CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017 | 23
em termos de sistemas de controle
tecnológico, com estudos prévios
de homologação, montagem de
laboratórios nos canteiros e com
muitos ensaios realizados.
IBRACON
– L
evando
em
conta
as
diferenças
de
aplicação
do
concreto
reforçado
com
fibras
no
B
rasil
e
na
E
uropa
,
a
preconização
normativa
da
fib
para
seu
controle
tecnológico
pode
ser
aplicada
no
B
rasil
?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
– Pode,
mas é necessária uma certa
‘tropicalização’ dos ensaios. Na
última edição da Revista, o Roberto
Bauer chamou muito bem a atenção
para um problema com o sistema
de controle tecnológico do concreto
no Brasil, ao afirmar que nem todos
os laboratórios são credenciados no
Inmetro. Se isto é preocupante para
o concreto convencional destinado
às estruturas de concreto armado,
cujo parâmetro de controle é a
resistência à compressão, imagine
para o concreto reforçado com
fibras, cujo controle tecnológico é
bem mais sofisticado. Por isso, no
Brasil precisamos buscar ensaios de
controle mais simples, que possam
ser disseminados para todas as
regiões, para que os engenheiros
possam tomar decisões a partir dos
resultados desses ensaios.
IBRACON
– C
omparativamente
com
o
concreto
armado
corrente
,
quais
as
expectativas
de
durabilidade
dos
concretos
reforçados
com
fibras
?
M
esmo
no
caso
das
fibras
de
vidro
AR
(
álcali
resistentes
)
não
há
perigo
de
ataques
às
fibras
ao
longo
do
tempo
?
E
para
as
fibras
de
aço
,
não
há
risco
de
microcorrosões
localizadas
?
A
ntonio
D.
de
F
igueiredo
– Os
problemas de durabilidade são
distintos de um tipo de fibra para
outro. Pode-se usar fibras de aço ou
de vidro para uma mesma condição
de reforço, desde que os estudos
de dosagem e controle dessas fibras
sejam específicos.
Em termos de durabilidade, as
pesquisas internacionais realizadas
mostram que o concreto com fibras
de aço dura mais do que o concreto
com vergalhão. Isto acontece por
vários motivos. Por serem menores
do que o vergalhão, a diferença de
potencial nas fibras é menor, de
modo que o processo eletroquímico
de despassivação é menos intenso
no concreto reforçado com fibras
relativamente ao concreto armado.
Por sua vez, o teor de cloretos
necessário para despassivar o
concreto reforçado com fibras para
que ocorra sua corrosão deve ser
muito maior do que o do concreto
armado. Ainda que a fibra sofra
corrosão, ela não se expandirá
suficientemente para romper o
cobrimento – uma fibra que se oxida
na superfície do CRF não afetará
a função estrutural trazida pelas
fibras não oxidadas mais internas.
Por outro lado, quando o vergalhão
oxida, ele rompe o cobrimento e
perde parcela significativa de sua
função estrutural. Estudos de Carlos
Gil Berrocal sobre a possibilidade
de intensificação da corrosão do
vergalhão por conta do uso da fibra
de aço, assumindo-se a hipótese de
diminuição da resistividade elétrica
volumétrica do concreto reforçado
com fibras, não corroboraram essa
hipótese. Ou seja, mesmo nessa
condição crítica, o CRF é mais
durável. Não existem evidências
para se esperar que uma estrutura
com concreto reforçado com fibras
de aço dure menos. No entanto,
nenhum estudo conseguiu ainda
quantificar essa maior durabilidade,
ou seja, não temos ainda um
modelo de previsão adequado da
vida útil do CRF.
Como a fibra se distribui por todo o
material, ela controla o padrão de
fissuração, dificultando a entrada
de agentes agressivos. Os estudos
que fizemos com tubos e aduelas
com concreto reforçado com fibras
mostram que seu limite elástico é
superior. Assim, a faixa de trabalho
da estrutura com CRF antes da
fissuração é mais larga do que
a faixa de trabalho da estrutura
com vergalhão. Sendo assim, a
capacidade de resistir à entrada
de agentes agressivos é maior no
concreto reforçado com fibras. Isto,
de certa forma, vale também para as
outras fibras – poliméricas e de vidro.
Obviamente que a fibra de vidro tem
EM TERMOS DE DURABILIDADE, AS PESQUISAS
INTERNACIONAIS REALIZADAS MOSTRAM QUE O
CONCRETO COM FIBRAS DE AÇO DURA MAIS DO QUE
O CONCRETO COM VERGALHÃO
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