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60º CBC
aproximadamente dois milhões e duzentos metros cúbi-
cos), um canal de desvio do rio de 16 km e 28 diques
somando 17 km, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte tem
capacidade instalada de 11.233 MW. Seu reservatório
tem área 60% menor do que o inicialmente projetado,
com área inundada de 478 km
2
, sendo 274 km
2
com-
posta pelo leito do rio Xingu. Isto perfaz 0,04 km
2
por
MW instalado, um dos índices mais baixos do Brasil, com
média de 0,49 km
2
/MW. Segundo Bandeira, “o projeto da
usina tomou as medidas necessárias para evitar a inun-
dação de terras indígenas, que permanecem intocadas”.
Além disso, segundo o palestrante, o projeto da usina
criou soluções técnicas que permitiram a passagem de
barcos e peixes pelos barramentos, e buscou o consen-
so hidrográfico ecológico na Grande Volta do Rio Xingu,
com o qual foram conciliados os propósitos de geração
de energia e de manutenção dos serviços ecossistêmicos
Eng. Oscar Machado Bandeira apresentando os desafios da
construção da Usina de Belo Monte
Eng. Étore Funchal de Faria é assistindo por participantes
da
Dam World
2018
(capazes de assegurar a manutenção da biodiversidade e
das condições de vida locais).
O pesquisador da BC Hydro, companhia canaden-
se de energia elétrica, Eng. Desmond Hartford, trouxe
para discussão o tema da segurança operacional de
barragens. Com base no acidente com os vertedouros
da Represa Oroville, barragem de concreto no rio Fea-
ther, na Califórnia, nos Estados Unidos, devido às in-
tensas chuvas de fevereiro de 2017, que elevou o nível
do reservatório, fazendo suas águas inundarem o verte-
douro emergencial e danificarem o vertedouro principal,
ele alertou os presentes para a condição de superação
das pressuposições atuais que sustentam as melhores
práticas no gerenciamento da segurança operacional
de barragens. Entre elas, ele destacou que a inspeção
visual frequente não é suficiente para identificar riscos
nem a conformidade com os requerimentos regulatórios
de gerenciamento da segurança de barragens. Para ele,
é preciso agregar ao programa de gerenciamento da se-
gurança revisões periódicas completas do projeto, cons-
trução e desempenho da barragem, inspeção por equi-
pes especializadas às partes acessórias da barragem
(como vertedouros, casa de força etc.) e os resultados
das análises dos modos de falhas potenciais (PFMA, na
sigla em inglês). “O foco do gerenciamento da segurança
de uma barragem deve estar, não no processo de análise
de risco, que é sempre incompleto, mas nas caracterís-
ticas operacionais da barragem e seu reservatório e no
monitoramento dos desvios em seu estado operacional,
para a pronta intervenção para corrigir esses desvios”,
concluiu Hartford.
O programa de gerenciamento da segurança da Usina
Hidrelétrica de Itaipu foi tema da palestra do pesquisador
do Centro de Estudos Avançados em Segurança de Barra-
gens (Ceasb) do Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), Eng.
Étore Funchal de Faria.
Itaipu foi construída de 1975 a 2005 no rio Paraná, num
trecho que divide o Brasil do Paraguai. Com um reserva-
tório de cerca de1350 metros quadrados e um vertedouro
com capacidade de vazão de 62.200 metros cúbicos por
segundo, a usina possui 10 unidades geradoras para cada
país, com capacidade instalada de 14 mil megawatts, que
contribui com 15% de toda a energia elétrica consumida
pelo Brasil.
Segundo Étore, são realizadas por ano 70 mil leitu-
ras em cerca de 2800 instrumentos de medição e 5500