Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 53

CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 53
& Construçõese
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o Eng. Carlos José Massucato, da Intercement, o programa
de desempenho operacional da empresa tem mostrado que
as centrais misturadoras promovem uma maior homogenei-
dade do concreto, com maior sinergia entre os aditivos, num
menor tempo de mistura, em relação às centrais dosadoras.
Além disso, “há a garantia do controle interno do produto,
com o controle exato de água que entra no concreto, sem
necessidade de ajuste no canteiro de obras”, apontou.
Para Tutikian, outra vantagem é a automatização de todo
o processo de produção de concreto e argamassa, o que
garantiria a uniformidade do traço do concreto.
As desvantagens das centrais misturadoras seriam seu
maior custo de investimento e operação, bem como a restrição
de volume por amassada. Essas desvantagens explicariam por
que existem poucas centrais misturadoras no Brasil, em geral
concentradas nas empresas de pré-fabricados de concreto,
em razão das especificidades do processo de produção. “Os
custos de implantação e de operação não são compensados
no longo prazo pela economia obtida com o menor consumo
de cimento para a produção de concretos com a mesma re-
sistência à compressão”, justificou o presidente da Associação
Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (Abesc),
Eng. Jairo Abud, que palestrou no evento. “Outra desvanta-
gem competitiva são os juros mais altos que incidem sobre o
concreto produzido em central misturadora relativamente ao
concreto dosado em central no país”, adicionou.
QUALIDADE DOS CONCRETOS
Todavia, se há diferenças do ponto de vista dos negócios e
da eficiência produtiva, elas existiriam do ponto de vista técni-
co? Isto é, existem diferenças de qualidade entre os concretos
produzidos pelas centrais dosa-
doras e misturadoras?
Os palestrantes foram unâ-
nimes em responder que não!
Na argumentação do diretor
da PhD Engenharia e professor
aposentado da Escola Politécni-
ca da Universidade de São Pau-
lo, Prof. Paulo Helene, se para o
cientista as resistências à com-
pressão de um lote de produção
de concreto obedecem a uma
curva de frequência de Gauss
devido à microestrutura do ma-
terial, para o engenheiro civil es-
sas diferenças não importam, por uma questão prática. Isto
porque, por norma técnica, o parâmetro que importa no con-
trole tecnológico do concreto é sua resistência característica
à compressão (f
ck
), definida como valor acima do qual devem
estar 95% dos resultados de corpos de prova submetidos
aos 28 dias ao ensaio de resistência à compressão, para que
o lote seja considerado em conformidade.
Os palestrantes Maurício Bianchini, da Votorantim Cimen-
tos, e Carlos Massucato, da Intercement, trouxeram dados
preliminares dos estudos comparativos feitos por cada uma
das empresas entre suas centrais misturadoras e dosadoras.
Nos estudos da Votorantim, o desvio-padrão ficou em 2,7
MPa para o concreto produzido em suas centrais misturado-
ras e em 3 MPa para o concreto produzido em suas centrais
dosadoras. Já, no programa da Intercement, o desvio-padrão
foi de 2,4 MPa para o concreto de suas centrais misturadoras
e de 3,1 MPa para o concreto de suas centrais dosadoras.
“Estudos comparativos entre os concretos produzidos em
central dosadora e central misturadora têm apresentado valo-
res de médias de resistência à compressão, de desvios-padrão
e de coeficientes de variação muito próximos, a despeito do
concreto da central misturadora consumir cerca de 9% menos
cimento em relação ao concreto da central dosadora, para um
mesmo f
ck
”, enfatizou o Prof. Paulo Helene. “Essas pequenas
diferenças não são suficientes para impactar a qualidade final
desses concretos. A maior prova disso são as obras de refe-
rência em concreto que temos espalhadas pelo país”, concluiu.
Eng. Jairo Abud responde a questionamentos do público
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