Revista Concreto & Construções - edição 87 - page 25

CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017 | 25
JÁ TEMOS MODELOS NUMÉRICOS QUE PREVEEM COMPORTAMENTO
COM ALTO NÍVEL DE PRECISÃO, CAPAZES DE POSSIBILITAR A
OTIMIZAÇÃO DE SISTEMA DE REFORÇO, CUJO EMPREGO
NO FUTURO DEVE SER CADA VEZ MAIOR
IBRACON
– D
e
que
maneira
você
entende
que
a
indústria
de
estruturas
e
painéis
de
concreto
pré
-
moldado
pode
se
beneficiar
do
CRF?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
– Os
pré-moldados devem ser um dos
principais campos de aplicação do
concreto reforçado com fibras. A
fibra já é uma realidade para as obras
enterradas pré-moldadas. Existem
trabalhos acadêmicos mostrando sua
viabilidade, tanto do ponto de vista
mecânico quanto de durabilidade,
pois a fibra amplia a capacidade de
resistência às fissuras das peças.
As fibras podem ajudar também
na absorção de energia no caso
das estacas cravadas. Estamos
desenvolvendo modelos de previsão.
E estamos estudando o uso de
fibras em vigas fletidas, onde parte
das armaduras convencional pode
ser substituída por fibras. Nossa
preocupação não é a eliminação do
vergalhão, mas ter um sistema de
reforço otimizado, ou seja, querer o
melhor dos dois mundos: o melhor
do vergalhão, que é o estado limite
último, e o melhor da fibra, que é o
controle de fissuração e o estado
limite de serviço.
IBRACON
– Q
uais
suas
motivações
ao
estudar
o
CRF?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
– Minha
principal motivação é encontrar
boas soluções de engenharia. O
estudo da fibra muda os padrões
de raciocínio, pois requer pensar
o compósito, para se formular a
dosagem e o controle do material.
Como pesquisador eu me interesso
pelo desafio de desenvolvimento
tecnológico. A fibra me traz desafios
constantes, desde o controle
até a verificação do elemento
estrutural. Estou orientando um
trabalho de mestrado que busca
resolver o problema de se extrair
um testemunho cilíndrico de CRF
para produzir um corpo de prova a
ser submetido ao ensaio Barcelona,
estudando a viabilidade desse
ensaio para validar o controle
rigoroso das estruturas. Este tipo
de pesquisa é fundamental para ser
aplicado em obras de infraestrutura,
em relação às quais o Brasil é
muito carente. Então, ao lado do
desafio, há a responsabilidade social
da boa aplicação nas obras de
infraestrutura, principalmente obras
de saneamento básico e
de transporte.
IBRACON
– Q
ual
é
o
futuro
da
aplicação
do
concreto
reforçado
com
fibras
? P
ara
aonde
apontam
as
pesquisas
científicas
em
curso
e
o
desenvolvimento
tecnológico
do
concreto
reforçado
com
fibras
?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
Basicamente para as obras de
infraestrutura numa perspectiva
dos pesquisadores brasileiros.
Estamos investindo muito em
modelagem do comportamento do
concreto para essas obras, porque
valem o investimento financeiro da
pesquisa para seu planejamento e
otimização. São volumes grandes
de concreto. Se tenho, por exemplo,
uma otimização de uma aduela de
um túnel de 10 km, tenho um ganho
de escala. Por isso, a demanda de
pesquisa nesta área é grande.
Não consigo imaginar no futuro uma
obra de barragem no Brasil sem uso
de fibras.
IBRACON
– O
que
as
entidades
técnicas
têm
feito
para
incentivar
a
pesquisa
e
aplicação
do
CRF?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
– Várias
entidades têm colaborado com
o assunto ao mostrar interesse e
incentivar as discussões, como o
IBRACON e a ABECE, que sediam o
Comitê Técnico 303 sobre concreto
reforçado com fibras. Sem falar
em todos os recursos da FAPESP,
parceira importante no apoio
de pesquisas sem um interesse
imediato de aplicação comercial.
IBRACON
– Q
uais
são
seus
hobbies
?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
– Sempre
gostei muito de ouvir música e
praticar esportes. Infelizmente sou
um péssimo músico. Gosto de
correr e principalmente de pedalar.
Já participei de provas de
mountain
bike
. Já corri a São Silvestre. Faço
a volta da USP. Gosto também de
ler o que me cai na mão, desde
neurociência, passando por ética,
até história.
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