CONCRETO & Construções | Ed. 92 | Out – Dez • 2018 | 79
cidade [2]. Após os sismos, procedimen-
tosde reforçoestrutural foramexecutados
nas edificações.
Dependendo da profundidade do
foco, do tipo de solo, das características
do parque edificado e da exposição de
pessoas, sismos de magnitude da ordem
de 5,0 graus na escala Richter podem
causar grandes tragédias, como o sismo
de magnitude 5,2 graus na escala Richter
que aconteceu em 1966 no Uzbequistão,
matando 1.800 pessoas, deixando mais
de 69.000 pessoas desabrigadas e cau-
sando a destruição ou sérios danos em
mais de 85.000 edificações [2].
2. PANORAMA ATUAL:
ENSINO, PESQUISA E
REGULAMENTAÇÃO
2.1 Ensino e pesquisa
Devido à condição de baixa sismici-
dade, no Brasil não é comum a oferta de
cursos na área de Engenharia Sísmica.
Os brasileiros que querem obter conhe-
cimentos específicos na área precisam
buscar a especialização fora do país,
sendo os Estados Unidos e Portugal
os destinos mais procurados. No Bra-
sil, alguns poucos cursos de graduação
e pós-graduação em Engenharia Civil,
como os ofertados pela UFC – Univer-
sidade Federal do Ceará e pela UFRJ –
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
apresentam na grade curricular discipli-
nas relacionadas à Engenharia Sísmica.
Como instrumento para levantamen-
to de dados em um trabalho de Doutora-
do na FEUP – Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto, entre os dias
03 de maio e 14 de outubro de 2018, um
questionário sobre a Avaliação Sísmica
das Estruturas de Concreto Brasileiras
foi aplicado. Participaram 374 Engenhei-
ros projetistas de estruturas de concreto
de todos os estados brasileiros através
do preenchimento do questionário, cuja
divulgação e distribuição contaram com
a importante colaboração do IBRACON
– Instituto Brasileiro do Concreto e da
ABECE – Associação Brasileira de Enge-
nharia e Consultoria Estrutural.
Embora a maior parte do território
brasileiro esteja classificado, segundo a
norma sísmica brasileira, em zona sísmi-
ca 0, onde nenhum requisito de resistên-
cia sísmica é exigido, muitos projetistas
desta região prestam serviços para re-
giões de maior ameaça sísmica, como
o estado do Ceará, um dos estados de
maior sismicidade no Brasil.
O mapa da Figura 1, com informa-
ções obtidas a partir do questionário,
indica a participação de projetistas de di-
ferentes partes do país na elaboração de
projetos de estruturas de concreto para o
estado do Ceará.
Além disso, com a globalização téc-
nica, os Engenheiros brasileiros devem
receber formação que permita a fácil
adaptação e inserção em mercados de
trabalho de todo o mundo.
Em termos de pesquisas, poucos
são os grupos e trabalhos publicados
na área. De acordo com o censo 2016
publicado pelo CNPq – Conselho Na-
cional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, existem no Brasil, 37.640
grupos de pesquisa cadastrados na
plataforma Lattes e 199.566 pesquisa-
dores envolvidos. Os grupos ligados di-
retamente à área sísmica, independen-
te da área predominante de atuação,
são apenas 49 (0,13% do total), com
310 pesquisadores envolvidos (0,16%
do total). Considerando as Engenharias
como área predominante do estudo
sísmico, o número de grupos resume-
-se a apenas 10. Sabe-se também que
existem alguns poucos pesquisadores
atuando nesta área sem que façam
parte de nenhum grupo de pesquisa
cadastrado no CNPq.
u
Figura 1
Origem dos projetos de estruturas de concreto do Ceará
2% (AL, MG, PB, RS)
6% (BA, RJ, RN)
42% (CE)
8% (PE)
24% (SP)