CONCRETO & Construções | Ed. 87 | Jul – Set • 2017 | 43
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encontros e notícias |
CURSOS
seção especial: ensino e aprendizado na engenharia civil
Currículo de engenharia civil
e mercado
JOSÉ MARQUES FILHO – P
rofessor
U
niversidade
F
ederal
do
P
araná
1. INTRODUÇÃO
A
sociedade atual, com grande
concentração urbana forma-
da muitas vezes por metró-
poles com vários milhões de habitantes,
depende totalmente da infraestrutura
civil instalada. É impossível manter o te-
cido social sem o fornecimento de água,
moradia, energia, retirada de dejetos, lo-
gística de transporte, abastecimento de
alimentos e insumos. Esse desafio no
Brasil é aumentado pela grande quan-
tidade de pessoas que devem ter sua
qualidade de vida melhorada e incorpo-
rada ao processo produtivo digno.
Hoje são claros os gargalos de in-
fraestrutura que o país apresenta, li-
mitando seu crescimento, a geração
de riqueza e a capacidade produtiva,
impedindo a melhoria da condição de
subsistência da sociedade. Essa ne-
cessidade indica o que a sociedade
requer dos engenheiros que são forma-
dos, incluindo planejamento adequa-
do, soluções inovadoras e módicas.
Essa abordagem requer conhecimento
técnico sedimentado, capacidade de
inovação e criatividade, e todos esses
ingredientes deveriam fazer parte do
curso de engenharia civil.
O engenheiro civil é basicamente um
empreendedor que resolve problemas da
sociedade, tendo seu foco nos desejos
dela, e empreender requer a capacidade
de movimentar grande parte do mecanis-
mo social, gerando condições para o in-
vestimento de capital, análise e mitigação
de riscos, minimização do impacto socio-
ambiental e a geração de estruturas se-
guras, duráveis e com custo adequado.
Uma discussão do mercado e do
perfil do engenheiro necessário para
nossa sociedade é sadia e deve ser am-
pla, pois dela obtém-se a grade curricu-
lar que satisfaria esses condicionantes.
2. ANÁLISE SITUACIONAL
A sociedade humana atual está,
em grande, parte distribuída no globo
em concentrações urbanas, com vá-
rios milhões de pessoas coexistindo
em espaços físicos reduzidos. O aden-
samento cria a necessidade de distri-
buição de água, energia, alimentos,
moradia, mobilidade, saúde e empre-
go em regiões cujas áreas e recursos
existentes não seriam suficientes para
a garantia de sobrevivência digna. A Fi-
gura 1 apresenta a distribuição da po-
pulação humana e a Figura 2 mostra a
urbanização existente evidenciando a
grande concentração em áreas relati-
vamente pequenas.
Verifica-se que há uma quantidade
expressiva de conglomerados urbanos
com população superior a 1 milhão de
habitantes no mundo e esse compor-
tamento se repete no Brasil, onde nos
últimos 50 anos houve uma migração
importante da população rural para
as cidades, pressionando os recursos
naturais existentes. As necessidades
de fornecimento de água, energia,
moradia, vias de transporte e logística
de suprimento são cada vez mais im-
portantes, e o destino e tratamento de
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Figura 1
Densidade demográfica em 2014