Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 49

CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 49
& Construções
49
Seminário
debateu iniciativas para a
qualidade das construções
em concreto
C
oncorrem para a qualidade de uma obra de concreto
diferentes atores. O escritório de projeto é encarregado
de encontrar a melhor solução estrutural para o projeto arquite-
tônico da obra, definindo requisitos técnicos no projeto estrutu-
ral para assegurar sua capacidade portante, seu desempenho
em serviço e sua durabilidade. De posse do projeto estrutural,
a construtora, que detém o saber-fazer para transformar o pro-
jeto numa realidade, contrata, por um lado, a concreteira, que
irá produzir o concreto sob medida para atender aos requisitos
do projeto, e, por outro, o laboratório de controle tecnológico,
que irá certificar o concreto fornecido, assegurando que ele
possui os parâmetros técnicos requeridos no projeto. Por sua
vez, esses agentes são subordinados às normas técnicas em
vigor, que buscam regular suas atividades para o que consen-
sualmente deve ser o padrão mínimo de qualidade para cada
segmento mobilizado na construção de uma obra.
Esse processo da qualidade das obras de concreto se
complexifica à medida que detalhamos suas etapas, os pro-
fissionais envolvidos e suas relações. O projetista estrutural,
baseado em premissas numéricas de atuação de cargas
numa estrutura, estipula, por exemplo, requisitos de resistên-
cia à compressão aos 28 dias (f
ck
) e de módulo de elasticidade
do concreto para fazer frente a essas cargas. Cabe, por sua
vez, ao tecnologista fazer o estudo de dosagem do concreto,
escolhendo os tipos e definindo as quantidades de agrega-
dos graúdos e miúdos, de cimento, de aditivos, de adições
e de água, para que esse concreto atenda às especificações
técnicas do projeto. Acontece, porém, que todo e qualquer
concreto produzido segue uma lei estatística de distribuição
das frequências de suas resistências à compressão (curva de
Gauss). Sendo assim, o parâmetro que importa no controle
da qualidade do concreto, estabelecido por norma técnica, é
a resistência característica à compressão aos 28 dias. Esse
parâmetro estipula que 95% de todos os resultados obtidos
com os ensaios à compressão dos corpos de prova que com-
põem uma amostra de um determinado lote de concreto de-
vem ter valor de resistência à compressão aos 28 dias acima
do fck de projeto. Quem realiza esses ensaios, compila seus
resultados e verifica que eles atendem ao f
ck
é o laboratorista,
ao fazer o controle de recebimento do concreto na obra. O
ponto crítico nesse processo é que a informação de que um
determinado lote de concreto não atendeu o f
ck
, ou seja, não
estava em conformidade com esse parâmetro de projeto, é
obtida apenas 28 dias após sua aplicação, porque o concreto
é um material que ganha resistência com o tempo, em razão
das reações de hidratação que acontece nele. Sendo assim, o
engenheiro da obra, ao se constatar que esse lote de concreto
em não conformidade foi aplicado num elemento estrutural,
como um pilar, por exemplo, deverá consultar o projetista para
se assegurar do impacto que isto terá sobre a segurança da
obra. Dependendo dos cálculos, o projetista poderá aprovar
essa aplicação, ou poderá pedir para reforçar o pilar, ou pode-
rá solicitar ainda a demolição desse pilar e sua reconstrução.
Para debater essas e outras questões relacionadas ao
Auditório lotado na palestra do Prof. César Daher
FÁBIO LUÍS PEDROSO
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