CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017 | 41
As propriedades do UHPFRCC são
afetadas diretamente pela quantidade
de fibras utilizadas em sua composi-
ção, tanto no estado fresco como no
endurecido. Quanto maior o volume de
fibras, que normalmente corresponde a
2% do volume total, maior a resistên-
cia à tração e tenacidade, (sem limite?
Seria bom dar um limite) mas, por ou-
tro lado, sua trabalhabilidade é afetada.
Entretanto, essas propriedades são
também afetadas pelo material com
que a fibra é constituída e pelo seu for-
mato. Experimentos em que foram adi-
cionadas fibras de diferentes materiais,
basalto, polipropileno e aço inoxidável
(Fig. 2), em teores de 1% e 2% em re-
lação ao volume da matriz cimentícia,
resultaram em comportamentos mecâ-
nicos distintos. Os compósitos reforça-
dos com fibras de basalto apresenta-
ram incremento na resistência à tração
axial, mas não tiveram aumentada sua
tenacidade, mantendo a ruptura frágil.
Por outro lado, as fibras de aço e de
polipropileno proporcionaram o incre-
mento de capacidade resistiva após
o surgimento das primeiras fissuras
(
strain-hardening
), apresentando inclu-
sive o padrão de fissuração com o sur-
gimento de várias microfissuras (Figs.
3 e 4). Entretanto, enquanto o uso de
fibras de aço inoxidável aumentará a
resistência à tração dos compósitos,
as matrizes reforçadas com fibras de
polipropileno tiveram resistência à com-
pressão inferior à da matriz cimentícia
sem adição de fibras. (Salvador Filho
et
al
2016).
Atualmente estão sendo desen-
volvidos no Laboratório Integrado
de Engenharia Civil (LIEC) do Insti-
tuto Federal de São Paulo (IFSP), no
campus Caraguatatuba, estudos de
dosagem do UHPFRCC produzidos a
partir de materiais locais e reforçados
com fibras de vidro álcali-resistentes.
Algumas características das fibras de
vidro, como a resistência à corrosão,
facilidade de fabricação e custo re-
lativamente baixo, podem ser vanta-
josas na produção do UHPFRCC. O
LIEC-IFSP em parceria com o Labo-
ratório de Materiais e Componentes
da Construção Civil da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), está
desenvolvendo estudos de durabi-
lidade do UHPFRCC produzidos a
partir do uso de resíduos minerais em
substituição ao cimento Portland.
3. DETERMINAÇÃO DAS
PROPRIEDADES MECÂNICAS
A tenacidade do UHPFRCC e sua
capacidade de continuar aumentando
sua resistência à tração mesmo após a
fissuração são os principais parâmetros
de avaliação do UHPFRCC. Os con-
cretos convencionais reforçados com
fibras têm suas propriedades avaliadas
u
Figura 2
Fibras de (a) basalto, (b) polietileno de alta densidade
e (c) aço inoxidável (Salvador Filho
et al.
2016)
b
c
a
u
Figura 3
Ensaio de tração axial de acordo com as recomendações da JSCE:
(a) dimensões em milímetros do corpo de prova e (b) aparato para
realização do teste (Salvador Filho
et al
, 2016)
b
a