Revista Concreto & Construções - edição 87 - page 29

CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017 | 29
estudos tecnológicos, avaliando-se
tipos e teores de dosagens, a influên-
cia da quantidade de fibras por quilo,
influência das fibras no comportamento
mecânico do material, bem como em
possibilidades de utilização do material
estrutural. Também foram realizados
estudos comparando as fibras segun-
do os vários métodos de ensaios e cri-
térios de quantificação da tenacidade à
flexão, visando chegar à melhor repre-
sentação do comportamento mecânico
do material.
Atualmente existem várias institui-
ções que apresentam grupos e linhas
de pesquisa estudando o CRF para
além da USP e da UNICAMP. Dentre
elas, podem-se citar trabalhos sendo
desenvolvidos na Universidade Federal
de Uberlândia, na Universidade Federal
de Alagoas, na Universidade Federal do
Rio de Janeiro, na Universidade de Bra-
sília, na PUC Campinas, na PUC Rio,
no Instituto Federal de São Paulo – Ca-
raguatatuba. Vale ainda ressaltar que
existem outras instituições de ensino e
pesquisa que também trabalham com
o CRF de forma mais pontual.
A maioria dos trabalhos de pesquisa
sempre esteve voltada para a tecnolo-
gia do material e para a avaliação do
seu comportamento à tração. Recen-
temente começaram a se intensificar
pesquisas no campo das aplicações
estruturais, envolvendo ensaios de
elementos estruturais e estudos sobre
modelos de dimensionamento.
3. APLICAÇÕES DO CONCRETO
REFORÇADO COM FIBRAS
DE AÇO (CRFA)
No Brasil, o CRF teve grande avan-
ço nos anos 90 com a iniciativa de
fabricação no Brasil de fibras de aço,
sendo então essas as primeiras fibras
utilizadas em concretos reforçados
como material de construção moderno.
Para inserção em obras, a eficiência
do Concreto Reforçado com Fibras de
Aço (CRFA) teve como referência inú-
meras obras existentes no mundo, bem
como a vasta bibliografia que tratava de
suas características e comportamento
estrutural para diversas aplicações em
construções. No Brasil, houve nessa
época grande inserção em obras de in-
fraestrutura e nas Usinas Hidrelétricas
de Machadinho, Rosal e Itapebi.
Pode-se dizer que a maioria das fi-
bras de aço propicia algum tipo de re-
forço ao concreto. As fibras de aço para
uso em concreto têm comprimentos que
variam entre 30 e 60 mm e diferentes for-
mas de seção transversal, dependendo
do processo de fabricação. Geralmente,
essas fibras possuem conformações ao
longo de todo o seu comprimento (fibras
onduladas) ou somente nas extremida-
des. Tais conformações têm a finalidade
de melhorar o comportamento da fibra
com relação à aderência, por meio da
ancoragem mecânica.
Dentre os vários tipos de fibras, são
mais comuns as de seção transversal
circular, que são produzidas a partir do
corte de fios trefilados, e as de seção
retangular, que são produzidas a partir
do corte de chapas de aço. No entanto,
as fibras de aço que apresentam atual-
mente melhor eficiência para reforço do
concreto são aquelas de seções trans-
versais circulares com diâmetros entre
0,5 e 1 mm, produzidas por meio de
fios trefilados e com ganchos nas extre-
midades. A resistência à tração dessas
fibras varia entre 500 MPa e 1150 MPa,
apresentando módulo de elasticidade
de 210 GPa.
A matriz do compósito pode ser
constituída de concreto de resistên-
cia normal ou de alta resistência. Na
dosagem de uma matriz de concre-
to para confecção de um compósito
com fibras, deve-se ter atenção com
a fluidez da mistura, uma vez que a
introdução das fibras causa uma con-
siderável perda de fluidez. Isso ocorre
porque as fibras possuem grande área
superficial, têm maior contato entre si
e com os outros elementos constituin-
tes do concreto, aumentando muito o
atrito entre os materiais, diminuindo a
fluidez da mistura. Misturas com maior
porcentagem de argamassa e o uso
de aditivos superfluidificantes auxiliam
neste aspecto.
Na maioria dos concretos empre-
gados correntemente em pavimentos
que incorporam fibras de aço, a utiliza-
ção de baixos teores de fibras de aço
(
0,5% e
0,25% em volume) não au-
menta significativamente a resistência
à tração. Dessa forma, a matriz fissura
praticamente com o mesmo nível de
tensão e de deformação do que quan-
do não reforçada com fibras de aço.
4. APLICAÇÕES DO CONCRETO
REFORÇADO COM FIBRAS
SINTÉTICAS (CRFS)
Conforme o ACI 544.1R–82 (1982),
as fibras típicas de plástico, como po-
liamida (náilon), polipropileno, polietile-
no, poliéster (PET), têm diâmetro va-
riando entre 0,02 mm a 0,38 mm. As
u
Figura 5
Fibras de aço utilizadas
em CRFA
1...,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28 30,31,32,33,34,35,36,37,38,39,...116
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