Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 50

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60º CBC
controle tecnológico do concreto foi promovido no 60º Con-
gresso Brasileiro do Concreto o Seminário “Laboratórios na ga-
rantia da qualidade do concreto e construção”, no dia 20 de
setembro, em Foz do Iguaçu, numa parceria entre o Instituto
Brasileiro do Concreto (IBRACON) e a Associação Brasileira das
Empresas de Tecnologia da Construção (ABRATEC).
GESTÃO TECNOLÓGICA DA OBRA
Para o diretor de eventos do IBRACON e diretor do Instituto
IDD, Prof. César Daher, que palestrou no Seminário, o proces-
so da qualidade do concreto não consiste apenas no controle
tecnológico de sua resistência característica à compressão (fck)
ou do seu módulo de elasticidade, mas requer outras atividades
de controle e supervisão, como a verificação do abatimento do
concreto fresco, os cuidados para que o cobrimento das ar-
maduras obedeça o estipulado na norma técnica ABNT NBR
6118:2014 para assegurar a durabilidade da obra, a checagem
da não ocorrência de ninhos de concretagem e desalinhamento
de pilares, entre outras medidas. Por isso, é imprescindível a
colaboração entre o tecnologista e o projetista desde o início do
projeto estrutural, no sentido de determinar o melhor concreto e
sua correta aplicação numa obra, especificando não apenas os
traços do concreto, mas os estudos de dosagem e os progra-
mas de ensaios para assegurar a otimização no uso dos mate-
riais e o desempenho satisfatório e duradouro das estruturas de
concreto. “Em tempos de BIM (
Building Information Modeling
),
o controle tecnológico do concreto deu lugar à gestão tecnoló-
gica da obra, envolvendo uma variedade de atividades, que vai
desde a definição do escopo do controle, o tipo de amostragem
e o plano de ataque da concretagem, passando pelos ensaios,
como os de resistência à compressão, módulo de elasticidade,
cálculo térmico e outros, e chegando à rastreabilidade dos lotes
de concreto e ao controle do cobrimento das armaduras pela
capa de concreto e de outros requisitos necessários para a qua-
lidade final da obra”, complementou.
“Essa gestão tecnológica não se restringe à execução do
projeto”, complementou o coordenador do Seminário e pales-
trante no evento, o Eng. Egydio Hervé Neto. “Mas se estende
para a manutenção da obra, durante sua fase de uso, na me-
dida em que a qualidade das obras de concreto é composta
pelos requisitos técnicos de capacidade resistente, desempe-
nho em serviço e durabilidade”, justificou Hervé.
Na fase de construção, o laboratório de controle tecnoló-
gico concorre para estabelecer a curva real das resistências
diárias à compressão do concreto (f
cki
), por meio da moldagem
de corpos de prova a partir de amostras dos lotes de concre-
to e de seu rompimento aos 3, 7, 14, 20, 28 e 63 dias. Essa
curva real é confrontada com a curva teórica de resistências
diárias, dada no projeto, que define os momentos nos quais as
fôrmas e os escoramentos poderão ser movidos e retirados.
“A norma ABNT NBR 14931 Execução de estruturas de con-
creto estabelece que as fôrmas e escoramentos não podem
ser removidos enquanto o concreto não atingir a resistência
especificada em projeto para isto. Quem faz esse controle são
os laboratórios”, destacou Egydio.
Já, na fase de manutenção, o laboratório participa do contro-
le dos materiais e dos procedimentos adotados para manter ou
restaurar as condições adequadas de uso de uma obra por seus
usuários e para garantir sua durabilidade ou prolongar sua vida
útil. A inspeção e manutenção periódicas de prédios, por exem-
plo, são procedimentos necessários para assegurar sua vida útil,
regulados pela ABNT NBR 5674 Manutenção de edificações –
Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Segundo
Hervé, a manutenção deve guiar-se por uma “lógica de controle
de custos e maximização da satisfação dos usuários, frente às
condições apresentadas pela edificação, que fica a cargo do en-
genheiro civil e do laboratório de controle da qualidade”.
MESA-REDONDA
Na mesa-redonda que se formou após as palestras, ou-
tras questões envolvendo a gestão tecnológica e a qualida-
de das construções foram levantadas e debatidas por seus
integrantes e pelo público presente, cerca de 300 profissionais
e estudantes, inscritos no 60º CBC.
O Eng. Jorge Batlouni Neto, diretor da Tecnum Constru-
tora, reclamou da ausência de um rigoroso controle tecnoló-
gico em muitas concreteiras brasileiras. Ele citou a mudança
no traço do concreto fornecido para uma mesma obra pela
troca do tipo cimento, sem qualquer aviso prévio ao constru-
tor. “Em muitos desses casos, isto faz com que o concreto não
endureça a uma temperatura de 20°C, provocando atrasos na
execução da obra”, exemplificou. “No exterior, o controle tec-
nológico do concreto é de responsabilidade da concreteira”,
contrapôs Batlouni.
Sobre isto, o presidente da Associação Brasileira das Em-
presas de Serviços de Concretagem (Abesc), Eng. Jairo Abud,
Eng. Egydio Hervé Neto em sua apresentação no Seminário
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