Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 80

80 | CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018
2.2 Norma sísmica brasileira
No ano de 2006, a ABNT publicou
a ABNT NBR 15421 [3], que trata da
obrigatoriedade da consideração das
ações sísmicas nos projetos de novas
estruturas, não fazendo nenhuma refe-
rência à avaliação de segurança sísmi-
ca das estruturas existentes.
Dados obtidos a partir do questio-
nário citado mostram que 25,23% dos
respondentes possuem nenhum nível
de conhecimento da norma sísmica
brasileira, 44,95% possuem um conhe-
cimento superficial, 23,85% possuem
um conhecimento intermediário e ape-
nas 5,97% afirmaram possuir conheci-
mento profundo.
De uma forma geral, estima-se que
aproximadamente 11,87% dos proje-
tistas que participaram da pesquisa
adotam as recomendações da norma
sísmica em seus projetos. Avaliando
os respondentes que já atuaram no
estado do Ceará, este número sobe
para 20,63%.
Quando perguntados por qual mo-
tivo não adotam as recomendações
da ABNT NBR 15421:2006, 10,96%
responderam não conhecer a norma,
8,22% consideram que os esforços
devido ao vento superam os esforços
sísmicos e 60,27% afirmam não ser
necessário adotar tais procedimentos,
uma vez que o Brasil não possui sis-
mos de elevada magnitude. Além des-
sas situações indicadas no questioná-
rio, 20,55% responderam não adotar
os procedimentos, por conta de ou-
tros motivos diversos, destacando-se
entre eles: atuação unicamente em
áreas de zona sísmica 0, elaboração
de projetos de pequeno porte, falta de
informações sobre dimensionamento
e detalhamento sísmico na ABNT NBR
6118:2014 [4], ausência de trabalhos
que comprovem a necessidade de uso
das recomendações da norma sísmi-
ca, resistência imposta pelos clientes
devido ao aumento no consumo de
materiais e a consideração de que os
procedimentos adotados na ABNT
NBR 6118:2014 levam à confecção de
estruturas superdimensionadas.
A ABNT NBR 8681:2003 [5] estabe-
lece a condição de não simultaneidade
das ações sísmicas e de vento. A Tabe-
la 2 expõe o resultado da pesquisa so-
bre a consideração das ações sísmicas
e de vento por parte dos respondentes.
Em edificações com menos de 5
pavimentos, 30,25% dos responden-
tes não consideram ações de vento e
93,28% não consideram ações sísmi-
cas. Ainda que levando em considera-
ção a não simultaneidade das ações,
os resultados da pesquisa indicam que
são dimensionadas estruturas sem ne-
nhum carregamento horizontal, mesmo
havendo obrigatoriedade por parte das
normas vigentes no país.
Trabalhos desenvolvidos por San-
tos e Lima, 2006 [6] e Parisenti, 2011
[7] indicam que em geral, para edifícios
baixos, menores que 10 pavimentos,
os efeitos dos sismos são maiores que
os efeitos do vento, com cargas obe-
decendo a ABNT NBR 6123:1988 [8].
Esta situação é ainda mais evidente
em edifícios de até 5 pavimentos, onde
geralmente tem-se menores cuida-
dos com projetos, materiais e critérios
construtivos.
Em edifícios acima de 13 pavimen-
tos, 100% dos respondentes conside-
ram as ações de vento em seus pro-
jetos e apenas 15,96% consideram as
ações sísmicas.
Em trabalhos desenvolvidos por
Santos e Lima, 2006 [6], Parisenti,
2011 [7], Galvão, 2013 [9] e Dantas,
2013 [10], em que são simulados edi-
fícios entre 12 e 30 pavimentos em
algumas cidades brasileiras, como Rio
Branco e Cruzeiro do Sul-AC, Porto
Velho-RO e Natal-RN, em determina-
das situações, as ações sísmicas tam-
bém demonstram-se superiores às
ações do vento.
Mesmo em situações em que as
ações de vento são consideradas,
a resposta da estrutura de concreto
quando submetida às ações sísmicas
exige a adoção de alguns cuidados
de detalhamento, como ancoragens e
traspasses que venham garantir um pa-
drão mínimo de ductilidade necessário.
3. ESTUDOSPARAAATUALIZAÇÃO
DAABNT NBR 15421
A norma sísmica brasileira assume
valores das acelerações sísmicas hori-
zontais correspondentes a umperíodo de
retorno de 475 anos. O estudo das ace-
lerações sísmicas horizontais no Brasil
teve como base inicial, entre outros, um
estudo de perigo sísmico a nível mundial
realizado pelo GFZ-Potsdam, o
GSHM –
Global Seismic Hazard Maps
[11].
O território nacional é dividido em
5 zonas sísmicas, apresentando dife-
rentes acelerações horizontais, sendo
essas acelerações normalizadas para
u
Tabela 2 – Consideração das ações
sísmicas e de vento
Estruturas
Ações
Vento Sismos
Em todas
69,75% 6,72%
Apenas naquelas acima
de 5 pavimentos
26,47% 7,14%
Apenas naquelas acima
de 9 pavimentos
2,52% 0,84%
Apenas naquelas acima
de 13 pavimentos
1,26% 1,26%
Apenas naquelas acima
de 21 pavimentos
0,00% 5,47%
Em nenhuma
0,00% 78,57%
1...,70,71,72,73,74,75,76,77,78,79 81,82,83,84,85,86,87,88,89,90,...116
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