Revista Concreto & Construções - edição 87 - page 31

CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017 | 31
teores normalmente utilizados para
aplicações estruturais estão entre 0,2%
e 0,5% em volume, representando do-
sagem entre 4,5 kg/m
3
e 13 kg/m³.
Atualmente, é possível a utiliza-
ção de macrofibras de vidro AR com
capacidade de reforço estrutural de
concretos, atuado de forma similar às
macrofibras sintéticas e às fibras aço.
Sua aplicação envolve também pisos
industriais, elementos pré-moldados,
radiers, etc.
6. NORMALIZAÇÃO DO
CONCRETO REFORÇADO
COM FIBRAS
As referências normativas disponí-
veis atualmente no Brasil que envol-
vem o CRF são: a ABNT NBR 15305 –
Produtos pré-fabricados de materiais
cimentícios reforçados com fibras de
vidro – Procedimentos para o controle
de fabricação de 2005; a ABNT NBR
8890 - Tubo de Concreto Armado de
Seção Circular para Esgoto Sanitário,
que contempla a utilização do con-
creto armado e do concreto reforçado
com fibras de aço de 2007 e a ABNT
NBR 15530 - Fibras de Aço para
Concreto – 2007. As duas primei-
ras (ABNT NBR 15305 e ABNT NBR
8890) referem-se a produtos e o CRF
é contemplado dentro do escopo de-
las. A ABNT 15530 diz respeito a um
material componente do CRF.
É importante ressaltar que, do
ponto de vista de normalização, de-
ve-se considerar quatro enfoques
importantes para o CRF: o primeiro
se refere às fibras, o segundo, a ava-
liação do comportamento do CRF, o
terceiro diz respeito ao projeto de es-
truturas de CRF e o quarto trata sobre
o controle de qualidade do CRF.
A expectativa sempre foi utilizar o
CRF como material estrutural e, para
isso, é extremamente importante co-
nhecer o comportamento mecânico
do material. Dessa forma, inicialmen-
te vem a necessidade de conhecer o
material quando submetido à com-
pressão e à tração.
Com esse entendimento, foi sen-
do construído desde 1980, por meio
de pesquisas e normalização, proce-
dimentos de ensaio para avaliação
do comportamento à tração do CRF.
Nesse sentido, a ASTM C1018 e a
JSCE SF4 foram as precursoras. Es-
sas normas permitiram o estabeleci-
mento dos primeiros parâmetros para
projeto de estruturas, fundamentados
em Índices de Tenacidade (ASTM
C1018) e Tenacidade e Fator de Te-
nacidade (JSCE SF4).
A partir desses parâmetros, vários
procedimentos de projeto foram ela-
borados para dimensionamento de
elementos de CRF, procedimentos
esses não considerados como nor-
mas para aplicação estrutural do CRF,
mas com grande inserção para apli-
cações do CRF, como, por exemplo,
em placas apoiadas em meio elástico,
que é o caso dos pisos industriais.
Como o campo de aplicação tam-
bémavançou no revestimento de túneis,
particularmente como concreto proje-
tado no sistema NATM, procedimentos
de dimensionamento de revestimentos
de Concreto Projetado Reforçado com
Fibras (CPRF) foram fundamentados
na avaliação de uma quantidade de
energia (Tenacidade) para ser atendida
pelo CPRF, visando garantir a interação
solo-estrutura. Como exemplo, têm-
-se os critérios estabelecidos em 1996
pela EFNARC (
European Specification
for Sprayed Concrete
), que apresenta
três classes de Tenacidade para reves-
timento de CPRF, vinculando-as às si-
tuações de projeto dos túneis.
Entre 1994 e 1998, um projeto pa-
trocinado pela Comunidade Européia
- Programa Brite-Euram III (
Industrial
& Materials Technologies
), envolvendo
indústrias, universidades e organiza-
ções de pesquisa, patrocinou vários
trabalhos em várias instituições de
pesquisa e em empresas fabricantes
de fibras de aço na Europa, culminan-
do numa série de publicações sobre
ensaios e métodos de projeto para
o concreto reforçado com fibras de
aço. Essa ação representou um gran-
de avanço na tecnologia do CRF, pois
possibilitou uma série de estudos que
culminaram, no início dos anos 2000,
em ações no sentido de se estabele-
cer normas para projeto de estruturas
de CRF, bem como numa convergên-
cia no método de avaliação do com-
portamento do CRF, consolidando o
conceito de resistência residual pós-
-fissuração da matriz de concreto,
em detrimento dos conceitos de te-
nacidade e energia como parâmetros
de projeto.
A partir do trabalho desenvolvido
por meio do Programa Brite-Euram
III, em um movimento dos segmen-
tos industriais fabricantes de fibras de
aço, o
Model Code 2010
produzido
pela FIB contemplou a utilização do
CRF como material estrutural. A
fib
(
International Federation for Structu-
ral Concrete
), formada por 44 grupos
nacionais de membros e aproximada-
mente 1.000 membros individuais ou
corporativos, é uma associação sem
fins lucrativos, comprometida com
o desempenho técnico, econômico,
estético e ambiental de estruturas de
concreto em todo o mundo.
Com essa referência, a partir de
2011, organizou-se na ABECE (As-
sociação Brasileira de Engenharia e
Consultoria Estrutural) um comitê de
1...,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30 32,33,34,35,36,37,38,39,40,41,...116
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