Revista Concreto & Construções - edição 87 - page 27

CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017 | 27
estudo para serem reforçados são: o
gesso, o concreto, a argamassa de ci-
mento Portland e os solos coesivos e
granulares. Vários tipos de fibras têm
sido utilizadas, cada uma com suas ca-
racterísticas, diferindo umas das outras
pelo seu material, geometria, processo
de fabricação, composição química e
física, características mecânicas e re-
sistência a meios agressivos. As fibras
podem ser divididas segundo seu ma-
terial de origem: metais, cerâmicos e
poliméricos sintéticos ou naturais.
As fibras metálicas mais utilizadas
são as de aço carbono. As fibras de
aço utilizadas em elementos de cons-
trução contemplam uma grande varie-
dade de geometrias, bem como exis-
tem vários processos de manufatura.
Quanto à geometria, um parâmetro im-
portante é o fator forma (relação entre
o comprimento da fibra e seu diâmetro
ou diâmetro equivalente para seções
transversais não circulares), que em ge-
ral fica na faixa de 30 a 100.
As fibras cerâmicas, também co-
nhecidas como fibras minerais, mais
utilizadas são de vidro, carbono e as-
besto. As fibras de vidro são geralmente
manufaturadas na forma de “cachos”,
ou seja, fios compostos de centenas de
filamentos individuais. O diâmetro dos
filamentos individuais depende das pro-
priedades do vidro, do tamanho do furo
por onde são extrusados e da velocida-
de de extrusão. As fibras produzidas a
partir do vidro tipo E (
Electrical
) são ata-
cadas pelos álcalis presentes nos ma-
teriais baseados em cimento portland.
Fibras de vidro tipo AR (
Álcali Resistent
)
apresentam resistência ao meio alcalino
e têm sido utilizadas com sucesso nas
matrizes de concreto à base de cimen-
to Portland. As fibras de carbono são
baseadas na resistência das ligações
carbono-carbono e na leveza do áto-
mo de carbono. As fibras de asbesto,
também conhecidas como fibras de
amianto, são de uso mais tradicional
que os outros tipos de fibras, devido
à sua ocorrência natural. Entretanto,
as estatísticas têm mostrado o rápido
decréscimo do consumo de placas de
cimento amianto devido, principalmen-
te, aos danos à saúde provocados por
esse tipo de fibra.
As fibras poliméricas podem ser
divididas em sintéticas e naturais. As
poliméricas sintéticas, ou simples-
mente sintéticas, mais utilizadas são
as fibras de polipropileno, polietileno
e poliamida. As fibras de polipropileno
são constituídas de um material poli-
mérico denominado termoplástico. Os
polímeros termoplásticos consistem
em uma série de longas cadeias sepa-
radas de moléculas polimerizadas, po-
dem deslizar umas sobre as outras e
apresentam alta resistência aos álcalis.
As fibras de polietileno, de peso mole-
cular normal, têm um módulo de elasti-
cidade baixo, são fracamente aderidas
à matriz de concreto e são altamente
resistentes aos álcalis. As fibras de
poliamida mais comuns estão dividi-
das em dois tipos segundo a origem
do polímero, que pode ser a poliamida
6 ou a poliamida 6.6, sendo também
conhecidas como náilon.
As fibras poliméricas naturais, tam-
bém conhecidas como fibras vegetais,
são usadas pelo homem há milênios.
Pode-se citar o emprego de fibras ve-
getais como reforço de gesso que vem
desde o Renascimento e a utilização
de mantas de raízes para reforço de
maciços de terra (zigurates). As fibras
vegetais são utilizadas na formação
de diversos compostos, mas também
podem ser degradadas pela ação de
fungos e microorganismos. A produ-
ção de materiais de cimento Portland
comum reforçados com fibras vegetais
não teve sucesso devido à rápida de-
gradação dos compostos, ocasionada
pela elevada alcalinidade da água pre-
sente nos poros da matriz do cimento
(Carnio, 2009).
2. CONCRETO REFORÇADO
COM FIBRAS NO BRASIL
O uso de fibras em matriz cimentí-
cia no Brasil já é conhecido há muito
tempo no setor de construção por meio
das telhas de fibrocimento. Inicialmen-
te as fibras utilizadas eram de amian-
to, que caiu em desuso em virtude de
problemas relacionados à saúde de tra-
balhadores pelo seu manuseio. No en-
tanto, o compósito é uma argamassa
reforçada com fibras e não exatamente
um concreto.
No campo de pisos industriais, mer-
cado esse de grande aplicação do CRF,
a obra do Centro de Distribuição das
Casas Bahia em Jundiaí foi um marco
importante em 1995 pelo seu tama-
nho. Foram feitos 135.000 m² de piso
de CRFA. Além dessa referência, foram
executados na época pisos de CRF no
Aeroporto de Viracopos, Aeroporto do
Galeão, Renault, Volkswagem e Peuge-
ot. Desde essa época até os dias atu-
ais, a aplicação em pisos industriais é o
grande mercado do CRF.
O CRF avançou de forma significa-
tiva como solução estrutural em pisos
industriais pelo fato de se ter reforço
estrutural em toda seção transversal do
piso, contrapondo à solução com telas
soldada que tem reforço somente na
posição da tela na seção transversal,
posição essa que apresenta dificulda-
de de se manter durante o processo de
execução do piso. Também teve como
ponto favorável entre os executores de
piso a agilidade de execução, a facili-
dade de lançamento, adensamento e
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