertura ou de terraços.
Em áreas externas de grandes di-
mensões, onde o grande número reque-
rido de ralos e os caimentos necessários
para a drenagem superficial poderiam
comprometer a estética ou a funciona-
lidade do piso, o sistema possibilita a
construção de pisos perfeitamente pla-
nos, escoando a água através das frestas
mantidas entre as placas que o integram.
Por um lado, tais frestas, se benéficas e
necessárias, por outro podem dificultar
o trânsito de carrinhos de bebê, cadeiras
de rodas, bicicletas e outros. Cuidados
também devem ser tomados para que o
piso elevado não se transforme num cria-
douro de insetos e pragas.
Os primeiros pisos elevados eram
constituídos por placas de concreto re-
pousando sobre alvenaria ou pequenos
apoios de concreto moldados no local
(Figura 15): efetuava-se o nivelamento
da face superior do piso, moldando-se
cada apoio na altura necessária. Depois
disso, vieram as placas pré-fabricadas
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Figura 13
Desenvolvimento de desenhos
e texturas de ladrilhos
hidráulicos – ateliê da FAUUSP
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Figura 14
Piso em ladrilhos hidráulicos –
acesso ao refeitório do IPT,
executado há mais de 60 anos
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Figura 15
Piso elevado – placas de
concreto sobre apoios de
concreto moldados no local