Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 67

CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 67
u
capacitação profissional e ensino de engenharia
Ensinando e aprendendo
no mundo digital
1. INTRODUÇÃO
M
undo digital é uma figura
de linguagem para des-
tacar a importância e he-
gemonia dos sistemas e tecnologias
digitais na sociedade contemporânea,
identificados na literatura técnica por
“Tecnologias da Informação e Comu-
nicação”, TIC (
ICT
, em inglês).
A obtenção rápida de informação e
de comunicação da TIC e a sua oni-
presença pelo uso de dispositivos mó-
veis, como os laptops, tablets e smar-
tphones, têm proporcionado radicais
transformações na educação em mui-
tos países, desde o nível fundamental
ao superior.
A aprendizagem colaborativa, re­
a­lizada por grupos de estudantes,
orientados por professor, torna os es-
tudantes mais responsáveis por sua
aprendizagem, levando-os a assimilar
conceitos e a construir conhecimentos
de uma maneira mais autônoma. As-
sim é que o processo ensino–apren-
dizagem baseado na TIC, e já em uso
em muitos países, não é mais centra-
do na figura do professor, exercendo o
estudante papel fundamental. O pro-
fessor atua na criação de contextos
e ambientes adequados para que o
estudante, em interação com outros,
não só adquira os conhecimentos,
mas também aprenda como usá-los
em diversas situações. Como se vê, a
educação baseada na TIC, ao utilizar
essas novas tecnologias, passa por
radical mudança em relação à educa-
ção tradicional, mas sua mais impor-
tante transformação não reside no uso
da tecnologia, mas sim em seu novo
modelo pedagógico.
A implementação da TIC na edu-
cação, em todos os níveis, é assunto
que tem despertado interesse de go-
vernos, organizações internacionais,
como a UNESCO, e outras, desde
o início desse século. Atualmente, o
uso da TIC está consolidado e em
pleno uso em países de quase todos
os continentes, na educação básica e
na superior.
Objetiva-se, nesse texto, oferecer
uma visão do uso da TIC no ensino e
aprendizagem do básico ao superior,
e na engenharia, em particular, em di-
versos países, suas vantagens e pos-
sibilidades, dificuldades e desafios.
O texto que se segue será dividido
nas seguintes partes: a TIC no nível
básico; a TIC no nível superior; a TIC
na educação da engenharia no Brasil;
e conclusões.
2. A TIC NO NÍVEL BÁSICO
Já em 2001, a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Eco-
nômico, OECD (em inglês), através de
seu Centro de Pesquisa e Inovação
Educacional, coordenou um grande
projeto de implementação da educa-
ção baseada na TIC em 97 escolas
de ensino básico, com participação
de 22 dos 34 países associados a
essa organização.
Participaram os países: Austrália,
Áustria, Canadá, Dinamarca, Finlândia,
França, Alemanha, Grécia, Hungria,
Irlanda, Itália, Japão, Coreia do Sul,
Luxemburgo, México, Holanda, No-
ruega, Portugal, Singapura, Reino Uni-
do e Estados Unidos. (1)
O governo da província de Ontá-
rio, Canadá, por sua vez, realizou, no
período letivo de 2001-2002, através
do
Curriculum Services Canada
(
CSC
),
um ambicioso projeto-piloto, envol-
vendo 46 escolas de nível fundamental
e médio, sendo 34 de língua inglesa e
12 de língua francesa, para determinar
o uso e o impacto da TIC nas práticas
educacionais para o ensino e aprendi-
zagem no século XXI (2).
Relatam-se a seguir conclusões
relevantes obtidas nesse projeto da
OECD (97 escolas de 22 países) (1) e
no projeto da CSC de Ontario, Canada
(46 escolas) (2).
2.1 Pedagogia
O CSC (Ontario, Canada) observou
que parece haver consenso entre os
projetos que os estudantes que par-
ticiparam dessa iniciativa estão mais
comprometidos e mais bem-sucedi-
dos em seu desempenho do que es-
tavam anteriormente (2).
ANTONIO CARLOS REIS LARANJEIRAS – P
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