Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 45

CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 45
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incêndio há uma variedade de normas internacionais e
ensaios para se determinar a combustibilidade e ignita-
bilidade de materiais, e a densidade óptica da fumaça
expelida por eles, que permitem classificá-los para seu
uso adequado na construção civil.
Segundo o coordenador da comissão especial do Con-
selho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Gran-
de do Sul (CREA-RS) e diretor da Escola de Engenharia
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, um dos palestrante no
Seminário, o incêndio na Boate Kiss foi consequência de
deficiências sistêmicas na maneira como lidamos com a
prevenção ao incêndio. Dentre essas pode-se citar: con-
dutas de risco em ambientes fechados, fragmentação,
dubiedade, desatualização e descumprimento de leis e
normas, falta de informação e de respeito às normas por
parte de fornecedores, carência na fiscalização por parte
do corpo de bombeiros, falta de capacitação de profis-
sionais e pouca valorização da segurança contra incên-
dio por parte da sociedade. Segundo o palestrante, parte
das deficiências foram corrigidas com a edição da Lei
Federal 13.425, que obrigou a inclusão de disciplinas de
prevenção e combate a incêndio e desastres nos cursos
de graduação de engenharia e arquitetura.
Já, o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida foi
um caso típico de resistência ao fogo porque seus ele-
mentos em concreto armado não resistiram ao incêndio,
vindo colapsar 80 minutos após seu início. “Eu era defen-
sor da tese de que o concreto não colapsava em situação
de incêndio, mas as investigações nos destroços do Wil-
ton Paes de Almeida apontaram evidências contra ela”,
afirmou em sua palestra o diretor técnico do IBRACON,
Prof. Paulo Helene, que foi encarregado de coordenar um
programa experimental de ensaios e análises das amos-
tras de um pedaço do pilar e de um pedaço da laje em
balanço, retirados dos escombros do Edifício Wilton Paes
de Almeida, para fazer um diagnóstico sobre as possíveis
causas do colapso. A atividade envolveu uma equipe de
profissionais associados ao IBRACON e contou com a
colaboração da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
da Associação Brasileira de Cimento Portland e da PhD
Engenharia, sendo resultado da assinatura de um termo
de cooperação técnica entre o IBRACON e a Prefeitura
de São Paulo, por meio da Secretaria de Infraestrutura
Urbana e da Secretaria de Segurança Urbana.
Em sua palestra, Helene contrapôs os casos dos
incêndios ocorridos nos edifícios de concreto armado
Andraus (São Paulo, 1972), Joelma (São Paulo, 1974),
Grande Avenida (São Paulo, 1969 e 1981) e Parque Cen-
tral Torre Leste (Venezuela, 1979), que não colapsaram,
foram recuperados e estão atualmente em uso, aos ca-
sos dos incêndios ocorridos nos edifícios de estrutura
metálica (
World Trade Center
, Estados Unidos, 2001) e
de elemento misto de aço e concreto (Windsor, Espanha,
2005), que colapsaram.
O Centro Administrativo de Goiás, edificação de con-
creto armado, que sofreu incêndio de cinco horas em
2000, após 30 anos de uso, foi recuperado e se encontra
atualmente em uso, após ter sua laje do 11ª andar de-
molida e reconstruída, com base em ensaios que cons-
tataram seu comprometimento pela ação do fogo, mas
que avalizaram a preservação dos pilares devido ao co-
brimento de suas armaduras estar acima do mínimo re-
comendado por norma. Este caso de inspeção e recupe-
ração foi tema da palestra do professor da Universidade
Federal de Goiás, Enio Pazini, que é também diretor de
cursos do IBRACON, coordenando o curso “Inspetor I –
Inspeção de Estruturas de Concreto”, que tem o objetivo
de formar e capacitar profissionais para a realização de
inspeção, diagnóstico e prognóstico de obras.
Aço e concreto são materiais não combustíveis. Por
ter condutividade térmica bem menor que o aço, o con-
creto funciona como isolante térmico nos elementos de
Prof. Paulo Helene, ladeado pelo Prof. Enio Pazini Figueiredo
e pela Profª Ângela Graeff, responde às dúvidas do público
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