Revista Concreto & Construções - edição 90 - page 86

86 | CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018
u
encontros e notícias |
CURSOS
pesquisa e desenvolvimento
Análise experimental de uma
parede de alvenaria estrutural
de blocos de concreto de três
células em situação de incêndio
I. INTRODUÇÃO
A
s alvenarias têm sido usa-
das ao longo dos séculos
em paredes estruturais ou
simples de compartimentação. Nos
últimos 50 anos, houve algumas in-
vestigações para avaliar a resistência
ao fogo de paredes de alvenaria de
diversos materiais, sendo um deles o
concreto. Em 1970, Byrne [1] realizou
14 ensaios de resistência ao fogo em
paredes estruturais de tijolo cerâmi-
co maciço, variando a altura e a car-
ga aplicada na parede e mantendo
constante o comprimento e a espes-
sura da parede. Nessa investigação
verificou-se que a esbeltez (relação
altura/espessura) e o nível de carre-
gamento aplicado têm uma grande
influência na capacidade resistente
da parede sujeita a ações verticais e
em situação de incêndio. As paredes
menos esbeltas, com esbeltez igual
ou inferior a 20, apresentaram uma
resistência ao fogo de pelo menos
sessenta minutos, para qualquer ní-
vel de carregamento. Já o aumento
do valor da esbeltez das paredes re-
sultou numa redução pronunciada da
sua resistência ao fogo. Foi também
verificado que o tempo até ao colap-
so estrutural é maior para menores
esbeltezes das paredes.
Em 1970 e 1980, Lawrance e
Gnanakrishnan [2] realizaram uma
campanha de ensaios de resistência
ao fogo em 146 paredes resistentes
à escala natural, com unidades de
alvenaria de diferentes materiais e
espessuras. Os resultados dessa in-
vestigação comprovaram as conclu-
sões das investigações de Byrne [1].
Estes autores afirmaram que são ne-
cessários mais estudos sobre o com-
portamento de paredes de alvenaria
em situação de incêndio, nomeada-
mente sobre os efeitos do nível de
carregamento no tempo de colapso
estrutural das paredes expostas ao
incêndio.
A curvatura de origem térmica foi
também um fenômeno estudado por
Byrne [1] e Lawrence e Gnanakrish-
nan [2]. Este fenômeno foi conside-
rado uma das principais razões para
o colapso das paredes em caso de
incêndio devido ao deslocamento do
ponto de aplicação da carga verti-
cal em relação ao centro da parede.
Shields
et. al.
[3] estudaram também
a curvatura de origem térmica em
paredes de alvenaria e a influência
do aquecimento diferencial nelas.
Esse estudo foi realizado com blo-
cos silico-calcários maciços em es-
cala reduzida, não estando a parede
restringida axialmente no seu topo e
lateralmente. Os autores concluíram
que existem dois tipos de curvatura
térmica, restringida e não restringi-
da, que condicionam o seu compor-
tamento em situação de incêndio.
Estes dois tipos de curvatura atuam
independentemente uma da outra
na parede de alvenaria, sendo que a
curvatura restringida originou defor-
mações permanentes enquanto que
a não restringida apenas originou de-
formações reversíveis após arrefeci-
mento dos corpos de prova.
Os trabalhos experimentais de-
senvolvidos por Byrne [1], Lawrence
e Gnanakrishnan [2] e Shields
et. al.
[3] permitiram o desenvolvimento de
RÚBEN F. R. LOPES – D
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JOÃO PAULO C. RODRIGUES – P
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