68 | CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018
O papel do professor tem elevada
importância na adoção e uso da TIC na
educação. O impacto da TIC na qua-
lidade educacional, na aprendizagem,
e os benefícios diferenciados que daí
resultam derivam do modo como a TIC
é utilizada. A mesma tecnologia, em
mãos de diferentes professores, pro-
duz resultados diferentes. (1)
A formação de professores deve
dirigir-se à pedagogia e às atitudes,
mais do que, simplesmente, às habili-
dades no uso dos dispositivos móveis,
pois a mudança de atitudes pode bem
ser um processo longo para muitos
professores. O uso da TIC é influen-
ciado pelas convicções e atitudes do
professor acerca de sua utilização
apropriada na educação. (1)
2.2 Tecnologia
Concluiu a OECD que a adoção da
TIC não é uma simples implementação
técnica, mas sim um processo em an-
damento de radicais mudanças educa-
cionais. Trata-se tanto de convicções
dos professores e de práticas pedagó-
gicas quanto de infraestrutura, de ban-
da larga e de dispositivos móveis. (1)
A tecnologia em si mesma tem valor
neutro a esse respeito: pode ser usada
para dar forte apoio ao ensino de didá-
tica tradicional ou, alternativamente, a
um modelo centrado no estudante. A
implementação da tecnologia, no en-
tanto, nem sempre é neutra. Naquelas
escolas em que sua liderança busca
encorajar mudanças na prática peda-
gógica, a TIC foi, às vezes, introduzi-
da para direcionar essa mudança. Em
algumas escolas, por exemplo, pro-
fessores mostraram surpresa com a
quantidade de discussão educacional
em cursos com uso da TIC e expres-
saram que a TIC alterou seus métodos
de ensinar mais do que realmente es-
peravam, inicialmente. Nesses casos,
a TIC foi parte do processo de mudan-
ças educacionais (1).
2.3 Mudanças administrativas
Segundo Michael Fullan (3): “A in-
tegração da pedagogia e da tecnolo-
gia para maximizar a aprendizagem
deve atender a quatro critérios. (a)
Deve ser irresistivelmente envolvente;
(b) elegantemente eficiente (desafiado-
ra, mas fácil de usar); (c) tecnologica-
mente onipresente e (d) comprometida
com a resolução de problemas da vida
real. Um ponto crucial é que essas ino-
vações não compliquem ainda mais as
vidas dos estudantes e professores,
muito ao contrário, tornem suas apren-
dizagens mais fáceis e interessantes.”
As mudanças administrativas com a
introdução da TIC envolvem questões
entrelaçadas de mudanças curriculares,
de nova pedagogia e do uso da TIC para
atender às demandas do século atual.
A TIC, por sua vez, exige infraestrutu-
ra baseada nas nuvens para promover
acesso com segurança, compartilha-
mento e colaboração dentro e fora da
unidade educacional, com rede interna,
WiFi e banda larga capazes de atender
à demanda existente.
2.4 Sínteses
A OECD registra que à medida que
avançamos no mundo digital, as de-
mandas sobre o sistema educacional se
alteram. Muitos arguem que não have-
rá mais necessidade de uma educação
formal para transmitir um conteúdo fixo
de conhecimentos, mas sim será neces-
sário o desenvolvimento de habilidades
meta-cognitivas (controle das habilida-
des cognitivas): as habilidades de ava-
liação, de análise, de resolução de pro-
blemas, e de aprender a aprender. As
escolas e academias evoluirão para um
modelo de aprendizagem centrado no
estudante, envolvendo mais atividade
de projeto e de estudo de casos, com os
estudantes assumindo mais responsa-
bilidade pela sua própria aprendizagem,
encontrando respostas por si mesmos,
e desenvolvendo práticas autônomas
que lhes permitirão tornar-se estudantes
ao longo de toda a vida (1).
O estudo de casos em 97 esco-
las de 22 países, segundo a OECD,
demonstrou o potencial da TIC em
melhorar a qualidade da educação,
mas, identificou, também, professores
preocupados com o uso da TIC, o que
conduziu a desperdício de tempo do
estudante e a perda parcial de eficiên-
cia do sistema (1).
Foto 1 – Aprendizagem colaborativa por grupos de estudantes, orientados por
professor, nos USA