Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 85

CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 85
generalizada da vulnerabilidade sísmi-
ca de um conjunto de edifícios. Esses
métodos não permitem identificar cla-
ramente a distribuição de danos na
estrutura, impossibilitando o desenvol-
vimento de projeto de reforço sísmico.
São sobretudo úteis numa fase prelimi-
nar de verificação, podendo em segui-
da levar à avaliação da vulnerabilidade
sísmica estrutural por métodos quanti-
tativos. Os métodos quantitativos são
mais rigorosos e podem ser utilizados
quando se pretende estudar detalha-
damente uma determinada edificação
ou quando os métodos qualitativos
conduzem a resultados inconclusivos.
A aplicação desses métodos envolve a
elaboração de um modelo numérico es-
pecífico. Os métodos experimentais, em
geral, possuem custo elevado e envol-
vem a simulação da aplicação das ações
sísmicas em estruturas com modelo de
escala reduzida ou em escala real.
Em uma análise preliminar do com-
portamento das edificações da cidade
de Fortaleza submetidas às ações sísmi-
cas, o Método de Avaliação de Vulnera-
bilidade Sísmica de Hirosawa, adaptado
à realidade brasileira como proposto por
Miranda [13], é aplicado em uma estru-
tura modelo. O método de Hirosawa é
mundialmente reconhecido e aplicado
em outros países por atender à necessi-
dade de uma avaliação preliminar do par-
que edificado e por ser um método de
rápida aplicação. Esta avaliação sísmica
é realizada comparando-se 2 índices: o
índice de desempenho sísmico e o índice
de solicitação sísmica.
Se o índice de desempenho sísmico
for maior ou igual ao índice de solicitação
sísmica, o edifício tem segurança face a
um evento sísmico; caso contrário, o edi-
fício tem um comportamento incerto.
A estrutura modelo usada para a apli-
cação do método, cujo pórtico está repre-
sentado na Figura 9, possui uma área de
1.053,36 m², distribuída em 4 pavimentos,
contando com as seguintes caracterís-
ticas: f
ck
de 20 MPa, pilares com seção
20x40 cm, vigas com seção 15x40 cm,
lajes maciças com 10 centímetros de es-
pessura, painéis de alvenaria de vedação
sobre todas as vigas; carga distribuída
permanente de 1 kN/m² em cada pavi-
mento, altura entre pavimentos de 2,80 m
e vãos livres de 4 m. A estrutura modelo
representa uma edificação de uso essen-
cial da ABNT NBR 15421:2006.
O resultado do índice de desempe-
nho sísmico da estrutura modelo é 0,16
e os valores dos índices de solicitação
sísmicas estão apresentados na Tabela
6. São consideradas classes de terreno
D e E e zonas sísmicas 1, 2 e 3.
De acordo com o mapa de sismici-
dade da norma brasileira, a cidade de
Fortaleza localiza-se na zona sísmica
1 a uma distância de 78km do limite
para a zona sísmica 2, e considerando
os estudos para a elaboração do novo
mapa, Fortaleza estaria localizada em
uma região de aceleração sísmica ho-
rizontal da ordem de 0,15g, sendo esta
a aceleração sísmica da zona sísmica 3
da atual norma brasileira.
Sendo considerada a classe de ter-
reno E, na zona sísmica 1, o índice de
solicitação sísmica é igual ao índice de
desempenho sísmico e superior nas de-
mais zonas sísmicas. Em classe de ter-
reno D, somente em zona sísmica 1, o
índice de solicitação sísmica é inferior ao
índice de desempenho sísmico.
Importante observar que a estru-
tura modelo não apresenta irregulari-
dades estruturais e geométricas, nem
em planta nem em elevação, situações
agravantes do ponto de vista de vulne-
rabilidade sísmica.
Nas situações em que as estruturas
são consideradas vulneráveis pelo mé-
todo adaptado, faz-se necessário sub-
metê-las a avaliações mais complexas
através de métodos quantitativos e, caso
confirmada a insegurança, aplicar proce-
dimentos de reforço estrutural.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
As informações apresentadas neste
trabalho justificam a análise quantitativa
mais cuidadosa das estruturas de con-
creto brasileiras. Estas análises estão
sendo realizadas especificamente na ci-
dade de Fortaleza-CE. Foi realizado um
levantamento detalhado do parque edi-
ficado de forma a gerar estruturas mo-
delo representativas das estruturas de
concreto de uso residencial da cidade de
Fortaleza. Este levantamento apresenta
informações sobre as áreas dos edifícios,
forma geométrica em planta, número de
pavimentos e idade das edificações. O
conhecimento da idade das edificações
u
Tabela 6 – Índices de
solicitação sísmica
Zona sísmica
Classe do terreno
D
E
Zona 1
0,10 0,16*
Zona 2
0,20 0,31
Zona 3
0,28 0,39
u
Figura 9
Estrutura modelo
1...,75,76,77,78,79,80,81,82,83,84 86,87,88,89,90,91,92,93,94,95,...116
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