30 | CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017
fibras poliméricas mais empregadas
são as sintéticas, em especial as de
polipropileno. Na prática os teores
de fibras utilizadas são de no máxi-
mo 1% em volume, e mesmo com
teores bem inferiores, como 0,5%,
têm-se obtido concretos com boa te-
nacidade e considerável melhoria na
resistência ao impacto. A adição de
fibras de polipropileno interfere pouco
na resistência do concreto à tração. A
resistência do polipropileno à tração é
maior que a da matriz, mas seu mó-
dulo de elasticidade é menor, portan-
to alonga-se mais que a matriz.
Atualmente as fibras sintéticas po-
dem ser divididas em microfibras e
macrofibras. As microfibras sintéticas
(apresentam comprimentos em geral
inferiores a 30 mm e diâmetro inferior
a 0,30 mm) são aquelas utilizadas ex-
clusivamente para contribuir no con-
trole de retração do concreto, quando
esse ainda está no seu estado fresco
(não endurecido), não apresentando
capacidade de incorporar tenacidade
ao concreto. As macrofibras sintéti-
cas são aquelas que têm capacidade
de incorporar tenacidade ao concreto
e podem ser utilizadas como as fibras
de aço, atuando após o endurecimen-
to do concreto e incorporando tenaci-
dade ao material. As fibras apresen-
tam como características mecânicas
resistência à tração na faixa de 100
a 650 MPa e módulo de elasticidade
numa faixa de 5 a 7 GPa. Seu com-
primento varia de 30 mm a 60 mm,
seu diâmetro é superior a 0,30 mm e
sua densidade é 900 kg/m
3
. Os teo-
res normalmente utilizados para apli-
cações estruturais giram em torno de
0,5% em volume, representando do-
sagem de 4,5 kg/m
3
.
O CRFS como material estrutural
surgiu no Brasil em 2004, para algu-
mas aplicações semelhantes às do
CRFA. As fibras sintéticas denomi-
nadas macrofibras são aquelas que
conseguem melhorar as característi-
cas do material concreto no estado
endurecido, atuando após fissuração
da matriz no controle da abertura e na
propagação das fissuras.
Atualmente no Brasil o CRFS é
muito utilizado como material de
construção, uma vez que polímeros,
como o polipropileno, apresentam
maior durabilidade em meio alcalino,
não estando sujeito à oxidação como
ocorre com o aço. Essa situação
é vantajosa, uma vez que, como a
maioria das construções estão sujei-
tas à degradação pela exposição ao
ambiente, ter um material com maior
durabilidade é bastante vantajoso
para a vida útil da estrutura.
5. APLICAÇÕES DO CONCRETO
REFORÇADO COM FIBRAS
DE VIDRO (CRFV)
As fibras de vidro podem apresen-
tar problemas de durabilidade, uma
vez que a alcalinidade do cimento
reage com a sílica da fibra de vidro.
Na década de 1970 surgem como al-
ternativa a utilização de fibras de vi-
dro resistentes a álcalis. A resistência
ao meio alcalino é conseguida pela
adição de zircônia ao vidro. Quanto
maior o teor de zircônia, melhor a re-
sistência ao ataque de álcalis. Dessa
forma, as fibras de vidro que apre-
sentam teor de zircônia de no mínimo
19% podem ser consideradas como
álcali resistentes (AR) e somente es-
sas devem ser utilizadas em matrizes
cimentícias.
Da mesma forma que as fibras sin-
téticas, atualmente as fibras de vidro
AR são divididas em microfibras e ma-
crofibras. As microfibras de vidro AR
(apresentam comprimentos em geral
inferiores a 30 mm e diâmetro inferior
a 0,30 mm) são aquelas utilizadas ex-
clusivamente para contribuir no con-
trole de retração no estado fresco e
endurecido, não apresentando capa-
cidade de incorporar tenacidade ao
concreto. As macrofibras de vidro AR
são aquelas que têm capacidade de
incorporar tenacidade ao concreto e
podem ser utilizadas como as fibras
de aço e macrofibras sintéticas, atu-
ando após o endurecimento do con-
creto e incorporando tenacidade ao
material. As fibras apresentam como
características mecânicas resistência
à tração de 1700 MPa e módulo de
elasticidade de 72 GPa. Seu compri-
mento varia de 35 mm a 40 mm, seu
diâmetro é em torno de a 0,02 mm
e sua densidade é 2680 kg/m
3
. Os
u
Figura 6
Macrofibras sintéticas
(polipropileno)
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Figura 7
Macrofibras de vidro AR