Revista Concreto & Construções - edição 87 - page 18

18 | CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017
[O
fib MODEL CODE
] BASEIA-SE NA PREMISSA DE QUE A FIBRA
NÃO ALTERA O COMPORTAMENTO BÁSICO DA MATRIZ DE CONCRETO,
MAS DEVE PROPORCIONAR RESISTÊNCIAS RESIDUAIS MÍNIMAS
PARA NÍVEIS DISTINTOS DE ABERTURA DE FISSURA
construtivo do concreto armado,
basta posicionar a armadura e
verificar se ela está na posição
determinada em projeto, liberando,
em seguida, a concretagem. No
concreto reforçado com fibras,
será preciso controles para evitar
segregações e concentrações de
fibras, que poderão prejudicar
a condição de reforço. Numa
pesquisa conseguimos demonstrar
que na execução de uma placa de
CRF, direcionando o lançamento
do concreto pelo centro ou pela
borda, muda-se a capacidade de
reforço do conjunto. Sendo assim,
o controle de execução de uma
estrutura com fibras deve ser mais
rigoroso para evitar orientações
que prejudiquem a capacidade de
reforço, o que pode ser gerado pelo
fluxo do concreto.
IBRACON
– B
usca
-
se
sempre
que
a
distribuição
da
fibra
na
matriz
de
concreto
seja
randômica
?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
– Nem
sempre! Normalmente, na maior
parte das aplicações a distribuição
randômica funciona bem, mas,
para algumas aplicações, busca-se
uma certa orientação das fibras,
como para aproveitar o efeito de
borda. Na execução de tubos pré-
moldados com concreto reforçado
com fibras, usa-se uma fibra longa
para uma parede pouco espessa,
para potencializar o alinhamento
das fibras com a parede do tubo,
criando um efeito parede, para, com
isso, maximizar o comportamento
estrutural do tubo, ampliando sua
capacidade de reforço.
IBRACON
– E
m
termos
de
projeto
estrutural
,
quais
são
as
diretrizes
gerais
e
os
requisitos
mínimos
de
desempenho
mecânico
do
CRF
para
substituição
parcial
ou
total
das
armaduras
convencionais
?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
– O projeto
de uma estrutura de concreto com
a utilização de fibras tem como
principal diretriz, nos dias atuais,
o Código Modelo
fib
(Federação
Internacional do Betão) publicado
em 2010. Foi uma grande evolução
porque permitiu classificar distintos
comportamentos do concreto com
fibras para finalidades estruturais.
Esse código foi utilizado como
referência principal para a elaboração
da Prática Recomendada de projeto
de estruturas com CRF elaborada
no Comitê Técnico CT303 do
IBRACON/ABECE. De maneira bem
simplificada, pode-se afirmar que
ele se baseia na premissa de que a
fibra não altera o comportamento
básico da matriz de concreto, ou
seja, as resistências à compressão
e à tração do concreto reforçado
com fibras permanecem as mesmas
do concreto armado convencional
em termos de projeto. No entanto,
espera-se uma alteração muito
significativa no comportamento
pós-fissuração. Ou seja, a fibra deve
proporcionar resistências residuais
mínimas para níveis distintos de
abertura de fissura. Associam-se as
baixas aberturas de fissura (0,5 mm)
com o estado limite de serviço (ELS)
das estruturas e os elevados níveis
de abertura (2,5 mm) com o estado
limite último (ELU). Esses valores de
resistência residual são determinados
por um ensaio de referência baseado
na flexão de prismas com entalhe,
que segue a normalização europeia
pelo método EN14651 de 2007. O
grande salto do Código Modelo fib
foi possibilitar a conversão desses
resultados em equações constitutivas
para o dimensionamento das
estruturas. Com isso, se consegue
estabelecer os requisitos mínimos
de comportamento do material para
cada finalidade. Dessa maneira, se
há interesse em substituir a armadura
convencional em uma estrutura
isostática, por exemplo, exige-se que o
CRF apresente um comportamento de
strain-hardening
, ou endurecimento.
Ou seja, ele deve apresentar uma
resistência residual no estado limite
de serviço e no estado limite último
superior àquele apresentado pela
matriz. Em outras palavras, uma vez
fissurado, o CRF deve apresentar
uma capacidade resistente superior
à resistência à tração do concreto.
Por outro lado, quando se deseja
substituir parcialmente o reforço
convencional ou mesmo quando há
um elevado grau de redundância
estrutural com elevado nível de
1...,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17 19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,...116
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