CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018 | 75
por duas barras com diâmetro de 8 mm.
Os estribos, barras de diâmetro 6,3 mm
e espaçados a cada 15 cm, foram amar-
rados com gancho de amarração em
ângulo reto. Todas as armaduras foram
constituídas por aço CA-50.
As misturas foram produzidas com
os mesmos materiais: cimento CPV-
-ARI, areia quartzosa, agregado graú-
do basáltico e aditivo plastificante. O
teor de argamassa e o abatimento dos
concretos foram fixados em 52% e 100
mm, respectivamente, variando o con-
sumo de cimento e a relação a/c. Os
resultados de resistência à compressão
potenciais foram 47,9 MPa, 61,9 MPa
e 75,6 MPa, representativos dos traços
1, 2 e 3, respectivamente.
O sistema desenvolvido para o en-
saio consistiu em dois pilares embuti-
dos em uma parede de alvenaria sobre
uma estrutura metálica acoplável ao
forno vertical, de modo que um lado e
dois cantos dos pilares fossem expos-
tos às elevadas temperaturas (Figura
4). Todos os pilares foram expostos por
240 minutos, sendo realizadas medi-
ções de temperatura na amostra e mo-
nitorados ruídos que pudessem carac-
terizar a ocorrência de desplacamento,
principalmente do tipo explosivo.
Durante a realização dos ensaios
de resistência ao fogo foram observa-
dos comportamentos distintos entre as
amostras, principalmente no que se re-
fere à liberação de água pelos pilares e
aos ruídos que pudessem caracterizar a
ocorrência do desplacamento do concre-
to no interior do forno. A duração dessas
manifestações não ultrapassou 35 minu-
tos do ensaio e foram acompanhados
por liberação de água e vapor pela su-
perfície não exposta às altas tempera-
turas. O aspecto dos 12 pilares após os
ensaios é apresentado na Figura 5.
É possível verificar que a ocorrência
do desplacamento do concreto se deu
predominantemente nas arestas dos
pilares e, em alguns pontos, alcançou
toda a seção transversal exposta ou a
exposição da armadura. Após os en-
saios, foi possível verificar que pedaços
de concreto ficaram presos no revesti-
mento interno do forno, o que carac-
teriza a ocorrência do fenômeno de
desplacamento do tipo explosivo em
alguns ensaios. A Figura 6 apresenta a
relação entre os valores de resistência
à compressão axial e a perda de seção
transversal média.
Verifica-se que, nas condições des-
te estudo, o grau de ocorrência do fe-
nômeno de desplacamento pôde ser
previsto por uma curva onde existem
valores críticos de resistência à com-
pressão, de acordo com a espessura
de cobrimento utilizada. Observou-se,
nas condições do estudo, tendência
ao aumento do desplacamento com o
aumento da resistência à compressão
axial do concreto até valores da ordem
de 60,0 MPa. Para valores de resistên-
cia à compressão superiores a 60,0
MPa, o grau de desplacamento come-
çou a diminuir.
O menor grau de desplacamento
em concretos com valores de resis-
tência inferiores a 60,0 MPa pode ser
explicado pelo fato de esses concretos
serem mais permeáveis e terem uma
menor resistência à tração, reduzindo
a pressão no interior dos poros cau-
sada pelo processo de evaporação da
água. Por outro lado, o menor grau de
desplacamento para valores de resis-
tência superiores a 60,0 MPa pode ser
explicado por sua maior resistência à
tração e, portanto, por sua capacidade
de absorver as tensões que provocam
o desplacamento do concreto. Sendo
assim, pode-se afirmar que, para as
condições estudadas, há um valor de
resistência à compressão crítico para
a ocorrência do fenômeno de despla-
camento, sendo, neste caso, na ordem
de 60,0 MPa.
Um trabalho mais detalhado sobre
este estudo, abordando resultados de
medições de temperatura e outras aná-
lises, já foi aceito para ser publicado
nas próximas edições da Revista Ibra-
con de Estruturas e Materiais.
2.3 Estudo em painéis de
concreto – influência do tipo
de reforço
Buscando-se comparar a influência
do tipo de reforço estrutural na resis-
tência ao fogo de painéis de concreto,
foram realizados três tipos de painéis:
com reforço em armadura convencional,
u
Figura 6
Influência da resistência à compressão no desplacamento