Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 70

70 | CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018
Vale destacar que 47% dos profes-
sores participantes tinham mais de 20
anos de magistério superior. Os parti-
cipantes, de um modo geral, ocupam-
-se de disciplinas que vão da engenha-
ria e medicina a humanidades e belas
artes. Os dez estados com maior nú-
mero de respondentes são: New York,
Texas, California, Florida, Georgia,
Virginia, Missouri, Pennsylvania e
Massachusetts.
O método híbrido (
blended learning
)
atingiu larga aceitação, não apenas nos
Estados Unidos, mas também em mui-
tos outros países de diversos continen-
tes. A comprovação disso é a Associa-
ção International pelo método híbrido
(
International Association for Blended
Learning
) que já realizou o seu Segun-
do Congresso Mundial sobre o Méto-
do Híbrido (
2
nd
World Conference on
Blended Learning
), em Toronto, Ca-
nada, em 2017, cujos Anais (
Procee-
dings
) estão disponíveis na internet.
4. USO DA TIC NA
APRENDIZAGEM DA
ENGENHARIA NO BRASIL
As novas “Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Curso de Graduação
em Engenharia”, de nosso Ministério
da Educação, ainda em discussão,
divulgadas nesse recém findo mês
de agosto de 2018, reconhecem que
“tendo em vista o lugar central ocu-
pado pela Engenharia na geração de
conhecimento, tecnologias e inova-
ções, é estratégico considerar essas
tendências e dar ênfase à melhoria da
qualidade dos cursos oferecidos no
país, a fim de aumentar a produtivi-
dade e ampliar as possibilidades de
crescimento econômico.”
E acrescenta: “O Brasil enfrenta
dificuldade de competir no mercado
internacional. Como mostra o Índice
Global de Inovação (IGI), o Brasil per-
deu 22 posições entre 2011 e 2016,
situando-se em 69º lugar entre 128
países avaliados, posição que mante-
ve em 2017. Segundo o IGI, o fraco
desempenho brasileiro deve-se, en-
tre outros fatores, à baixa pontuação
obtida no indicador relacionado aos
recursos humanos e pesquisa, em
especial, aos graduados em Ciências
e Engenharia.”
O último Censo da Educação Supe-
rior, em 2015 (CES 2015), mostra que:
u
A maioria dos cursos de gradua-
ção em Engenharia (69%) no país
são ministrados em Instituições de
Ensino Superior (IES) privadas, em
regime noturno;
u
Apenas 4,4% (356 mil) do total de
estudantes matriculados em cur-
sos de graduação no Brasil estão
matriculados nos cursos de gra-
duação em Engenharia; algumas
estimativas apontam que a taxa de
evasão se mantém em um patamar
elevado, da ordem de 50%.
As novas “Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Curso de Graduação
em Engenharia” (ainda sujeitas a revi-
são) pontuam que:
“Para que a estrutura curricular dos
cursos de Engenharia atenda às ne-
cessidades de formação de engenhei-
ros com competências e habilidades
que supram às necessidades do mer-
cado, existe a necessidade de adotar
metodologias de ensino mais moder-
nas e adequadas à nova realidade
global. Metodologias que se baseiam
na vasta utilização de tecnologias da
informação,” ... “Nesse ambiente, os
professores deixam de ter um papel
principal e central na geração e disse-
minação de conteúdo, para adotar um
papel de tutor.”
“Assim, ganham destaque meto-
dologias como o ensino baseado em
projetos (
Project Based Learning
),
com lastro no desenvolvimento de
competências e habilidades, apren-
dizagem colaborativa e na interdisci-
plinaridade. Da mesma forma, abre-
-se espaço para a maior adoção de
tecnologias digitais, que permitem o
uso de modelos como sala de aula
invertida (aluno estuda previamente
o tema da aula a partir de ferramen-
tais online), laboratório rotacional (re-
vezamento de grupos de alunos em
atividades em sala de aula e labo-
ratórios) e rotação individual (aluno
possui lista específica de atividades
para serem executadas online a par-
tir de suas necessidades).”
Como se vê, essas Diretrizes,
caso homologadas assim como es-
tão, derrubam barreiras burocráticas
e apontam novos caminhos com a
implementação pelas IES do ensino
e aprendizagem da engenharia com
utilização da TIC. As IES privadas são
mais flexíveis às mudanças curricula-
res e pedagógicas do que as públi-
cas, pois seu quadro docente não é
permanente, podendo ser ajustado
com menos dificuldades às exigên-
cias pedagógicas e de habilitação no
uso da TIC.
As IES públicas que são, em sua
maioria, instituições pouco afeitas a
mudanças, que preservam hábitos pe-
dagógicos seculares, inadequados às
exigências deste século e das novas
tecnologias, serão convocadas ao uso
adequado da TIC, à nova pedagogia
centrada no estudante, à aprendiza-
gem colaborativa, ficando seu suces-
so na dependência de como reagirão
seus professores.
É importante que as IES públicas
participem com eficiência nesse pro-
cesso de transformação da educação
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